16 extremos (2016)

Título original: Dhuruvangal Pathinaaru

Título em inglês: 16 extremes

País: Índia

Duração: 1 h e 45 min

Gêneros: Ação, crime, mistério, thriller

Elenco Principal: Rahman, Praksh Raghavan, Sharath Kumar

Diretor: Karthick Naren

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt6380520/


Afirmo que, em se tratando de filmes investigativos/policiais, nos dias de hoje, os roteiristas indianos estão dando um banho nos americanos e rivalizando com espanhóis e coreanos. Roteiros inteligentes, imprevisíveis, cheios de reviravoltas e surpresas são características das melhores narrativas indianas em filmes do gênero. Em “16 extremos“, há uma complexidade intrínseca, por serem consideradas diversas linhas de raciocínio sobre o mesmo caso, que compelem o espectador a prestar bastante atenção aos mínimos detalhes para reunir seu conjunto comprobatório e formar o seu diagnóstico sobre o crime em tela. É um exercício para a perspicácia de cada um, travestido sob a forma de obra cinematográfica. É mistério durante boa parte da exibição.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Enquanto investiga um difícil caso de homicídio com múltiplos suspeitos, o policial Deepak tem a sua perna direita amputada por conta de um acidente e é obrigado a se aposentar. Cinco anos mais tarde, um colega pede ao aposentado que conte a seu filho suas experiências na profissão, na tentativa de dissuadi-lo da ideia de também ser policial – uma profissão deveras perigosa. Atendendo ao pedido, Deepak passa então a relembrar todos os eventos ocorridos naquela chuvosa e fatídica noite, que mudou sensivelmente a sua vida.”

O roteiro utiliza um artifício que funciona como uma bomba propulsora para seu desenvolvimento: a presença de um personagem – o filho do amigo de Deepak – para trazer os fatos à tona por meio de questionamentos, como numa entrevista – ou um interrogatório – sobre um caso policial pretérito. A princípio considerei essa estratégia um tanto quanto cansativa, porém, com o desenrolar do argumento do filme, percebi que tudo isso foi uma jogada de mestre do diretor. Saliento que o propósito desse “perguntador” não se resume apenas a isso, pois trata-se de um personagem bastante importante dentro da narrativa. Em virtude de tudo isso, nota-se que Deepak tem a função de narrador onipresente, pois é sob o seu ponto de vista que a história é mostrada.

Aos poucos, o quebra-cabeça vai sendo montado, por meio de uma lenta acumulação de provas e vestígios, em um contexto no qual nada pode ser desconsiderado e cada detalhe ganha a máxima importância. A cada novo fato revelado, o roteiro puxa o tapete do espectador, pois a situação que parecia mais possível perde seu sentido em detrimento de uma possibilidade mais real. Essa metodologia de construção da narrativa, baseada em reviravoltas, ao passo que pode confundir, possui o automático condão de obter a máxima atenção do público. Sabendo da complexidade da história, o diretor, sabiamente, inseriu tags ao longo do filme, informando o local e a hora de cada cena para situar o espectador no espaço e no tempo. Logo no início, há uma passagem na qual Deepak diz que um crime deve ser resolvido em até 48 horas, então a inserção de informações temporais auxilia na contagem do prazo particular do protagonista. Só como informação, 16 pessoas estão envolvidas no caso, daí vem o título e, a partir daí, já se nota que há uma dificuldade intrínseca embutida no contexto.

Diferentemente da maioria dos filmes indianos que critico aqui no blog, que são produzidos em Bollywood, ou seja, são produzidos em Mumbai e são falados em hindi, “16 extremos” é oriundo do polo cinematográfico situado na cidade de Chennai, que produz filmes falados no idioma tamil. Pelo visto, a qualidade dos filmes indianos independe de onde são produzidos. O estilo de fazer cinema dos profissionais do país dos elefantes varia pouco de acordo com o polo cinematográfico. Eis mais um exemplo de um filme que realmente faz jus à nota altíssima que é vista no IMDB. Se você aprecia o cinema indiano e assistiu ao filme chamado “A chantagem“, que já foi objeto de crítica aqui no blog, certamente apreciará bastante o filme em tela, pois eles têm uma narrativa seguindo a mesma lógica: suspense, tensão e plot twists abundantes. Prendam a respiração e mergulhem em mais essa grande obra do cinema indiano.

O trailer, com legendas em inglês, segue abaixo.

Adriano Zumba


3 comentários Adicione o seu

  1. João Carlos disse:

    Só encontro boas criticas do cinema indiano neste blog, parabéns.

    Curtir

    1. Obrigado João. É realmente meu cinema favorito.

      Curtir

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.