Dennis Gansel, diretor deste longa, afirma que “não acredita que os filmes são capazes de ter um impacto político maior sobre os espectadores e que um filme só pode influenciar as pessoas que já estavam sensibilizados para o tema apresentado“. De fato, ele está certo.
Hoje, mais do que nunca, é possível perceber que não importa como a verdade seja jogada, desde uma forma mais didática e digerível, até a mais crua e complexa; quem não quer enxergar o que está acontecendo, não vai enxergar. Contudo, não podemos nunca deixar de estimular o senso crítico; de questionar verdades tidas como absolutas; de ir contra o sistema!
A Onda é baseado no livro “The Wave”, de Todd Strasser (sob a alcunha de Morton Rhue), que trata-se de uma história ficcional, mas que foi baseada em fatos reais: em abril de 1967, em uma escola de ensino médio em Palo Alto, na Califórnia, o professor Ron Jones fez o experimento mostrado no filme com os seus alunos, e o chamou de “Third Wave” (Terceira Onda). Veja o documentário sobre este experimento clicando aqui.
Com um roteiro fluido e muito interessante, uma ambientação de fácil identificação por parte do espectador mais jovem e ainda excelentes atuações, com grande destaque para Frederick Lau, na pele de Tim. Este filme deveria ser um item obrigatório na vida de qualquer pessoa.
Desde o rigor com que devem se dirigir ao professor (Sr. Wenger), até o uso de um uniforme (uma blusa social branca), passando pelo desprezo e não aceitação de outros estudantes que não tenham aderido à Onda (nome pelo qual o movimento passa a ser denominado), exclusão de membros que não se adequem e ainda uma saudação própria; o movimento vai ganhando força dentro da escola (e fora dela), atraindo adeptos, despertando uma profunda paixão de seus integrantes, principalmente pelo sentimento de pertencimento; de unidade; de equipe.
O professor se empolga com todo aquele movimento, ainda mais que seus alunos passam a apresentar um desempenho muito melhor após a adesão, entretanto, quando vê que um dos alunos possa ter ido longe demais com a ideia do movimento, entende, principalmente após conversar com outro aluno, que é o momento de parar.
É então, que ele decide fazer uma confrontação arriscada: leva o movimento até sua última instância, ameaçando a vida de um dos adeptos e quando vê que a maioria entende a gravidade daquele movimento, que chega aos poucos, com ideias que, inicialmente são inofensivas, mas que depois tomam grandes proporções; decide então, dar fim aquilo. Porém, o fascismo, mesmo que em sua forma mais ‘branda’, é uma ideologia perigosa.
Por isso, mais do que nunca é necessário o questionamento e, acima de tudo, o senso crítico em situações onde o fascismo está se espalhando de forma brusca e aterrorizante. Para aqueles que creem que tudo isto não passa de um mero exagero, além da história estar aí para comprovar que não é exagero, percebemos que mesmo em situações mais simples, como a do filme, após o fascismo se implantar, o que se pode esperar é apenas a tragédia. Não deveríamos pagar para ver.
Título Original: Die Welle
Sinopse: Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.