Casamento silencioso (2009)

Título original: Nunta Muta

Título em inglês: Silent wedding

Países: Romênia, Luxemburgo, França

Duração: 1 h e 27 min

Gêneros: Comédia, drama, romance

Elenco Principal: Meda Andreea Victor, Alexandru Potocean, Valentin Teodosiu

Diretor: Horatiu Malaele

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt1194620/


Comunicar-se bem é uma arte! O cinema é considerada como um meio de comunicação, pois, através dele, o cineasta exprime suas ideias para apreciação de seu público. Comunicar-se através da comédia é algo especialíssimo, ainda mais quando por trás das mensagens transmitidas há um contexto dramático. A junção da linguagem cômica com o ambiente tenso, em uma antítese narrativa especial, torna ainda mais admirável a maneira pela qual o diretor Horatiu Malaele mostrou os acontecimentos do filme em tela. E por falar em comunicação, ela é um dos principais personagens da história. É ver – e não escutar – para crer!

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Na Romênia da década de 50, Mara e Iancu se preparam para se casar e todos os habitantes da vila estão ansiosos para a festa dos noivos. Porém, para o espanto de todos, o prefeito da cidade anuncia uma semana de luto pela morte do líder russo Josef Stalin. Durante essa semana, nenhuma festa ou comemoração é permitida. Apesar da proibição, os noivos e seus convidados irão praticar um sagaz exercício de criatividade para que a festa continue.”

É necessário conhecer o contexto histórico romeno da época para um melhor entendimento do filme. Entre os anos de 1944 e 1958, a antiga União Soviética manteve uma significativa presença militar na Romênia. Entre outras consequências dessa ocupação estava a imposição dos dogmas comunistas à população local. Como o objetivo deste post não é dar uma aula de história, apenas isso já é suficiente. Nessa conjuntura, temos um filme que é exibido em um grande flashback, pois, no início, uma equipe de TV vai fazer uma matéria sobre um local específico e se depara com um ambiente muito estranho. A partir daí, um dos personagens “volta no tempo” para explicar a história daquela região misteriosa.

O filme possui dois momentos narrativos distintos. No primeiro, é feita a apresentação dos personagens e é mostrado o cotidiano dos mesmos. Esse momento dura cerca de 70% do filme, porém não fica enfadonho. Mostrar o dia a dia pode ser bastante interessante – depende dos fatos a que se pretende aludir e da maneira como as cenas são construídas. Muito desse interesse se deve à presença de personagens bastante estereotipados, os quais promovem um festival de situações cômicas. Temos o anão, o conquistador, uma porção de idosos briguentos e beberrões, o prefeito desastrado e comunista, a desinibida prostituta da cidade, etc. Diante dessa população diversificada, uma história de amor regada a muito sexo – e em lugares inusitados – é apresentada, desde o namoro, passando pelo pedido formal, até o casamento. Nas entrelinhas, o contexto político é retratado de forma sutil – e até com um certo ar de desdém -, porém revelador.

O segundo momento narrativo acontece após o foco de tensão da história: a notícia, que chegou durante a festa de casamento e de uma maneira violenta e impositiva, da obrigatoriedade de um luto internacional de 7 dias pela morte de Josef Stalin. A partir daí, o roteiro se torna satírico e, através da maneira pela qual o casamento continua, desnuda a nefasta conjuntura de dominação que existia naquela época. Apesar do medo, a alegria não cessa e a engenhosidade toma corpo na narrativa. Entra em cena, entre outros recursos, a linguagem corporal, para esconder a continuação da festa, e as cenas ficam espetaculares. Daí vem o título: “Casamento silencioso”. O melhor de tudo é que o diretor insere mais e mais situações cômicas e, ao contrário dos personagens, nós, espectadores, podemos rir à vontade e nos deleitar com essa pérola do cinema romeno. A cena do telefone sem fio é sensacional! Em resumo, cada segundo dessa segunda parte do filme é mais do que gratificante, pelo jeito encontrado para que a felicidade não fosse tolhida daquele momento tão feliz. Realmente, só não tem solução para a morte.

Termino este texto com as mesmas palavras do filme: “aconteceu na Romênia em 1953” – ou seja, trata-se de uma história verídica, apesar do quê de surrealidade.

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.