Crítica de boo.mp4

Pedro Augusto Silva
2 min readDec 13, 2018
Elevando inocência e sadismo, o curta brinca com nossas preestabelecidas noções de perigo.

Irei iniciar aqui a primeira crítica de cinema do blog. Quero pedir desculpas para quem estudou e se preparou para críticas aprofundadas, sou um mero admirador. Hoje quero evidenciar e prestigiar o trabalho de um grande amigo. Mas já adianto que não será por conta dessa afinidade que irei ser parcial. Eu realmente gostei do que vi.

O elemento que a princípio mais me chamou atenção em boo.mp4 foi a fotografia. Parte gravado em uma Handycam – remetendo a Atividade Paranormal e A Bruxa de Blair – a história nos mostra um homem por volta dos seus 50 anos se preparando para o que parece ser um encontro. Seus trejeitos são no mínimo estranhos, ele é desengonçado e está visivelmente apreensivo, parece não saber lidar com pessoas. A trilha ameaçadora desde o início já nos indica que há algo de errado com esse cara.

Sem delongas, vemos logo as intenções do homem e seu nítido desvio de caráter. A tensão toma conta a partir desse momento, a partir do encontro dele com a inocência. A ambientação nos prende e foge dos esteriótipos do suspense.

Quando compreendemos o verdadeiro objetivo do personagem masculino, a sonoplastia brinca com o que é mostrado em tela. Temos claramente a caça e o caçador, de uma maneira ingênua sem desfocar da tensão. A fotografia abusa disso, mostrando a perspectiva dos dois.

Tudo parece mudar quando a “caça” manipula o homem, o deixando sem saída e compenetrado na forma meiga como ela age. É aí que vemos quem é realmente a presa.

O filme entrega elementos que admiro no gênero do horror. Principalmente a construção até o clímax. Foi tudo muito natural, a maquiagem desconfortante vendeu a verdadeira face por trás da ingenuidade, até então inofensiva. Por fim, sentimos que ele teve o que merecia e esse é o sentimento entregue no desfecho.

O filme me fez reviver as inúmeras histórias de terror contadas pela minha mãe, que sempre começavam prometendo algo leve (se eu soubesse o que viria pela frente, não ficaria para ouvir) terminando em uma terrível punição com elementos sobrenaturais. É um conto de Halloween que eu, menino, me amedrontaria.

A viagem até São Bernardo foi longa, mas valeu os 12 minutos de suspense. Jefferson Mendes deve se orgulhar de sua obra.

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