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Últimas opiniões enviadas

  • seth

    Acho interessante quando um filme é criticado por "diálogos desnecessários", cenas que "não contribuem para a trama", e afins. Esse tipo de comentário revela o pensamento utilitarista do grande público, que repete termos que ouviu em críticas aqui e ali, mas que tem uma visão simplista do que um filme pode (ou "precisa") ser.

    Boa parte das pessoas acredita que um filme tem a obrigação de focar numa história, com começo, meio e fim. Daí, tudo o que não serve ao propósito do relato objetivo não vale; é perda de tempo; é erro. Como se uma obra cinematográfica fosse uma matéria jornalística.

    Outra crítica frequente a Amsterdam que ecoa clichês é que o filme "se arrasta". O utilitarismo quer que um filme, além de útil, vá logo ao ponto. Afinal, é o ponto que importa. O filme tem ou não tem um objetivo? E, se tem, por que perder tempo com qualquer coisa que não o alcance desse objetivo? Imagino que as pessoas que viram o filme com essa ótica não suportariam O Fabuloso Destino de Amélie Poulan.

    Dalenogare foi citado aqui algumas vezes, por afirmar que os cinco minutos finais de Amsterdam revelam uma história incrível que poderia ser um filmaço. Mas me incomoda a ideia de que toda grande história precise resultar num grande filme. Ou que todo filme precise ser grande ou importante. Parece que o filme tinha obrigação de ser mais sobre história e política do que sobre o que ele realmente é — amizade, amor, e liberdade.

    Tudo bem acreditar que fatos históricos sejam mais importantes do que aventuras românticas. E tudo bem acreditar que fazer um relato sério de eventos reais seja mais valioso do que usá-los como pano de fundo para um argumento idealista. Mas é um erro esperar que o cinema ou a obra cinematográfica estejam sob a obrigação de obedecer aos mesmos valores que nós.

    Tenho também dificuldade de acreditar que as pessoas que alegam que o elenco de peso foi desperdiçado tenham maior noção do significado de Amsterdam do que os atores que aceitaram participar do projeto, com plena noção de que teriam pouco tempo de tela. Quero dizer, se Chris Rock acreditou que valia a pena participar do longa quase que apenas como alívio cômico, é mais provável que ele tenha visto algo de valor nessa obra que me passou despercebido ou será mais provável que eu tenha maior noção do que o ator a respeito de como deveria escolher seus papéis?

    Amsterdam certamente não é o filme do ano, e nem acho que tentou ser. Creio que O. Russel fez do filme exatamente o que queria, talvez errando a mão de leve na edição, somente. Mas o filme não é para o grande público. É especialmente para espíritos livres e artistas.

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  • seth

    Vou falar com quem gosta de arte: não escute aos protestos “Marilyn merecia mais que isso”, “muita nudez”, e “filme mentiroso”. São comentários conservadores. Muitas vezes, sem referências cinematográficas ou interpretação artística.

    Blonde é um filme maravilhoso; certamente um dos melhores do ano. Mas isso não significa que seja agradável de assistir. O problema do grande público criticando é acreditar que o cinema tem a obrigação de fazer você se sentir bem.

    Blonde é baseado no livro homônimo de Joyce Carol Oates, que frisa sempre que sua obra não é biográfica. Daí o filme ser uma obra de ficção, e é um erro atribuir a ele a função de alertar que não se trata de um documentário, já que ele não faz segredo sobre o livro que adapta. O filme não finge ser uma história real.

    Quem quer uma obra que proteja a imagem de Marilyn deve assistir a Sete dias com Marilyn. Blonde não tem essa preocupação e, para a mensagem que transmite, a demolição de Marilyn não é apenas válida, como essencial. Ela é um personagem do imaginário masculino, que sua intérprete sabe não ser real. Norma, na vida real e no filme, sabia fazer essa separação melhor que a indústria, o público, e a mídia.

    Em Blonde, não apenas separar Norma de Marilyn, mas matar a segunda, é deixar Norma livre de um personagem que está cansada de interpretar, que é a fonte principal de suas angústias.

    E a nudez? “Estão sexualizando Marilyn e De Armas”. Não. A nudez é tão presente porque Marilyn, na vida real, gostava de estar nua quando em casa. E também porque serve a propósitos relativos à mensagem do filme.

    De Armas (que não apareceu nua contra sua vontade) representa uma Marilyn Monroe exposta, vulnerável, o bastante para incomodar. É intencional que os olhos que sempre imaginam a mulher pelada tenham sua fantasia esfregada no focinho para entender que essa idealização não é romântica nem necessariamente bela.

    Norma, a pessoa real, não é a vítima de um diretor sem zelo por si. A vítima do filme é Marilyn: o símbolo da fantasia masculina misógina. Não a Marilyn biográfica, mas a Marilyn que, nesta obra, personifica a objetificação masculina da mulher. Essa Marilyn precisa ficar nua em vez de ser protegida e exaltada.

    O longa critica a misoginia e o machismo como um todo, bem como em Hollywood. Para isso, usa Marilyn como um símbolo da realidade da mulher dentro e fora da indústria do cinema. Isso não é um desrespeito a Norma, pois ela, dentro e fora de Blonde, sabia bem que Marilyn era exatamente isso, e demonstrava querer o fim desse ícone.

    Blonde quer dizer que, figurativamente, inúmeras mulheres vivem um pesadelo ao estar sob o constante holofote masculino, com suas câmeras, contratos, demandas, e principalmente sob o personagem que o imaginário masculino impõe sobre elas. Se causa mal estar, é porque acerta. Não é um drama em homenagem à real estrela Marilyn. É para fazer a gente sentir o que uma mulher idealizada e sexualizada e abusada sentiria. É para causar vergonha, desconforto, náusea, e revolta.

    Deve incomodar que tanta gente proteste pela conservação da imagem de Marilyn após assistir a esse enorme esforço artístico para destruir tal imagem frente à sua origem e problemática claramente expostos.

    Para terminar, direção original e impressionante, com uma fotografia e edição maravilhosas, trilha sonora diferente e delicada, e atuação magnífica.

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  • seth

    a imersão sensorial é real e muito bem produzida, com tomadas surpreendentes, e um estilo único

    quanto à trágica história e a relevância da jornada do protagonista, acho que não merece as quase três horas de duração, e não acrescenta muito

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  • Nenhum recado para seth.

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