Blueruin

Barba grande, roupas sujas e gastas, cabelo mal cuidado. Esse é o retrato de Dwight (Macon Blair), um homem que vive em seu Pontiac azul nas ruas de Delaware, e que, ocasionalmente, invade a casa de outras pessoas para tomar um banho e conseguir comida.

Em uma manhã, enquanto dormia em seu carro, uma policial lhe dá a notícia de que uma pessoa que ele conhece iria sair da cadeia. Levando essa vida há anos, não sabemos por que Dwight vive desse jeito, até descobrirmos sobre a morte de seus pais. Quando Dwight recebe a notícia, ele sai do “coma” em que vive há tantos anos e resolve buscar vingança pelo que foi feito à sua família.

Vingança é como uma bola de neve. Dwight não tem nenhum plano ou ao menos pensa nas conseqüências que seus atos poderiam trazer a ele. Cego por sua vingança, ele também não pensa na repercussão que suas atitudes trariam para a vida de sua irmã Sam (Amy Hargreaves) e de suas filhas. Ainda que ocorrido há anos atrás, a violência e a dor da perda não abandonou Dwight. Em um momento em que Sam está saindo da cidade com suas filhas, com medo da retaliação que sua família poderia sofrer, ela diz ao irmão: ”Eu não ficaria com raiva de você, se você fosse louco. Mas você não é. Você é fraco.” A justiça que Dwight busca não é o que vai apagar o seu passado, apenas vai manchar seu futuro.

A família Cleland recebe Wade na porta da penitenciaria com uma limusine, e vão direto para uma festa organizada para ele. Matando Wade logo no início do filme e fugindo em seguida, Dwight vinga a morte de seus pais, mas agora os Cleland também querem que a família de Dwight sofra o que eles estão sofrendo. É a velha história do olho por olho, dente por dente.

Ainda que desconhecido, Macon Blair faz um trabalho excelente como Dwight, incorporando um sujeito perturbado e com o olhar carregado de sofrimento. Através de bonitos enquadramentos e com uma fotografia que explora bem as sombras, Jeremy Saulnier, diretor, roteirista e diretor de fotografia, consegue mostrar os atos de violência e vingança que permeiam o filme dando riqueza aos detalhes.

Blue Ruin não é uma história de vingança com um bandido no final onde eles fazem o acerto de contas. É mais do que a vingança em si, é como apenas um ato de violência gera um ciclo infinito de raiva e dor. 

You are using an unsupported browser and things might not work as intended. Please make sure you're using the latest version of Chrome, Firefox, Safari, or Edge.