Crítica | Dois Lados do Amor

Com o título brasileiro, Dois Lados do Amor parece um drama romântico sobre relacionamento, no sentido ele disse, ela disse, e eles se entendem no final. Não é bem assim. O título original The Disappearance of Eleanor Rigby: Them nos indica uma visão melhor do que se trata a obra. Idealiza para ser apresentada em três partes, na visão dele, Conor (James McAvoy); na dela, Eleonor (Jessica Chastain); e na deles dois.

A versão a chegar aos cinemas é a visão de ambos, reproduzido em um longo filme, mas com bom roteiro e direção do ainda desconhecido Ned Benson. Apesar de ser uma história de amor, o enredo não é retratado nesses trajes. Primeiro, vemos um casal apaixonando numa noite estrelada, fugindo pela cidade e rindo da vida. Depois, os anos passam e um não sabe mais como encarar o outro.

Eleonor desaparece da vida de Conor de um dia para outro. Ele tenta seguir seu caminho, mesmo abalado pela perda, e continua a ir trabalhar todos os dias no seu restaurante, mas o negócio anda de mal a pior. Nós observamos em suspense a situação por não saber o que aconteceu. Quando Eleonor aparece na tela, vemos alguém tentando recomeçar a vida e ela volta para seu antigo quarto na casa dos pais. Mas do que ela se esconde?

dois lados do amor

Quando Eleonor retorna à faculdade e trava algumas conversar com a Professora Friedman (Viola Davis), tentamos arrancar dos diálogos algum motivo para separação, mas a personagem preserva bastante seus mistérios. Comecei a imaginar que Eleonor apenas queria se sentir livre novamente, sei lá, uma mulher em fuga do seu parceiro/passado. O primeiro encontro dos dois, no entanto, apresenta novas questões e revelações difíceis de serem previstas, além de um casal que ainda se ama.

Dois lados do amor não é uma história bonita, mas um drama pesado. Não se iluda com as cenas românticas entre os protagonistas, pois o que vem pela frente são feridas duras de cicatrizarem. Não é fácil entender a dor de Eleonor, eu não entendo e, nesse caso, não posso julgar. Com delicadeza, o roteiro nos entrega em pedaços módicos o que ambos “fizeram” para não se aguentarem na mesma sala.

O drama pode ser longo, mas não se perde e nos espanta com um visceral ápice, onde se torna quase impossível segurar as lágrimas. A amargura nas falas e o cuidado para nos conduzir até ali ficam nítidos no final. Não é uma história original, há dezenas de filmes com semelhante temática, mas a forma como foi contada, esta sim merece aplausos. Ned Benson e Jessica Chastain nos deixam mal, tentando nos fazer roçar na superfície da dor de Eleonor e Conor.

Nota: 4

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