Maudie: Sua vida e sua arte (2016)

Título original: Maudie

Países: Irlanda, Canadá

Duração: 1 h e 55 min

Gêneros: Biografia, drama, romance

Elenco Principal: Sally Hawkins, Ethan Hawke, Kari Matchett

Diretor: Aisling Walsh

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt3721954/


Citação: “Eu fui amada!”


Opinião: “Emoções deslocadas, mas ocasionalmente prazerosas.”


Maud Lewis foi uma pintora canadense, portadora de artrite reumatoide desde a infância, que obteve reconhecimento na década de 60 do século XX, através de obras de arte simples, mas muito sensíveis e delicadas, que foram encomendadas até pela Casa Branca durante o governo de Richard Nixon. Mesmo tendo falecido em 1970, ela ainda é bastante lembrada em seu país de origem e, principalmente, onde morava, na Nova Escócia, que transformou a sua pequena residência em um museu, no qual pode ser visto uma parte de seu legado artístico. É bom ressaltar que, mundialmente, Maud é um nome praticamente desconhecido, mas, por intermédio da sétima arte é oferecida a excelente oportunidade de conhecer e admirar a vida e a obra dessa mulher especial. “Maudie” é uma cinebiografia competente, emocionante, que conta com artistas famosos nos papeis principais, mas que poderia ter sido construída seguindo uma via de interesse diferente, a qual pode ser depreendida através das minhas impressões sobre o filme em tela, que estão mostradas a seguir.

Eis a sinopse: Maud Lewis sofre de artrite reumatoide e convive diuturnamente com a desconfiança de pessoas que a consideram incapaz. Mas existe nela um esplêndido dom artístico, cujo desejo de expressar a fará deixar a família para trás e procurar novos ares. Em seu caminho, aparece um amor profundo por um peixeiro rude da cidade, Everett, que, a princípio, contrata-a com empregada doméstica. Maudie conta a história luminosa do sucesso e reconhecimento de uma artista popular a despeito da dor e do preconceito.

Acredito que uma pessoa deve ser selecionada para ter a sua vida traduzida para a linguagem cinematográfica por existirem fatos relevantes que façam parte de sua história. Maud Lewis ficou famosa por sua arte ante às dificuldades motoras e é esse fato que deveria nortear uma eventual cinebiografia! Para que denote completude, outras nuances da vida do “homenageado” também devem ser desenvolvidas, mas com superficialidade para que o foco seja mantido. Saliento que não foi isso que enxerguei no desenvolvimento de “Maudie“. O filme perde uma grande parte de seu tempo com o romance entre Maud e Everett, apesar de ser uma relação interessante de se abordar e possuir passagens pertinentes que acrescentam detalhes importantes ao conjunto da obra, o romance entre uma mulher frágil e um homem ignorante não deveria representar a principal temática da obra em destaque. Perde-se muito com esse jeito bollywoodiano de romantizar a qualquer custo a narrativa e o filme ganha ares de novela, de melodrama, ao dar prioridade ao sentimentalismo em detrimento do legado artístico e da deficiência da protagonista, entretanto é inegável que proporciona emoções – e há quem goste! Deve-se salientar que a relação de Maud e sua família inicial, diga-se tia, irmão e filha, é retratada com o foco perfeito, ou seja, sem aprofundamento, atendo-se apenas a relatar fatos relevantes. Esse deveria ter sido o foco concedido à relação do casal.

Após minha experiência cinematográfica, resolvi ler sobre Maud Lewis e descobri uma adaptação da realidade para o filme que me desagradou sobremaneira, pois foi utilizada para forçar emoções durante a narrativa – e reforçar minhas afirmações mais acima. Para não dar spoillers, vou me resumir a comentar que se trata de um fato relativo ao destino de sua filha. Estou criticando por julgar que tal fato é capital na vida de uma pessoa e se trata de um filme biográfico. Tal fato não encontra guarida para que sofra transformações em sua essência, principalmente em nome do pieguismo.

Apesar de o roteiro não possuir elementos suficientes para agradar aos mais exigentes, há uma predisposição de atrair as atenções pelo melodrama – como citei anteriormente, há quem goste -, e, principalmente, pelas atuações de seus protagonistas, Sally Hawkins e Ethan Hawke, que são irretocáveis e entregam perfeitamente o que a realidade escreveu na história. Uma mulher dócil, carente e com movimentos limitados por sua deficiência e um homem bruto que, aos poucos, vai transparecendo algum sentimento, mesmo mantendo a sua frieza quase intocável. Fazendo uma rápida comparação com o primeiro filme sobre deficientes artistas que vem à cabeça, Sally não chega nem perto de se aproximar do desempenho de Daniel Day-Lewis em “Meu pé esquerdo” (1989), até porque a deficiência de Maud é bem menos severa que a de Christy Brown – personagem de Daniel no filme -, contudo, tal comparação acaba sendo até infrutífera, afinal, cada um foi excepcional em relação a seus respectivos papeis.

Maudie” proporciona uma boa experiência ao espectador, mas haveria espaço para que a jornada fosse ainda melhor, no entanto, essa avaliação depende do grau de exigência de cada um. O meu é um pouco mais alto do que o convencional!

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


2 comentários Adicione o seu

  1. Rafael disse:

    Filme extremamente marcante pela sensibilidade de Maud, apesar de todo sofrimento e preconceitos que passou conseguia sempre está sorrindo, mesmo que por dentro doesse muito. Uma pessoa extraordinária excepcional, não têm como não se emocionar com a história e ainda mais sendo real. Só achei que deveria retratar mais a fundo a vida dela pessoal e não o romance. Ela é perfeita.

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  2. Arlequina who disse:

    Adorei o filme. Não conhecia a história da pintora… Ache o filmei triste, lindo e encantador. O marido era um grosso, mas ela conseguiu, de uma forma estranha, o que queria durante toda sua vida: ser amada. Para ela bastava. Adorei o filme e não sou melodramática não!

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