Gabriel Tarna

E é isso que o protagonista faz, tenta driblar a rotina diária prestando atenção nos pequenos detalhes de seus dias: No vento balançando as folhas das árvores no qual ele faz questão sempre de levantar a cabeça e olhar quando saí de casa, no hobby de fotografar as árvores na qual ele descobre ser 'amiga dele', na natureza que ele cultiva através das plantas, na música que ouve quando vai e volta do trabalho, nos pequenos detalhes observando a movimentação das pessoas pela cidade, e até mesmo de prestar atenção nos detalhes da limpeza minuciosa que ele faz nos banheiros. É um personagem detalhista, que fala muito através de gestos e atitudes, sem precisar de palavras.

Também é um filme que reflete sobre memória, nostalgia e passagem tempo, em determinado momento, quando a irmã dele vai buscar filha que fugiu para a casa dele, ela cita uma pessoa e pergunta: "Você não vai visitá-lo? Ele já não lembra de nada, não é o mesmo de antes", provavelmente essa pessoa é o pai deles, que provavelmente está com Alzheimer , que é uma doença que afeta a memória e faz as pessoas esquecerem do tempo e da vida que tiveram. E em outro momento, ele não consegue reconhecer o que havia em um terreno que estava em obra, será um sinal que, tal como o pai, também está desenvolvendo Alzheimer ?

Outra coisa que o filme deixa claro nas entrelinhas é que rola um flerte entre ele e a moça do bar, que sempre dá porções maiores de comida para ele. E quando ele 'flagra' essa moça abraçada com o ex-marido, corre para beber e fumar, coisas que nitidamente ele não tem costuma de consumir, mas usou como uma válvula de escape ao ver a mulher que ama abraçada com um homem, até então, desconhecido.

O final de filme é esplêndido, ele chora e ri ao mesmo tempo.
É o tempo é assim, a gente chora e ri durante a nossa jornada da vida por ele.