Crítica | Celeste e Jesse Para Sempre

Após a separação, um casal consegue manter a amizade que existia antes? Esse é o questionamento principal que Celeste e Jesse Para Sempre passa aos espectadores durante 92 minutos de projeção. Com doses ora de humor ora de emoção, o filme de Lee Toland Krieger (December Ends) é uma agradável surpresa do gênero comédia romântica. O cineasta concilia bem a dinâmica do ser engraçado e apresentar momentos de reflexão, que torna a trama bem maior do que uma narrativa de encontros e desencontros de um casal.

Os protagonistas Rashida Jones e Andy Samberg têm química, o que é essencial para transmitir a veracidade do relacionamento quase irreal entre ambos. Apesar de não gostar dos trabalhos anteriores de nenhum dos dois atores, eles conseguiram me surpreender com papéis de destaque. Ambos já contracenaram no filme Eu te amo, cara (I Love You Man, 2009), com personagens menores e não empolgaram, principalmente Rashida.

Samberg é famoso pelo Saturday Night Live e ainda está engatinhado na atuação dramática. Por outro lado, Rashida se sobressai como roteirista (ela assina em dupla com Will McCormack, o Skillz do filme, e seu ex-namorado na vida real) e faz de Celeste uma personagem expressiva com o seu olhar penetrante.

O mais interessante nessa história é o começo pelo final dos contos de fadas, ou seja, o rompimento do casal. Aquela parte de garoto conhece garota, se apaixonam e começam um relacionamento não cabe nesse filme. É uma obra reflexiva para os espectadores que estão na faixa etária dos 30 anos e se perguntam sobre as perspectivas a curto prazo e se preocupam com o rumo de suas vidas.

Celeste ama Jesse, Jesse ama Celeste, então porque não ficar juntos? Eles se dão tão bem que mesmo separados há seis meses continuam a ser ver todos os dias e saem sempre juntos. No entanto, aos poucos, a narrativa nos confronta com o ponto de vista de cada um sobre a situação e entendemos como é difícil para eles lidarem com as emoções, a razão e, principalmente, com o verdadeiro rompimento. O companheirismo e a amizade permanecem acima de tudo? A dicotomia da esperança de voltar a ser um casal ou seguir em frente é o que traz o tom adulto para essa história, que tem as suas pitadas mulherzinha e de piadas caricatas, como cair dentro de uma lixeira.

Elijah Wood (O Senhor dos Anéis) está bem como coadjuvante na trama, mas, ao mesmo tempo em que o seu personagem gay traz graça para a história, suas falas parecem muito forçadas. Emma Roberts (A Arte da Conquista) também soma nessa mistura, com carisma e funciona como uma válvula de escape para os problemas a serem resolvidos durante a narrativa.

O roteiro é bem trabalhado e nos brinda com cenas muito boas, como a festa em que Celeste dá o seu primeiro passo à redenção do seu passado e encontro um cara fantasiado de Cereal Killer. Os pontos de intimidade e as brincadeiras do casal título também são muito boas e a trilha sonora só aumenta a potencialidade da trama.

Grande trabalho de Rashida Jones como roteirista, compartilhando o mérito com Will McCormack, ambos quiseram passar para as telas do cinema a experiências que eles tiveram na vida real e conseguiram transmitir uma mensagem simpática da situação. Apesar de o filme beber da fonte de algumas comédias americanas, consegue buscar a sua originalidade. Celeste e Jesse Forever comove, diverte e mostra a maconha como o melhor remédio para a depressão e o desanimo.

Nota: 4

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