Snowpiercer

Depois de dois filmes maravilhosos, assisto ao meu terceiro do diretor Joon-ho Bong. E mais uma vez não me desapontei. Foi o que eu menos gostei, mas não adianta fazer muitas comparações. O filme é uma co-produção entre quatro países, baseado em uma HQ francesa, falado em inglês na maior parte do tempo, com atores americanos. As diferenças no estilo de filmar me parecem grandes, mesmo conseguindo achar pontos que me lembram os outros dois filmes. 

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Snowpiercer é um daqueles filmes que chegam aqui no Brasil de mansinho, sem fazer muito alarde. E olha que poderiam fazer alarde, se quisessem, pois ele é todo grande. Enquanto assistia eu pensava: qual a diferença desse filme para algum da Marvel, no que diz respeito a atrair público com ação frenética e efeitos especiais? De verdade mesmo, eu achei este melhor do que um blockbuster comum, mas o que eu queria entender é porque tão pouco se falou desse filme.

Eu sei que muito se explica no marketing, mas mesmo assim, acho que tinha potencial para virar um queridinho como aconteceu no início deste ano com o novo Mad Max. Mad Max é um filme todo de ação com uma pitada de loucura e demência, montado de um jeito frenético. Será que dá pra entender a comparação? Foi mais ou menos isso que eu senti em Snowpiercer.

O longa inteiro é dentro de um trem, e dá pra dizer que é uma jornada (a jornada do herói com algumas variações) do protagonista pelos vagões. A gente acompanha o Curtis (Chris Evans) do rabo (cauda) até o motor, que fica lá na frente, onde está o vilão. Tudo funciona como se você fosse passando de fase num bom jogo de vídeo game.

Snowpiercer

Como eu nunca vi um filme de ação que se passa todo dentro de um trem, não tinha a menor ideia do que poderia acontecer. E isso foi muito bom, lógico. As cenas de ação foram tão bem montadas, foi onde mais consegui ver as marcas do diretor. Pelo pouco que conheço dele (pouco conheço mas já admiro tanto, hehe, não pude perder a piada) notei que ele não é muito enganador. Todas as cenas estão ali por uma razão, o que é bem diferente da maioria das cenas de um blockbuster genérico, enchendo linguiça como ninguém. Eu sei que esse filme não se enquadra exatamente como um blockbuster, mas pra mim ele tá mais pra isso do que pra um filme todo conceitual e interessado em ser, digamos, arte desinteressada. E eu adoro isso. Não tem nada melhor do que ver um bom filme de ação com uma boa história. Um diferencial foi que a crueldade das coisas, da vida, dos sistemas sociais, que normalmente é amenizada em filmes de grande bilheteria, não foi escondida aqui. Talvez isso separe uma produção assim de uma franquia de super-herói? Não sei. Sem soltar muito spoiler, só posso dizer: não se apegue muito aos personagens.

Tilda Swinton quase irreconhecível

E claro, o mesmo ator dos outros dois filmes que eu vi deste diretor estava aqui em Snowpiercer. Como era uma produção internacional, pensando inclusive no mercado ocidental,  ele não pôde ser o protagonista (aliás, o Capitão América estava muito bem no papel), mas foi quase isso. A moça que interpretou a filha do sul-coreano, que também foi filha dele em O Hospedeiro estava mais velha. Foi muito bom vê-los por ali, e ainda falando na língua materna. Pra mim isso foi uma vitória.

Mas não há só o que se elogiar. Pois é, o fim foi bem anti-climático. De repente tudo o que pra mim eram os pontos positivos do filme se desvaneceu. Ele ficou previsível, chato, com falas toscas e começou uma verdadeira enrolação. Só serviu para eu entender o porquê de o vilão manter tanta gente que ele desprezava à toa sofrendo no último vagão, porque até ali ninguém tinha explicado.

No fim, digo que ainda quero ver mais filmes do Joon-ho Bong, mas que Snowpiercer não chegou ao nível dos outros. 

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