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Si belle! Cybèle?

Últimas opiniões enviadas

  • Helder M

    A tribo mostrada no filme é o povo da etnia Selk'nam, da Terra do Fogo. Já havia lido sobre eles anteriormente (pesquisando sobre a limpeza étnica na Argentina) e fiquei fascinado e comovido pelo seu acaso. Vale uma pesquisa sobre. Achei interessante que a única cena de assassinato dos indígenas pelos colonos é meio camuflada pela névoa no cenário, e a cena mais gráfica é em tom de misericórdia. O mais brutal é apenas contado ou mencionado. O fato do filme ocultar boa parte desse massacre, talvez até por causa de orçamento, no final corrobora para a visão que a obra tem sobre a história de uma sociedade que precisa lidar com seus pecados contra a humanidade, e que são muitas vezes embaçados ou apagados pelo tempo.

    Gostei de como faz uso de tropos do Western norte-americano para criar uma correlação com outros povos nativos oprimidos, contrapondo a visão do que esse tipo de gênero defendeu no passado. O modus operandi é o mesmo quando se trata de colonialismo. Essa relação se dá também pela inserção de um personagem natural dos EUA que efetivamente participou de massacres de autóctones em seu país. Só achei que a relação entre os personagens (um mestiço, um ex-soldado britânico e esse 'cowboy') poderia ser melhor explorada. Com exceção do mestiço, que age para garantir a própria sobrevivência, o que os liga é o gosto pela violência. Daí a cena na qual esses milicianos e alguns soldados que encontram no caminho, para se divertirem, só conseguem disputar jogos no qual a força e a violência estejam envolvidas.

    O final se resolve muito bem, tendo Kiepja como a grande personagem. Ela contra-argumenta a ideia de justiça através do registro histórico, pois na época a maioria desses povos já haviam sido eliminados e seus perpetradores eram pessoas totalmente ligadas ao funcionamento do sistema, como o filme deixa claro. O personagem José Menéndez, o "Rei da Patagônia", é baseado numa figura real da história chilena e seus crimes só vieram a ser descobertos em 2008, 90 anos após sua morte. Seu capataz, Alexander MacLennan, também existiu. Apesar de se apresentar como Rosa, por uma imposição de um sociedade que prega a assimilação do que restou dos povos originários, ela ainda só responde como Kiepja. Um boa estreia em longa metragens do diretor Felipe Gálvez.

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  • Helder M

    Gostei de Loving Vincent (Com Amor, Van Gogh, 2017), trabalho anterior de Hugh Welchman, mas esse é bem inferior. Não li o romance no qual foi baseado (Camponeses de Wladyslaw Reymont, 1904), mas essa adaptação tem pontos problemáticos, a começar pela personagem Jagna, que cambaleia estranhamente entre o estereótipo da mulher lasciva e individualista e o da inocente violada e sensível. Por um lado ela não parece ter o mínimo de empatia com outras personagens femininas, como Hanka, esposa de Antek, camponês com quem tem um caso amoroso, e por outro lado se importa com o destino de uma ave ferida. Não reprime o desejo sexual, ao mesmo tempo que cria delicados e infantis recortes de papel como passatempo. De certo modo contribui para o conflito entre a opressão cultural de uma comunidade patriarcal e uma individualidade de caráter elusivo da personagem, mas por outro lado torna difícil manter uma conexão que nos faça importar com seu destino final. A condução da história, que trata também de outros temas como rigor da vida no campo, conflito familiar e luta pela terra, não oferece um olhar mais aprofundado sobre tais problemas. A animação, assim como Loving Vincent, usa uma técnica de pintura sobre atores reais, mas o resultado aqui não é harmonioso, nem tem tanta razão de ser como no filme anterior (ainda que faça algumas homenagens a algumas pinturas clássicas). A técnica de pintura só efetivamente é interessante quando substitui a câmera para criar alguns travellings e transições mais elaborados. Entretanto, ainda que cause algum deslumbramento inicial, parece mais perfumaria que não acrescenta nada mais substancioso.

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