Cinema: O Lobo de Wall Street

DiCaprio em uma de suas melhores interpretações da carreira.

DiCaprio em uma de suas melhores interpretações da carreira.

Ao longo de sua carreira, Martin Scorsese acumulou grandes obras-primas, graças a filmes como: O Aviador, Touro Indomável, Taxi Driver, Os Infiltrados, este último inclusive lhe deu o Oscar de Melhor Diretor. Sendo um dos diretores mais respeitados de Hollywood, tem cacife para fazer qualquer tipo de projeto. Acostumado a fazer filmes com temáticas pesadas, ele realizou o seu filme “infantil”, A Invenção de Hugo Cabret. E assim se mostrou um diretor versátil. E é com todo esse cacife que ele realiza O Lobo de Wall Street, um filme que vai contra todos os moldes certinhos adotados por Hollywood nos dias de hoje.

O longa nos mostra a figura de Jordan Belford (DiCaprio), um jovem ambicioso querendo fazer riqueza em Wall Street. Porém, ele não começa com muita sorte, já que no seu primeiro dia acontece o Black Monday, que foi a queda das ações em Wall Street. Desempregado, ele vai vender ações fora do pregão de empresas sem chances de sucesso… Mas que pagam, a quem fazer a venda, um bom dinheiro. Demonstrando uma lábia impressionante, ele se dá bem na nova profissão, e assim monta a sua própria empresa, a Stratton Oakmont.

Observando a sinopse, você poderia imaginar O Lobo de Wall Street como um filme sem apresentar nada de novo, ficando apenas na história de um homem que não começa bem no emprego, consegue dar a volta por cima e monta a sua própria empresa, e depois de algumas coisas, indo rumo à decadência. Mas estamos falando de Martin Scorsese e sua imensa habilidade na direção, que utiliza elementos incríveis em cena. O diretor nos mostra um Jordan Belford bem de perto, como se fosse um amigo intimo nosso. Note que por muitas vezes, o personagem conversa conosco, contando a sua história. Isso lembra muito um dos personagens mais icônicos de Hollywood, Ferris Bueller de Curtindo a Vida Adoidado. Outro elemento interessante utilizado por Scorsese no filme é a câmera lenta tão utilizada por Zack Snyder em suas obras. Aqui ele faz a câmera lenta ser um elemento que diverte, e acima de tudo: é um elemento que faz a história ser mais bacana ainda, por nos fazer observar a fisionomia de cada personagem no momento em que ela é usada, com o momento pelo qual estão passando.

Scorsese abusa de uma forma deliciosa do termo “politicamente incorreto”. O diretor mostra sem vergonha nenhuma cenas de sexo, consumo de drogas, nudez frontal, sadomasoquismo, masturbação e até uma cena de orgia gay. Temas que, com um diretor qualquer, cairia na mesmice, na galhofa e talvez até destruíssem o filme, porém o diretor consegue ser depravado sem ser vulgar. O filme de Scorsese não quer passar lição de moral e muito menos fazer julgamentos. Ele apenas mostra como esse universo funciona, no qual o dinheiro é o norte de todos, mostrando a sua importância e tudo de bom e do melhor que ele pode oferecer. Grande sacada do diretor. Sem poupar drogas, sexo e palavrões, é Scorsese dando uma de Tarantino em uma de suas melhores obras.

Para realizar esta obra ele montou um elenco espetacular. Lógico que o destaque principal é Leonardo DiCaprio. Mais uma vez é incrível a maneira como o ator entra em um personagem. Uma entrega impressionante em cenas de sexo, drogas e em sadomasoquismo. Mas ele dá um show mesmo é quando está comandando seus trabalhadores na Stratton Oakmont. Nas mãos de um ator qualquer esse personagem poderia destruir o filme, porém estamos falando de um velho parceiro de Scorsese, e DiCaprio confia muito nele. Mesmo com seu personagem polêmico, Leonardo venceu o Globo de Ouro na categoria Melhor Ator Comédia / Musical e está indicado ao Oscar. O filme também tem ótimas atuações de Jonah Hill, que vai evoluindo na carreira de ator desde que trabalhou com Brad Pitt em O Homem Que Mudou o Jogo; e de Margot Robbie, que além de linda, se mostra talentosa. O filme ainda conta com participações hilárias de Matthew McConaughey e Jean Dujardin.

Fora dos padrões atuais de Hollywood, com a sua depravação escancarada, é isso que transforma O Lobo de Wall Street em uma obra-prima. Um filme que você assiste do mesmo modo como ele foi gravado: se divertindo.

Nota 10

The Wolf of Wall Street, 2013. Direção: Martin Scorsese. Com: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Matthew McConaughey, Kyle Chandler, Rob Reiner, Jon Favreau, Jean Dujardin. 180 Min. Drama.

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