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Há alguns anos a Disney resolveu transformar seu repertório de clássicos da animação em filmes live-action. Ou seja, suas histórias interpretadas por atores reais em cenários realistas. O desafio é grande, mas a recompensa também. Afinal, que fã destas animações não quer reassistir seus filmes favoritos com atores contemporâneos e nos cinemas? Já passados pelo teste de reconquistar admiradores nostálgicos e talvez apresentar algumas tramas para a geração mais novas estão filmes como “Alice no País das Maravilhas”, “Cinderela” e “Malévola”. O novo da lista, porém, é um dos que gerou maior expectativa. Afinal, não é fácil reproduzir “A Bela e a Fera”, um de seus maiores sucessos de todos os tempos, vencedor de Oscar e responsável por apresentar uma das princesas mais adoradas desde seu surgimento.

CineOrna | "A Bela e a Fera"

Se tem um departamento no qual a Disney pode se garantir, porém, é o gráfico. Na técnica em geral, poucos estúdios são tão admirados e bem sucedidos. Acertando mais uma vez em questões como design de produção, fotografia e figurino, uma das coisas que sobram para se preocupar é a escolha do elenco. Após sucesso no seriado “Dowtown Abbey” e na Broadway, o ator Dan Stevens foi o escolhido para interpretar a Fera, e Emma Watson, quem dispensa apresentações, foi a premiada com o papel de Bela. Em uma sacada esperta, o filme já se inicia com uma introdução diferente da do desenho, possibilitando apresentar a feição não apenas de Dan Stevens como também dos intérpretes de seus criados e futuros amigos de Bela em uma cena de baile no castalo pré-maldição. Bem escrito, o prelúdio é tão impactante quanto no original.

CineOrna | "A Bela e a Fera"

Emma Watson aparece em seguida em mais um dia de seu cotidiano que, como na animação, já começa musicado. É então que ela já se prova digna de seu papel, especialmente para os que questianaram sua escolha. Apesar de ser uma das mais queridas de sua geração, a atriz enfrentou certo ceticismo ao ser anunciada como Bela. Isso porquê grande parte da trama envolve canções queridas pelo público desde seu lançamento em 1991. Emma não era conhecida exatamente por sua voz, portanto teve que se mostrar capaz. Foi o que fez, interpretando cada música em seu poder de forma sublime. O coração de Bela pode ser ouvido com tocante emoção em canções como “Belle” e “How does a moment last forever (Montmartre)”.

CineOrna | "A Bela e a Fera"

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A inserção da canção “How does a moment last forever”, dividida em duas partes no início e em meados do filme é uma de suas novidades em relação a animação. Além da trilha sonora já conhecida composta pelas grandes “Be Our Guest”, “Something there” e “Beauty and the beast”, por exemplo, novas músicas foram adicionadas para aprofundar ainda mais alguns personagens e relações. A escolha não apenas gera novidade para os conhecedores e fãs da trama como ajudam a dar mais dimensão a personagens importantes já conhecidos, como é o caso de Maurice, pai da Bela, de LeFou, pareiro inseparável de Gaston, e da própria feiticeira responsável pela maldição do castelo.

CineOrna | "A Bela e a Fera"

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A nova vertente mais explorada entre estas é a da mãe de Bela. Se na animação ela foi deixada de lado, no filme deste ano a exploração de sua ausência é fundamental. O fato de Bela não a ter conhecido trás uma nova camada à personagem, leva a um novo patamar em sua relação com seu pai e ainda gera um laço forte entre Bela e Fera, já que seus pais também são melhor apresentados. Uma das cenas que mostra a identificação entre o futuro casal e como um se torna mais confidente e simpático ao outro é exatamente a cena que envolve a mãe de Bela. Sem spoilers.

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Outra maneira utilizada pelo novo roteiro escrito por Stephen Chbosky e Evan Spiliotopoulos para estreitar a amizade entre Bela e Fera foi a paixão deles por literatura. Antes bastante exibida por Bela, agora é também uma grande característica da Fera. Afinal, o que tornava Bela tão diferente dos seus vizinhos de aldeia senão o intelectual? É, sim, quando Fera dá sua gigante – e maravilhosa – biblioteca de presente para Bela que vimos surgir o início de um relacionamento. No filme, porém, o gesto se estende. Após esta cena marcante, os dois continuam a ser mostrados com livros na mão, passeando pela biblioteca ou lendo juntos. O roteiro recorre de mais tempo de filme, mais tomadas, para mostrar que estas eram interações recorentes, em que os dois se sentiam confortáveis com a presença um do outro e, mais ainda, sentiam prazer neste tempo compartilhado, alegria em finalmente ter algo em comum com outra pessoa, o que não possuíram na vida que levavam antes.

CineOrna | "A Bela e a Fera"

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É incrível ver novamente e em carne e osso momentos e personagens retratados exatamente como conhecemos e amamos há tantos anos. Não importa quando você viu “A Bela e a Fera” pela última vez, algumas cenas são inesquecíveis. Por vezes, podemos vê-las reproduzidas exatamente, take a take, na nova versão. Mais incrível ainda, porém, é ser surpreendido e presenteado com momentos novos e relações aprofundadas. O filme não deixa dúvida nenhuma não apenas que os sentimentos de LeFou para com Gaston passavam apenas de admiração amigável ou que a Disney está pronta e disposta a inserir diversidade de raças, cores e sexualidade em seus novos filmes, o novo roteiro não deixa dúvidas do por quê a Bela e a Fera se apaixonaram.

CineOrna | "A Bela e a Fera"

Leve seu lencinho e não deixe de reparar que além do casal principal, Kevin Klein como Maurice, Luke Evans como Gaston e Josh Gad como LeFou, o filme guarda atores de alto escalão por trás de seus personagens digitais. São eles: Ian McKellen como Cogsworth, Ewan McGregor como Lumière, Emma Thompson como Mrs. Potts, Stanley Tucci como Maestro Cadenza, Audra McDonald como Madame Garderobe e Gugu Mbatha-Raw como Plumette. Lembrando que as próximas animações a virar live-action são “A Pequena Sereia”, “O Rei Leão” e “Mulan”. Sem contar a sequência de “Mary Poppins”, que chega aos cinemas no Natal de 2018. Já estamos ansiosos por todos!

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