Héctor Lozano: “Foi claro para mim que a história deveria ser sobre Pol, seu discípulo”

É possível assistir Merlí e não amar? Absolutamente! Amamos tanto o professor nada convencional, interpretado por Francesc Orella, que FAUSTO foi o primeiro veículo brasileiro a entrevistar seu criador, Héctor Lozano. Quase um ano depois, cá estamos outra vez com o escritor e produtor catalão para falar do spin-off que trará Pol Rubio, personagem de Carlos Cuevas, como protagonista. O que podemos esperar dessa história paralela? Saiba agora mesmo pelo próprio idealizador nesse bate-papo exclusivo. Inspiração mais que bem-vinda para continuarmos procurando respostas que dão sentido. Celebremos essa obra encantadora que exalta a Filosofia!

Pol Rubio.

FAUSTO – É muito simbólico que justamente Pol Rubio tenha se tornado professor de filosofia?
Héctor Lozano: Bem, não é realmente um professor. No spin-off coloco a ação na universidade onde ele estuda, na Faculdade de Filosofia. A ação acontece alguns meses depois da despedida do professor, fim do curso no instituto.

Depois da nossa entrevista, no início deste ano, fiquei sabendo de inúmeros “Pols” brasileiros Brasil afora, jovens que tiveram suas vidas transformadas por um professor. Merlí conseguiu colocar, de alguma forma, o professor de volta ao mais alto patamar? Algo que, pelo menos aqui no Brasil, não é comum.
Bem, sim, e eu amo saber que muitos jovens foram influenciados positivamente por um professor, porque é algo que se lembra e se leva por toda a vida. O meu tempo na escola também foi muito interessante. Eu não queria que chegasse sexta-feira. Eu gostava de segundas-feiras! Um professor sempre será dramaticamente um personagem interessante.

Você gostava das aulas de Filosofia? Qual era sua disciplina preferida?
Sim, eu amava. Ética era a que eu mais gostava.

Voltando para a série, qual foi o momento mais importante na relação entre Merlí e Pol?
Certamente, quando ele ajudou com o trabalho sobre Hegel, na terceira temporada. Quando Pol percebeu que não sabia tanto quanto ele havia acreditado, e então Merlí disse a ele que seu trabalho estava uma merda, e que ele tinha que refletir mais profundamente sobre o tema.

Como surgiu a ideia de construir uma história especificamente sobre Pol Rubio? Foi depois do fim da série?
Sim, a proposta veio da Movistar há alguns meses. Eles estavam animados e a verdade é que a ideia me contagiou. Foi claro para mim que a história deveria ser sobre Pol, seu discípulo.

A ideia é que Pol Rubio seja ainda menos convencional do que Merlí?
Não. Porque ele ainda não é professor. Esta série lidará com o processo de amadurecimento de Pol, além de seus novos colegas de faculdade.

Quais são os desafios que Pol enfrentará que Merli não enfrentou precisamente porque ele pertence a outra geração?
Suponho que, no futuro, ele terá que lutar como todo mundo, com as mudanças na geração a que ele ensina, mas no fundo os jovens também não mudaram muito. Eles sempre têm os mesmos medos, inseguranças etc… Pol está bem treinado.

Merlí acabou se tornando uma lição de como tornar atraente o ensino para jovens. Você ainda está muito surpreso com o sucesso da série?
De alguma forma eu me acostumei com isso. Mas estou surpreso que ainda existam muitas pessoas que assistem à série, e fazem isso em poucos dias, quando eu levo anos para escrevê-la! Agora, com o Netflix e outras plataformas, tudo é tão mais rápido. Estou muito feliz com o sucesso da série na América Latina. Tem sido um presente para mim todas essas expressões de afeto que vêm do Brasil, da Argentina, do Chile, da Colômbia…

 

Eliana de Castro Escrito por:

Fundadora da FAUSTO, é escritora, mestre em Ciência da Religião e autora do romance NANA.