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51Número de Fãs

Nascimento: 20 de Março de 1922 (81 years)

Falecimento: 28 de Outubro de 2003

Rio de Janeiro - Brasil

Nora Ney foi uma cantora brasileira, primeira mulher a ganhar disco de Ouro no Brasil e em 1955, enquanto o filme "Sementes da Violência" lotava os cinemas. Sem saber muito o que fazer com aquela musica estranha, os homens de rádio deram a Nora Ney a incumbência de cantar o primeiro rock'n'roll gravado no Brasil: "Rock Around the Clock".

Trinta e cinco anos depois, ao se apresentar num programa da rádio Cultura, a cantora que começou cantando Cole Porter e George Gershwin declarava que gostava de música erudita, jazz, samba, rock e até "punk..., se for boa". Sempre moderna. Outra faceta da vida de Nora Ney, era o fato de manter na "Revista do Rádio", durante bom tempo nos anos 50, uma coluna onde respondia cartas abertas aos fãs.

Nasceu no bairro carioca de Olaria, na Rua Angélica Mota, nº 34, filha de Dárcio Custódio Fereira, funcionário da Câmara dos Deputados. Aos oito anos foi matriculada num grupo escolar em Olaria e mais tarde formou-se em Contabilidade pelo Instituto Rui Barbosa. Aprendeu sozinha sua primeira música ao violão, "Valsa de cristal", observando as aulas que suas irmãs tomavam com uma professora. O pai, surpreso e entusiasmado, resolveu presenteá-la com um violão. Apesar disso, só passou a estudar música mais tarde, com Aída Gnattali (solfejo e leitura musical). Em casa chamavam-na de Ceminha. Antes de decidir-se pela carreira de cantora, freqüentava assiduamente os programas radiofônicos de auditório, onde não perdia a oportunidade, se o animador solicitasse aos ouvintes da platéia, de subir ao palco e cantar um sucesso estrangeiro (achava que não poderia cantar em português por causa dos seus 'erres' muito carregados). Casou-se em fins da década de 1940 e desta união teve dois filhos, Vera Lúcia e Hélio. O casamento não a fez feliz, pois o marido, Cleido, passou a agredi-la em brigas constantes. Depois de alugar e mobiliar um apartamento em Copacabana, com suas próprias posses, acumuladas com seu trabalho como cantora, deixou o marido, que passou a ameaçá-la de morte. Logo depois entrou com uma ação de desquite litigioso, da qual saiu vitoriosa. Um dia, declararia: "Nunca tive ódio dele, apesar das surras que me deu e de tudo quanto me fez passar". Depois de separada, passou a viver com o cantor Jorge Goulart, uma longa e definitiva união, que, segundo ela, foi seu "grande amigo nos dias difíceis e o companheiro fiel dos dias de glória". Em 1961 submeteu-se a uma plástica de nariz. Costumava dizer: "Meu nariz nasceu errado". Em 1963, sua filha, Vera Lúcia, foi eleita Miss Brasil. O filho, Hélio, estudou na França e, segundo Nora, "é um bom baterista". Por conta e sua atuação política juntamente com Jorge Goulart no Partido Comunista, teve que se auto exilar após o golpe militar de 1964.

Em 1979 passou por sérios problemas de saúde por conta de um câncer na bexiga, do qual se recuperou. Em 1992, depois de 39 anos de vida em comum, casou-se com o cantor Jorge Goulart. Meses depois, quando se apresentava em um show no Fluminense (clube carioca), sofreu um acidente vascular cerebral, que lhe deixou seqüelas, impedindo-a de voltar aos palcos. Continuou residindo no Rio de Janeiro com seu companheiro, Jorge Goulart.

Faleceu em hospital do bairro da Tijuca, Rio de Janeiro vítima de falência múltipla dos órgãos devido a câncer generalizado provocado por efizema pulmonar. Seu viúvo, Jorge Goulart, programou um espetáculo em sua homenagem para o fim de 2003 no Teatro João caetano.

A cena é típica: uma mesa de bar, fim de noite... pouca luz, pouca gente... um garçom enxuga o copo. A mulher de olhar triste senta-se, e com sua voz sofrida, diz: "Eu quero ficar sozinha".

Parece cena de um filme de Greta Garbo, mas é pura Nora Ney, a cantora brasileira que cantou a solidão como ninguém. Se tivesse ouvido seus discos, nem a própria Garbo teria se levado a sério.

Antes de ser eleita "Rainha do Rádio de 1953", Iracema de Souza Ferreira se apresentava como Nora May. Uma fã desavisada trocou as bolas, e ela acabou assumindo o Nora Ney.

Frequentava, então, o Sinatra-Farney Fan Club onde conheceu Johnny Alf, João Gilberto, Baden Powell, Lúcio Alves e Carlos Manga.

Foi lá que esta jovem, nascida em 20 de março de 1922, conheceu também Osvaldo Elias, que a apresentou a Sérgio Vasconcelos, homem forte da Rádio Tupy-Tamoio. "Assim que cantei no rádio", disse Nora, "fui logo ouvida por Haroldo Barbosa, que falou maravilhas a meu respeito a seu amigo Almirante. Entendi que minha vida iria mudar".

Mas não sua voz. Nora Ney só cantava músicas em inglês ou francês, por achar sua voz "curta", embora em seu primeiro show e em seu primeiro programa de rádio, ela tenha cantado "Último Desejo", de Noel Rosa. Que só viria a gravar, veja só, 36 anos depois.

"Na minha voz, as frases musicais não vibram", justificava. "Ninguém me ama e pronto, entende?" Ou seja, a jovem cantora não tinha aquele vozeirão "a La Dircinha Batista" para cantar as músicas da época, embora se saísse bem, muito bem, aliás, cantando "Se Eu Morresse Amanhã", de Antônio Maria, gravado também, acreditem, por Dircinha Batista. Mas sua pouca extensão e sua voz noturna, cabiam mais nos "standards" americanos.

Foi em 1952 que lançou seu primeiro disco, "Menino Grande", pela Continental. A música era declaradamente a preferida de Getúlio Vargas, que a ouvia entre uma e outra ida ao teatro de revista, onde outra de sua favoritas, Virgínia Lane, cantava a recém-lançada "Sassaricando".

O "velho" não era de ficar na porta da Colombo, mas às vezes parecia um "menino grande". É interessante notar que Nora Ney fosse a cantora predileta de um ditador --ela, que anos depois, seria exonerada da rádio Nacional, por motivos políticos.

Escândalos? Poucos, mas bons. Nora Ney era crooner do Copacabana Palace, quando conheceu Jorge Goulart. Estava separando-se do primeiro marido, com quem teve dois filhos, Hélio e Vera Lúcia, que anos depois seria uma das muitas miss Brasil.

Os jornais tiveram um dia cheio. Eram tantas as insinuações de um romance entre os dois famosos cantores, "que acabamos tendo", declarou Nora anos mais tarde. Viveram juntos por 39 anos, casando-se, oficialmente, em 20 de março de 1992 exatamente no dia que a cantora completava 70 anos.

Quem disse "ninguém me ama" estava enganada.

Juntos, partiram para uma vitoriosa viagem pelo mundo. Para se ter uma idéia do carisma dos dois, na China, num estádio com 45 mil pessoas, Jorge Goulart fez todos cantarem o refrão de "Aurora". Em português. E quando Nora Ney subiu ao palco, e desfilou seus números, ainda teve que bisar "Ninguém me Ama".

Se não entendiam sua língua, entendiam sua arte.

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