Fábio Costa Nascimento

A despeito do notável pioneirismo da Bauhaus que impulsionou o sonho de modernidade nas artes, design e arquitetura no início do Séc. XX , tendo inclusive o seu mais importante diretor Walter Gropius anunciado que "não existe diferença entre a força e a beleza dos sexos" a discriminação de gênero era uma realidade nesta escola e uma luta a ser enfrentada pelas mulheres. As experiências e dificuldades vividas por elas são bem retratadas neste belíssimo filme; mais tarde, com a ascensão do regime nazista, não apenas as mulheres foram oprimidas e sim todo o talento, expressão artística, inovação e criatividade, com isso, aquela fantástica experimentação e entusiasmo da Bauhaus tem seu fim. Filme delicioso de se assistir.

Headhunters começa elegante, esbanjando charme, atraindo o espectador pra esse universo de ostentação, arte, beleza e elevada classe. Centrado em um indivíduo baixo em todos os sentidos, que originalmente não pertencia a este belo mundo, mas que pra chegar e se manter nesta alta posição está sujeito a descer até mesmo ao . . . ‘’inferno’’. Quando o outro lado é mostrado com toda sua sujeira, o filme já se transformou e você sente o protagonista bem mais próximo, mesmo com tantas reviravoltas e sabendo que ninguém é confiável você se importa e se surpreende torcendo por ele.

A pequena chama do primeiro amor exibida neste belíssimo pôster é bem retratada no filme que mostra situações típicas e ATUAIS da adolescência no tom certo, sem partir pro besteirol e com o foco na emoção. O jovem ator principal foi bem convincente, conseguia oscilar entre o lado infantil e pré-juvenil com naturalidade, mesmo com poucos diálogos percebemos exatamente o que ele está sentindo, passa também algumas ‘’tradições’’ russas como: adultos que bebem vodka como se fosse água, inclusive professor em plena sala de aula, O filme trabalha muito bem a trilha sonora em cenas lindíssimas e poéticas, que reproduzem aquelas memórias dos bons momentos que guardamos desta fase da vida.