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sem pressa

Últimas opiniões enviadas

  • Claudio

    é urgente. antes de tudo, bacurau é um filme sobre apagamento, é essencial para se pensar o entre-lugar que ocupamos enquanto colonizados e sobre como reivindicar um espaço-coletivo atravessado por corpas, falas e afetividades.

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  • Claudio

    Primeiro já vou avisando que esse textinho ta gigante pq basicamente sai analisando o filme cena a cena, mas nisso eu expus com argumentinhos(rs) a minha opinião e admiração pela forma como cmbyn conta sua história e desenvolve seus personagens. Sentem ai, peguem um vinho e vamos.

    Vou começar pelo que eu sabia antes de ver o filme. Eu sabia que era uma história de coming of age, eu sabia que era muito sexy. Então eu estava no aguardo de um simples conto sobre despertar sexual e autodescoberta, mas Call Me By Your Name é muito mais que isso.

    O centro do filme e sua força motriz é, obviamente, o Elio, que é absurdamente interpretado por Timothée Chalamet, num dos melhores retratos da adolescência que eu já vi num filme.

    Elio é muito, muito inteligente, Elio é bonito, Elio é amado por todos ao seu redor e parece ser muito confiante e ciente do quão incrível ele é. Ele parece ser ciente, mas a forma como as coisas são diferentes do que aprecem é um dos temas explorados na primeira hora do filme.

    O garoto de 17 anos é na verdade tão inseguro quanto qualquer um seria nessa idade, e Chalamet incorpora tanto o eu exterior quanto interior do Elio com um talento tremendo. Está no modo como ele olha para o mundo, está no modo como ele reage quando sua mãe lhe conta que Oliver gosta muito dele, tudo na performance do Timothée está gritando o que Elio esconde por dentro, se você estiver disposto a olhar. E essa imagem que Elio transmite, seu eu exterior, é posta em risco no momento em que Oliver chega à sua casa. Oliver também é inteligente, atraente e amado, e sua confiança é, por sinal, a primeira que o garoto italiano comenta quando o vê, pela janela do seu quarto.

    E então começa, Elio simplesmente não pode viver tendo esse cara, um exemplo vivo de tudo que ele é apenas por fora, andando pelo seu território. Então sua reação Imediata ao americano bonitão é desprezo e ódio, chegando até a comentar com seus pais o quão arrogante Oliver é. Existe até uma cena em que ele fica genuinamente irritado com "O Usurpador" pela forma como ele toca seu corpo. Mas então chega a cena do piano. A sequência se inicia do lado de fora da casa, quando Oliver, pela primeira vez, elogia Elio pelo que ele toca no violão, e Elio o chama para dentro da residência e "fica se mostrando" descaradamente, aproveitando o fato de eles estarem num campo em que ele supera Oliver com facilidade, a música. E qual a reação do Oliver? Ele parece humilde e admirado pelo talento do jovem rapaz, deixando-nos ver pela parede de sua autoconfiança pela primeira vez. Algo que ele repete ao ler um trecho de seu livro para Elio e se admirar pela "gentileza" do garoto ao lhe dar sua opinião. Na cena que sucede os acontecimentos ao piano, Elio já está se culpando pela forma como se comportou e percebendo que Oliver é na verdade um cara legal, revelando que o que ele não podia suportar era que o homem que ele considerava ser seu superior podia não gostar dele por causa da "fraude"(um pouco forte demais, mas vcs entenderam o conceito) que ele acredita ser.

    Mais tarde naquele mesmo dia, Oliver beija uma garota, Chiara, e Elio se encontra incomodado por isso. Por que? Marzia até lhe pergunta. Ele estaria com ciúmes de Chiara? E talvez esse tenha sido o momento em que ele começou a perceber de quem ele estava com ciúmes na verdade.

    O que se segue é o Elio tentando se conectar com o homem mais velho falando exatamente sobre as coisas que estão lhe incomodando, como uma forma de fingir que ele não se importa. De novo, agindo com confiança quando ele está desesperado. Mas a conversa não é bem recebida já que Oliver não consegue ver verdade nessa atitude vindo de alguém que tem lhe tratado com tanta frieza. Eventualmente, eles chegam numa “trégua”, e é interessante que na cena seguinte nós os vemos gritando os nomes um do outro. Até aqui, eles ainda são eles mesmos.

    Ao chegar em casa, Elio está louco para achar Marzia. De novo, por que? No dia anterior ele tinha passado a chance de transar com ela. Por que ele quer isso tão loucamente agora? Nós descobrimos isso logo em seguida
    , quando ele cheira os shorts de Oliver, louco de desejo.

    Motivado pelo livro que sua mãe lê para ele (que, por sinal, é a metáfora perfeita pra tudo que foi dito aqui), Elio toma a iniciativa. Ele se expõe completamente, ele diz a Oliver o quão pouco ele acredita saber, ele diz o quanto ele tem medo do julgamento do outro, e, assim como a princesa do livro, o americano hesita sentindo alguma armadilha, enquanto o italiano, diferente do cavaleiro, não desvia do assunto ou foge. Na verdade, a forma como ele agarra a virilha do seu amado é o exato oposto de desviar do assunto e fugir rs. Mas por que a princesa hesita? Falaremos disso depois.

