Bruno Dumont - Cinemografia

Há cineastas que conseguem dotar sua produção de um vigor irredutível a categorias previamente estabelecidas. Exatamente por isso, produzem filmes que, ao mesmo tempo, interrogam a humanidade e desafiam convenções de linguagem. Considerado um dos principais representantes do cinema francês contemporâneo, Bruno Dumont notabilizou-se por uma obra que mescla elementos experimentais e aspectos aparentemente naturalistas.
Essa condição ganha especial importância no contexto cinematográfico. Diferentemente do que ocorre com outras linguagens artísticas, o cinema opera numa escala de produção e consumo necessariamente expandida, a despeito de haver modos diversos de conceber essa expansão. Embora Dumont não trabalhe segundo a lógica de filmes para multidões, sua produção atinge públicos consideráveis em várias partes do globo. Suas provocações, desse modo, ganham inegável amplitude.
Temas como violência, sexualidade e loucura encontram expressão por meio de recursos que valorizam a linguagem do cinema: seu ritmo, seus enquadramentos, suas texturas.
O resultado já foi descrito como uma visão brutal do ser humano, restando ao público o veredicto acerca das possíveis causas desse embrutecimento.