Um mundo cheio de mitos. Um mundo de mercadorias fetichizadas. Um dia as bonecas viram mulheres. Os filhos são sempre adorados, são como deuses.
Baby Doll mostra um primeiro plano amontoado de brinquedos, ursinhos de pelúcia, robôs de plásticos articulados, empilhados no meio deles sua filha de dez anos. Descoberta entre os brinquedos, Marina vai vestindo-a, enchendo-a de camadas de roupas, tornando-a maior. Trocando sua pele, sua idade talvez… Suas roupas passam por meias-calças, vestidinhos de princesa, passam pelo vermelho adolescente, o colorido pop do Ben 10, até chegar ao preto absoluto e silencioso. O ritual segue quieto e minucioso para os cabelos onde pequeníssimos enfeites são arquitetados em sua fronte, assemelhando-se a uma coroa. Em seguida as unhas/dedos, então o rosto é cuidadosamente pintado de azul. É possível que ela tenha nesse instante se tornado o jovem e colorido Krishna, azul escuro da cor da nuvem antes da chuva.
Este curta faz parte da exposição "Mitômana", de Marina de Botas.