    Depois desse confronto, Elio vai até Marzia. Uma forma de aliviar sua energia sexual? Uma forma de se convencer que ele não precisa do homem com o pingente estrelado? Mas finalmente, depois da adorável sequência em que tanto Elio quanto Oliver mostram o quanto estão ansiosos pela meia noite ao olhar obsessivamente para seus relógios, os dois homens se entregam mutuamente, e quando ainda estão na cama, depois de fazer sexo pela primeira vez, chegamos na emblemática cena que intitula o filme. “Me chame pelo seu nome e eu te chamarei pelo meu”. Uma troca. Oliver vira Elio e Elio vira Oliver. E é aí que nós podemos olhar de perto para o amante mais velho.

    Quando Oliver acorda na manhã seguinte, o que nós vemos é diferente da persona que nos acostumamos a assistir. O rapaz americano está atormentado pela frieza do seu amante, temendo até que o mais jovem possa usar os eventos da noite anterior contra ele. Então agora nós entendemos a hesitação da princesa. Oliver temia que Elio só quisesse um lance de uma noite, que o deixaria com o coração despedaçado. Ele não podia confiar seu corpo, seu amor ao mais jovem sem saber que o que eles teriam seria real. É lindo ver Oliver num estado tão frágil e é interessante notar que se você mostrasse apenas esse pedaço do filme a alguém, a pessoa poderia acreditar que a história é centrada em Oliver, porque Luca Guadagnino fica com ele, assistindo-o de perto, afinal de contas, a história foca em Elio, e nesses momentos, Oliver É Elio. O mais velho toma o controle de volta, claro, ao provocar Elio e o deixar sem folego e com uma ereção no outro lado da porta, mas os papeis ainda estão trocados, e pelos próximos minutos nós vemos os dois estando tão abertos e vulneráveis e honestos quanto podem, culminando na icônica cena do pêssego, que brilhantemente começa como um momento de sensualidade, curiosidade e liberação, e termina como um momento de corta o coração de pura exposição emocional.

    E então eles viajam, e então Oliver se vai, e então nossos corações se partem e somos conduzidos ao monologo estarrecedor do pai de Elio, um discurso que discretamente revela muito sobre a figura inspiradora que é tão estranhamente magnifica como pai. Alguns podem dizer, e eu era um desses, que quando o velho homem fala sobre sempre querer ter tido uma experiência como a do filho dele ele está se referindo apenas a uma relação tão poderosa quanto a que o jovem teve, mas então Elio pergunta “a mamãe sabe?” e a resposta é “eu não acho que saiba”. A mãe de Elio claramente sabia sobre ele e Oliver, é ela que incentiva o filho a chegar no amado, que traz a possibilidade de eles viajarem juntos, e o menino confirma mais tarde que os pais dele sabem sobre o romance. Então a única coisa que Elio poderia perguntar que teria como resposta “eu não acho que ela saiba” é “a mamãe sabe que você também gosta de homens?”. Isso desenvolve o personagem do pai a um outro nível, fornece uma fonte para a sabedoria que ele mostra ter no discurso, e explica porque ele apoiava tanto o romance do seu filho. Afinal, os pais sempre lutam pra que seus filhos tenham o que eles não tiveram, não é?

    O tempo passa, uma nova estação chega e Oliver finalmente faz um telefonema para a família italiana, trazendo notícias devastadoras e um ainda mais comovente “eu lembro de tudo”. E Elio também se lembra, ele não vai esquecer, ainda dói, e Timothée Chalamet explode com talento ao sentar em frente àquela l
    areira e, como MUITO bem colocado por Letícia Acioli “pensa. E chora. E pensa. E chora. E se lembra. Sorri. Então é chamado de volta a realidade ao ouvir seu próprio nome como um eco lá no fundo. Olha para o lado. Olha para a câmera, diretamente para nós, como se dissesse "eu vou ficar bem". E então vira a cabeça em direção a sua mãe, finalmente deixando de ser Oliver e voltando a ser Elio, mesmo que um Elio completamente diferente do que conhecemos no começo do filme”. Ele não é mais o mesmo “algo só se mantém igual ao mudar” diz a análise que Oliver faz de Fragmentos Cósmicos, de Heráclito. Por ele ter deixado de ser ele, por ele ter sido Oliver, e ter tido Oliver servindo como o seu Elio, olhando para ele com amor admiração, dando-o validação e confiança, ele é agora um novo homem, igual ao anterior, mas agora com certeza de quem ele é.

    Essa é a beleza desse filme como uma história de amadurecimento. Elio cresce não por mergulhar profundamente dentro de si e despertar sua sexualidade, mas por se distanciar de si mesmo e se tornar alguém diferente, entendendo quem ele é ao se ver de fora.

    Também é lindo perceber como o filme desenvolve seus personagens. Eles agem e você compreende suas ações, um feito alcançado por um roteiro excelente, abraçado por uma direção meticulosa e lindamente atuado por seu elenco compromissado. O que temos aqui é uma obra que dá um pequeno tempo a um personagem coadjuvante e consegue, nesse momento, nos fazer refletir sobre todas as suas atitudes ao longo do filme, vendo que elas fazem todo o sentido.

    E essa é só uma das razões pelas quais esse é um dos melhores filmes desse ano. É delicado, é feito com cuidado, é inteligente e é complexo debaixo de sua superfície. Um trabalho deslumbrante que merece toda sua aclamação, e pra entender o motivo você só precisa superar qualquer expectativa que você possa ter criado por hype, jogar fora qualquer preconceito ou ódio ao filme por causa da sua premissa ou dos seus fãs e olhá-lo de perto. Tente entende-lo. Tente senti-lo. Você estaria dando a si mesmo um presente maravilhoso.

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  • Claudio

    Assistir a este filme, que por si já é uma experiência catártica, numa tarde ensolarada de verão faz com que a experiência transcenda mais um pouquinho.

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