Eliseu

Esse filme possui diversas camadas interessantes para quem curte cinema. Dispensável falar da excelente atuação de Dafoe e das escolhas que ele faz : em minha opinião é o melhor ator em atividade, há muito tempo. Fotografia muito caprichada colabora para o clima tenso do filme. Um aspecto que achei interessante é que a própria cobertura é um personagem super intrincado que contracena com Nemo (Dafoe) - aquela amplitude toda, com um pé direito insano e uma decoração bastante singular que reflete bastante a personalidade do personagem oculto que é o dono. Aquele apartamento repleto de obras de arte - que Nemo tenta roubar - é uma enorme armadilha com a qual o personagem luta na tentativa de escapar. Segundo o diretor e o próprio Dafoe, cerca de 30 % do filme foi feito fora do roteiro, na medida em que Dafoe e Katsoupis trabalhavam naquele cenário e construiam o andamento de várias cenas. Uma grata surpresa.

Para mim, o lance desse filme é o clima ... com muito pouco, produz tensão o filme inteiro. Bonito de ver o cinema argentino : faz muito com recursos modestos !

Robert MacCall é um justiceiro que coloca todas as suas habilidades, que foram adquiridas para as ações não tão justas do governo, a serviço de salvar pessoas comuns das garras de criminosos organizados ou vingar a morte de pessoas queridas. Robert não possui glamour, é um sujeito disciplinado, com hábitos prosaicos, trabalha em atividades comuns e se mistura entre as pessoas comuns, não responde a nenhuma chefia cabulosa e isso torna suas ações ainda mais impactantes. Esses 3 filmes possuem roteiros simples mas, a meu ver, altamente satisfatórios : o bem vencendo o mal - simples assim - ou ... pelo menos, empatando (como no caso do cap.2). Nesse teoricamente "último episódio", os belos cenários italianos e sua ligação com a comunidade de uma pequena cidade tornam o filme especialmente bonito, com a cereja do bolo que é Dakota Fanning reencontrando seu protetor depois de duas décadas do maravilhoso "Chamas da Vingança".