Hichki (2018)

País: Índia

Duração: 1 h e 56 min

Gêneros: Comédia, drama

Elenco Principal: Rani Mukerji, Neeraj Kabi, Jannat Zubair, Rahmani

Diretor: Siddharth Malhotra

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt6588966/


Opinião: “Desiguais em busca de tratamentos igualitários é sempre uma temática atraente.”


“Um filme inspirador e motivador”, assim posso definir “Hichki” – que, traduzindo para o nosso idioma, significa soluço -, por conter entre suas temáticas a Síndrome de Tourette, que é um transtorno neuropsiquiátrico hereditário caracterizado por diversos “tiques” físicos e pelo menos um “tique” vocal. Para saber mais sobre a Síndrome, segue o link da Wikipédia: clique aqui. Ao contrário do que muitos possam estar imaginando – e o título sugere -, a doença não é a temática principal desse excelente filme – apesar de ser determinante para puxar a narrativa. Há outras temáticas que merecem maior atenção, como será visto abaixo.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Hichki” é a história de uma mulher que transforma sua fraqueza mais assustadora em sua maior força. Naina Mathur (Rani Mukerji) é uma professora aspirante, que é portadora da Síndrome de Tourette. Depois de várias entrevistas e inúmeras rejeições, ela consegue o emprego dos seus sonhos, como professora em uma das escolas de elite da cidade. No entanto, ela logo percebe que a classe que lhe foi designada é composta por alunos desafiadores e irrequietos – aquela que nenhum professor da instituição quer assumir -, que causam bastantes problemas e não fazem o mínimo esforço para evitá-los. Apesar de alguns soluços iniciais, Naina deve fazer o que puder para garantir que seus alunos percebam o seu verdadeiro potencial, desafiando, assim, todas as probabilidades de que seu trabalho dê errado.

Trata-se de um filme sobre inclusão, tanto da jovem Naina, por conta de sua doença, que dificulta a comunicação – algo incompatível a olhos vistos com seu ofício – e lhe concede uma estranheza automática e até engraçada, quanto dos adolescentes que ela terá que educar, pela condição social de vulnerabilidade em que eles se encontram e por estarem estudando em uma escola “para ricos”, devido a uma lei de inclusão na Índia. Prontamente, enxergamos o preconceito sob diversas formas, que se exterioriza através de vários agentes no filme – o fato de existir de uma classe só para esses alunos, no caso, a turma 9F, para que não se misturem com os demais, já é discriminação suficiente, mas, ao assistir ao filme, nota-se que há diversos outros fatores discriminatórios nas entrelinhas.

A Escola St. Notker, onde quase toda a história se passa, torna-se praticamente um campo de guerra. De um lado, professores e alunos esnobes, do outro, Naina e os rebeldes desfavorecidos, os quais já começam o embate em desvantagem, pois têm que provar seus valores para poder seguir adiante. Através de uma mistura de convicção consumada, graça, seriedade e resiliência, Naina necessita conquistar seus alunos e, para isso, deve prepará-los não apenas para os exames da escola – atividade que ela realiza com maestria por meio de suas aulas inteligentes e não convencionais -, mas para a vida, através do desenvolvimento da capacidade de superar seus próprios medos, assim como ela aprendeu a fazer com sua doença. Cada um deve cuidar da sua Tourette da melhor forma possível, e utilizá-la como motivação, e não como obstáculo. É esse contexto que torna o filme em tela inspirador e motivador, como salientei nas primeiras palavras desta crítica. Além disso, como podemos depreender após a leitura deste simples texto, a emoção insiste em tomar corpo a todo momento nas duas horas de exibição do filme. que é realmente fascinante.

Considero “Hitchki” uma mistura de dois outros filmes, que já foram criticados aqui no blog: o chileno “Machuca” e o francês “Entre os muros da escola“. O filme em tela “herda” o viés social do primeiro e o contexto comportamental dos alunos do segundo. Só poderia resultar em um grande filme, com uma narrativa envolvente e emocionante. Exibir a desigualdade social, suas anomalias e possíveis soluções normalmente acarreta muita comoção e serve como aprendizado. Ao fim, fica uma ótima – e discutível – mensagem: “não há maus alunos, apenas maus mestres“. O certo é que é mais um ótimo filme da indústria cinematográfica indiana, que, certamente estará no rol de melhores filmes do ano de 2018 no país.

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


3 comentários Adicione o seu

  1. Muito interessante, ótima dica, valeuuuuuuuuuuuu

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