Cinema: A Viagem [Crítica 1]

Bonito, Ambicioso e Incrível…

Vidas passadas ligam vários personagens em "A Viagem".

Vidas passadas ligam vários personagens em “A Viagem”.

Baseado no romance de David Mitchell, A Viagem mistura história, ciência, suspense, humor e seis narrativas separadas, mas vagamente relacionadas. Cada uma dessas narrativas ocorre em um tempo e lugar diferente, que é escrito em um estilo diferenciado de prosa, e cada um é interrompido em meados da ação e tem sua conclusão na segunda metade do livro. Em A Viagem, várias histórias em épocas diferentes, passado, presente e futuro, estão conectadas, mostrando como um simples ato pode atravessar séculos e inspirar uma revolução.

Um dos filmes mais esperados do ano, A Viagem chega aos cinemas com status de “ambicioso”. E realmente o filme é muito ambicioso, mais isso já é da essencia de seus criadores, os irmãos Wachowski, os mesmos da Trilogia Matrix e de V de Vingança, Tom Tykwer, diretor de Corra Lola, Corra também foi um dos criadores. O trio também foi responsável pela direção.

Ambicioso o filme é, e também é um filme para poucos. Seis tramas acontecendo em momentos diferentes devem deixar alguns espectadores com o pé atrás, mas apesar de tantas tramas, o filme não é confuso. As histórias se cruzam, mas o roteiro (que trata sobre vidas passadas, e alguns elos que ligam as tramas) muito bem elaborado é de fácil entendimento. O bacana também é ver os atores principais interpretando vários personagens, e isso nos proporciona vê-los nas personas mais diferentes, como por exemplo um Tom Hanks de cavanhaque, cabeça raspada e de brinco… ou um Hugo Weaving interpretando uma enfermeira… enfim. Cada ator deu o seu máximo, para se encaixar nesses personagens, ajudados lógicamente por uma direção de arte fantástica, com figurinos perfeitos para cada época do filme. Nos efeitos visuais, percebemos toda a qualidade dos irmãos Wachowski, que criam uma Seul futurista, incrível. Destaque também para a maquiagem, tão perfeita que em vários momentos é difícil saber qual ator interpreta aquele personagem que vemos. Inclusive, depois de ver A Viagem, é difícil engolir como o longa ficou de fora dessas categorias do Oscar, como Maquiagem, Direção de Arte e Figurino. É um filme que não faz muito a cara da Acadêmia? É sim. Mas foi um erro deixá-lo de fora.

O filme é longo, e algumas pessoas podem não gostar disso, como na sessão em que eu estava, logo que acabou escutei uma mulher dizendo, “ainda bem que acabou”, (lembre-se, é um filme para poucos). Mas o visual do filme é tão fantástico, e as histórias tão bem elaboradas, que o amante de cinema vai adorar ficar mergulhado neste mundo de A Viagem, por quase três horas.

A Viagem pode ser tudo, menos ruim. É daqueles filmes que dá vontade de ver novo, e com certeza, quando nós conferirmos de novo, iremos descobrir coisas novas. E filmes assim são ótimos.

Nota: 8,5

Cloud Atlas, 2012. Direção: Andy Wachowski, Lana Wachowski e Tom Tykwer. Com: Tom Hanks, Halle Berry, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Doona Bae, Ben Whishaw, Keith David, James D’Arcy, Susan Sarandon, Hugh Grant. 172 Min. Drama.

Evilmar S. de Almeida é comentarista de cinema do Claquetes. Instrutor de Informática por profissão e cinéfilo por natureza, é fundador e Editor Chefe do Claquetes desde 2011.

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