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Últimas opiniões enviadas

  • Caio

    Dada a premissa do filme, ele poderia ser algo como um Bildungsroman excelente. Não consigo lembrar agora de filmes que narram a ~maturação~ de um personagem, mas poderia citar muitos romances para comparar. Para ser breve, lembro de Wilhelm Meister, de Goethe. Você tem lá um garoto apaixonado pelo teatro de marionetes que aos poucos vai desenvolvendo uma visão menos idealista do mundo da arte quando entra para uma companhia de atores, você o acompanha tentando achar meios de realizar o que pensa ser sua vocação no meio social em que está envolvido, etc. Quer dizer, há muita coisa acontecendo no processo de vir-a-ser-um-homenzinho. Boyhood não tem nada disso. Não é como se Mason tivesse qualquer expectativa em relação a qualquer coisa, ele fica naquela vibe de "yeah, whatever, dude". Entendo que é possível que a ideia fosse esta mesma: um anti-romance-de-formação, um anti-filme. Certo, mas o que há de tão espetacular nisso? Sugiro como próxima Grande Ideia filmar um adolescente dos 12 aos 18 anos sem sair do quarto, só jogando videogames e postando memes em fóruns do UOL.

    As citações ~culturais~ também são bem triviais. Aquela frase sobre os Beatles poderia ser interessante para uma postagem no Facebook, mas não vai muito além disso. A própria conversa sobre o Facebook não é, digamos, primorosa. Acho que faltou neste filme o wit dos diálogos da trilogia Before (entendo quem não gosta dela). Não, espera, poderia ser pior: Mason poderia soltar do nada um "a existência precede a essência", ou algo assim. OK, não é como se assistir a Dragon Ball tivesse que levar o personagem a pensar sobre as Grandes Questões do Universo desde a infância, mas todas as coisas que ele conhece, de Harry Potter a Kurt Vonnegut, não parecem provocar a menor impressão nele. Há quem goste do filme porque consegue identificar cada ano a partir das canções. Se algum diretor brasileiro tivesse tido antes a ideia de fazer isso acho que eu ficaria depressivo por saber que identificaria Os Tribalistas, Skank, Jota Quest, etc. Seria uma experiência comum a muita gente, mas não consigo imaginar que nostalgia evocativa isso poderia ter além de toda a joie de vivre daquelas tias que só cantam sertanejo brega dos anos 80. Os gostos mudam e se emocionar com cada coisa que você um dia já gostou é sinal de imaturidade emocional.

    Não precisava ser uma Ilíada. O garoto não precisaria justificar sua existência com algum ato heroico. Mas, não sei, poderia acontecer alguma coisa.

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  • Filmow
    Filmow

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    Boa sorte! :)

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