Bergman – 100 anos (2018)

Título original: Bergman: a year in a life

Países: Suécia, Noruega

Duração: 1 h e 57 min

Gênero: Documentário

Elenco Principal: Ingmar Bergman, Liv Ullman, Barbra Streisand

Diretor: Jane Magnusson

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt6109168/


Bergman de tantas obras teatrais e cinematográficas. Algumas delas consideradas obras-primas. Bergman de tantas mulheres, de tantas esposas, de tantas famílias. Bergman de tantos filhos “órfãos” de pai. Bergman de tanta organização, foco e rigor em seu ofício. Bergman de tanto egocentrismo. Bergman de tanta solidão. Bergman de tanta genialidade. Enfim, esse é Bergman, Ingmar Bergman: um dos melhores cineastas que a sétima arte apresentou para o mundo. Um homem cujo legado artístico será eterno enquanto existir cinema.

Por meio de entrevistas, imagens e vídeos, o documentário em tela apresenta a vida e obra de Ingmar Bergman, o realizador que dirigiu até a personificação da morte, e mostrou em seus trabalhos a abstração de sua alma e suas mais realísticas memórias, ou seja, manipulou a linguagem cinematográfica de modo a inserir seu próprio eu em suas narrativas. Os filmes de Bergman eram uma confissão espontânea de seus mais profundos medos, mais ocultos sentimentos e percepções, e acontecimentos marcantes ou banais de sua existência. É interessante notar que, entre idas e vindas na linha do tempo, o filme sempre chega ao ano de 1957 – o ano mais produtivo da vida do diretor. Tanto os fatos pretéritos quanto os fatos futuros aludidos no filme convergem para esse ano, que, segundo a narrativa, colocou os holofotes mundiais sobre Bergman. Naquele ano, nascia uma lenda.

Bergman – 100 anos” é um documentário que não privilegia a exibição da vida pessoal em detrimento da vida artística de Bergman e vice-versa. É um documentário até longo, com quase duas horas de duração, que, durante esse tempo, equilibra as abordagens narrativas e consegue fazer uma “viagem panorâmica” por diversos aspectos da vida do Mestre, sem se ater a um ponto específico. É uma ótima oportunidade de conhecer, sem muita profundidade, o artista em seus mais variados papéis da vida: ser humano, diretor, marido, pai, irmão, etc. O espectador tem a garantia de sair da exibição sabendo quem foi Ingmar Bergmar, sabendo discorrer sobre sua vida e obra e com vontade de assistir a sua filmografia.

Obviamente, há uma idolatria necessária, principalmente no que tange à vida artística de Bergman, porém, o documentário não se furta a apresentar os defeitos de seu protagonista, afinal, trata-se de um ser humano. É muito comum que exista uma presumida perfeição em relação aos ídolos de cada um, causada justamente pela grande admiração, que cega a percepção e o julgamento das pessoas. Há muitas revelações sobre Bergman, que realmente surpreendem: a relação com o nazismo e o deslumbramento com a oratória e o carisma de Hitler; a vida conjugal com suas 5 esposas; a pungente infidelidade; o desregrado egocentrismo, que beirava o egoísmo; as relações profissionais malsucedidas; entre outras. É realmente um documentário honesto!

Ao fim, entre manchas e qualidades, salva-se um gênio, e fica a saudade pela ausência de um homem diferenciado por sua produção artística. Um homem que, segundo suas próprias palavras no documentário, utilizou o cinema para “colocar a mão além da membrana da realidade”, vestiu-se em seus personagens e percorreu em suas obras a odisseia de sua alma. Em 14/07/2018, Ingmar Bergman faria 100 anos, e não há presente de aniversário melhor do que um filme: algo que ele produziu em boa parte de sua vida, e, para não fugir do padrão “bergmaniano” de fazer cinema,  “Bergman – 100 anos” é apenas mais um subproduto de suas lembranças – nada mais justo e adequado.

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

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