Na Rebentação

1929

Branding

Média geral 4.0
baseado em 1 votos
Sua avaliação:
salvando
11 minutos

Entre o documentário e a ficção, Branding tem como protagonista um
marinheiro desempregado de Katwijk, terra que despertou o interesse de Ivens pelo
movimento das grandes ondas batendo nos rochedos. Determinado a filmá-las, enfrentou-as
com a sua câmara e o resultado é assombroso. Depois de alguns filmes de família em que
ensaiava o género da ficção, Ivens ensaia-a novamente em Branding, filme que partilha com
De Brug e Regen um mesmo olhar face ao real, sublimado por uma visão poética do mundo,
em que o homem e natureza se acordam num mesmo movimento. Mas em Branding não há
conciliação possível entra a vida na terra e a força do mar, como tão bem indiciam as curtas e
expressivas linhas que introduzem o gesto sublime que o filme nos dá a ver, em que o jovem
pescador entrega o anel à sua noiva antes de partir para o mar.
É notória a solidariedade do olhar de Ivens para com rudeza e simplicidade dos pescadores
locais, e a crítica à usura e à corrupção de um materialismo conotados com uma moral
burguesa, dois mundos em conflito que encontram na “rebentação” e na luta eterna entre o
mar e a terra a sua grande metáfora. Este é um cinema humanista, baseado sobretudo no
mundo daqueles que se filmam, em cujo universo Ivens mergulha literalmente, como
mergulhou nas águas de Katwijk. E como escreveu José Manuel Costa no catálogo Joris Ivens
publicado pela Cinemateca em 1983 “Para Ivens o documentário é precisamente um cinema
a mais, na medida em que se define como o cinema em que nada é interdito (nem mesmo a
ficção) (…) algo que herda o polo realista de Flaherty e Vertov, ao mesmo tempo que abarca
a vanguarda, o mais puro onirismo ou o abstraccionismo. É o anti-estúdio, em todas as suas
formas. É o experimentalismo, precisamente entendido na sua função de vanguarda artística.
Aquilo que o próprio Ivens chama um no man’s land entre reportagem e ficção. No Man’s
Land, terra de ninguém: o documentário é, apenas, a liberdade.” É precisamente nesse no
man’s land que se situa Branding, objeto atípico no contexto da filmografia de Ivens pela
sua assumida liberdade em termos de ficção. Talvez por isso mesmo seja um filme raro e
muito pouco visto face aos outros grandes filmes que Ivens realizou nessa mesma altura.
Joana Ascensão

Estreia Brasil:
1929
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