Crítica | A Possessão do Mal

Os filmes de terror não são mais como antigamente. Agora, se esquecem de o principal do gênero: despertar o medo. A Possessão do Mal (The Possession of Michael King) se enquadra no subgênero Filme B, isto é, tem um baixo orçamento, uma produção sofrível, atores desconhecidos e um enredo despreocupado com qualquer lógica ou interesse do espectador. Esta é a primeira obra de David Jung, responsável pela direção, roteiro e produção, feita para ele mesmo.
A rasa trama se resume na decisão do descrente Michael King (Shane Johnson) em fazer um documentário de sua busca sobre espíritos, rituais e demônios, após a morte da esposa. A narrativa embaralha cenas das gravações do protagonista com as do filme e desencadeia uma confusão de posições das câmaras. Do início ao fim são tantos erros nesse quesito que é melhor desencanar para não se irritar mais do que a história permite.
A construção do personagem é fraca, seus encontros com autoridades no assunto são enfadonhos e a relação entre pai e filha não existe, apesar de estar escrito no roteiro e os atores encenarem algo aproximado, mas é tudo pouco natural. Além das quinhentas câmaras do documentarista, a narrativa dá espaço para um filme caseiro com resolução de vídeo dos anos de 1980, em que mostra a esposa morta em um fim de semana no parque.

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O mesmo momento é repetido várias vezes durante projeção para você tentar enxergar alguma alusão bonita do casamento perdido, no entanto, não há nada de emocionante ou relevante nessas tomadas. Quando a possessão de Michael finalmente começa, o diretor se vale dos recursos sonoros para causar alguma impressão no espectador, entretanto, até a sonoplastia é falha nesta obra. Não consegui tomar nenhum susto e nada surpreende ou causa alguma expectativa.
Olhos vermelhos, sorriso debochado e gritos são as modificações do personagem de um pai viúvo para um demônio assassino, atrás da própria filha. Antes de dar um fim neste sonífero enredo, o diretor tenta mostrar um pouquinho de sangue com o protagonista se machucando, mas não ocorre conexão entre a lâmina da faca e o sangue correndo pelo peito durante o corte e a cena produz mais riso do que espanto, assim como todas as sequências de possessão do protagonista.
Os últimos minutos são a parte mais medonha. Existe uma gravação de uma mão pendurado no alto com uma faca enfiada que aparece umas cinco vezes. Acredito que somente porque o diretor gostou do visual, pois não há outra explicação. Os demônios devem ficar revoltados com esse tipo de abordagem esdrúxula sobre eles ou qualquer força espiritual.
A Possessão do Mal é um trabalho preguiçoso de um cara com pretensões de ser cineasta, mas está longe de desenvolver um enredo no mínimo interessante e de saber o que quer mostrar. O final é para você dar aquela esbaforida de alívio por não ter que lamentar por mais nenhum erro cinematográfico.

Nota 1 / 5

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