“10 Horas Até o Paraíso”, filme do diretor dinamarquês Mads Matthiesen, apresenta a história de Dennis, um fisiculturista de 38 anos, cuja vida monótona e sua busca por verdadeiro amor o conduzem a uma jornada surpreendente em Pattaya, na Tailândia. Interpretado brilhantemente por Kim Kold, Dennis, apesar de sua imponente presença física, revela uma sensibilidade interior marcante: o protagonista se sente deslocado na dinâmica das relações entre homens e mulheres e fica frustrado pelas suas tentativas sem sucesso de conseguir um relacionamento.
A dicotomia entre o porte físico e a sensibilidade de Dennis cria uma camada adicional de complexidade ao personagem, que vai além das aparências. O filme explora a ideia de que a verdadeira força do protagonista reside não apenas em sua imponente presença física, mas na vulnerabilidade que ele ousa mostrar, especialmente quando confrontado com as nuances do amor e da busca por sentido em sua vida.
Um aspecto interessante do enredo é a representação de homens ocidentais, como Dennis, que, insatisfeitos em seus relacionamentos tradicionais, embarcam em jornadas para terras distantes, como a Tailândia, em busca de conexões autênticas com mulheres locais. Essa abordagem aborda questões contemporâneas sobre a insatisfação e a perda de interesse dos homens ocidentais em suas próprias mulheres, agora marcadas por uma frieza e um racionalismo, ao contrário das mulheres orientais, que segundo a mística são mais quentes e carinhosas.
Além disso, é interessante notar como “10 Horas Até o Paraíso” dialoga com o tema da busca por prazer principalmente nas mulheres tailandesas, algo que também é abordado no livro “Plataforma” de Michel Houellebecq. Ambas as obras tocam em aspectos similares da experiência humana, questionando as motivações por trás das escolhas dos personagens e examinando as dinâmicas complexas entre sexo, amor e busca por satisfação pessoal.
Ao explorar o cenário de Pattaya, o filme destaca não apenas os desafios culturais enfrentados por Dennis, mas também a complexidade das relações interculturais. O choque entre as expectativas de Dennis e a realidade em Pattaya serve como um espelho para as expectativas muitas vezes idealizadas que os estrangeiros têm ao buscar relacionamentos em terras distantes.
“10 Horas Até o Paraíso” não é apenas um filme sobre uma busca pessoal, mas uma exploração das complexidades emocionais e culturais que moldam as escolhas individuais. Com uma performance memorável de Kim Kold e uma direção sensível de Mads Matthiesen, o filme se destaca por oferecer uma rica reflexão sobre a busca universal por felicidade e significado na vida.
“10 Horas Até o Paraíso”, Mads Matthiesen
Disponível no MUBI
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