Meu pai e meu filho (2005)

Título original: Babam ve Oglum

Título em inglês: My father and my son

País: Turquia

Duração: 1 h e 48 min

Gênero: Drama

Diretor: Çagan Irmak

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt0476735/


O ser humano, quando criança, se apresenta indefeso e dependente de seus pais. Algo muito normal! Comento sempre que crianças passando por dificuldades, no cinema ou na vida real, mexem com o emocional das pessoas, principalmente pelo estado de vulnerabilidade intrínseco dessa fase da vida. Relações familiares mal configuradas, que, a princípio, deveriam denotar amor, cumplicidade e harmonia, também proporcionam fortes emoções pelo desvirtuamento da realidade ideal. Esses dois assuntos são as temáticas principais do filme em destaque, o qual, por tratar de temas muito dramáticos e comoventes, deveria ter sido pensado de modo a minimizar um certo sentimentalismo exagerado, que toma conta da narrativa na maioria do tempo, entretanto, como o ser humano tende ao compadecimento, o roteiro proporciona um fácil envolvimento e uma boa experiência cinematográfica, principalmente pela singeleza com que os argumentos são desenvolvidos e pela maneira como as situações são construídas. Saliento que a presença do protagonista infantil ajuda bastante nesse “acolhimento das atenções”, que parece ser considerado algo primordial pela direção do filme.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “O filme relata, com rara sensibilidade, os sentimentos de uma criança, seu pai e seu avô. O fio condutor do filme, o garoto Deniz, tem cerca de 8 anos e é fã de revistas de super-heróis. A história é apresentada a partir do olhar ingênuo da criança, que detém uma fértil imaginação, capaz, inclusive, de encobrir os dramas vividos por seu pai, quando foi perseguido pelos militares; não menos densos que a briga com o avô, um turco camponês conservador e rancoroso.”

Esse melodrama turco – com ares daqueles indianos mais teatrais -, além de focar em dramas familiares, capitaneados principalmente pelo avô de Deniz, chamado Hüsseyin, através de sua intransigência quanto à ideologia política de seu filho, chamado Sadik, introduz  no rol de temáticas desencadeadoras de comoção a doença, a morte e a presença de um amor não correspondido. Como se depreende do exposto na frase anterior, o contexto político tem bastante relevância na narrativa, aliás, tem um papel decisivo, e não só em relação aos pensamentos de Hüsseyin, pois, já nos primeiros minutos de filme, o potencial medo da população, pela existência de um golpe militar em curso, já contribui para que uma grande tragédia tome corpo.

O roteiro é simples, às vezes não linear, e segue uma linha comum composta, inicialmente, por um problema e a posterior tentativa de resolução dele. No caso em tela, a principal corrente narrativa exibe uma grande adversidade no início, que, por sua vez, pode ser considerada como permanente e definitiva. Após uma tentativa de apaziguamento da situação, a chama de um conflito já existente é acesa, e então há a inserção de personagens contextualmente pertencentes a ele, que funcionam como pacificadores para auxiliar na busca de uma solução. Todas essas resoluções – ou tentativas de – miram em duas relações entre pai e filho: a primeira, entre Sadik e Deniz, e a segunda, entre Hüsseyin e Deniz. De qualquer forma, há grande beleza na construção de um ambiente saudável para a vida da criança, no primeiro caso, e na busca da paz entre pai e filho, no segundo. Em ambos, a participação do pequeno Deniz é de suma importância, tanto pelo seu crescimento como pessoa, quanto pela sua presença física, que amolece os corações mais endurecidos. Na história, Deniz representa o amor!

A trilha sonora é triste e emocionante por si só, e seu efeito no filme é intensificado pela ajuda de um roteiro com cenas tocantes e situações comoventes. Ainda assim, há espaço para um pouco de comédia por intermédio das mulheres do filme, apenas para conceder alguma leveza à narrativa. Acredito que “Meu pai e meu filho” agrade à maioria dos espectadores, principalmente àqueles com uma menor bagagem cinematográfica e, portanto, menos exigentes quanto ao tratamento dado às temáticas e ao estilo de produção do filme. Espectadores mais rigorosos provavelmente considerarão a obra piegas e com cara de uma pequena novela. Independentemente disso, é uma obra que eleva a família a um patamar superior e é produzida com o máximo de singeleza e sensibilidade possíveis. É uma boa recomendação para quem gosta de se emocionar.

O trailer, com legendas em inglês, segue abaixo.

Adriano Zumba


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