Últimas opiniões enviadas
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Duna: Parte 2
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Novo filme do Studio Ghibli e do lendário Hayao Miyazaki, é mais uma obra inventiva narrativamente e linda visualmente, belamente rabiscada e animada.
Ao lidar com temáticas como amadurecimento, luto e perdão na infância, Miyazaki orquestra um anime maduro, mas que mantém o imaginário lúdico.
Existe um humor tragicômico presente em algumas cenas um tanto excêntricas, mas que são balanceadas com passagens emocionantes, conforme o protagonista vai se aprofundando nesse universo fantástico - e se auto descobrindo no caminho.
O roteiro não traz um vilão declarado, mas situações difíceis que precisam ser desenroladas, exigindo decisões e consequências. No mundo de fantasia, paradoxos são criados com o mundo humano real.
O Menino e a Garça será o provável campeão na categoria de Melhor Animação no Oscar 2024. E não é para menos. É mais um lembrete de como o cinema é uma linguagem e expressão artística universal, furando a bolha de Hollywood e dos Estados Unidos. Viva o cinema internacional.
Nota: 9
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Anatomia de Uma Queda
Ou, anatomia de uma relação falida. Ou, anatomia de um relacionamento tóxico. Ainda em tempo, anatomia de como julgamos o outro.
Ele caiu, se jogou ou foi jogado? Pouco importa! O que a potente diretora Justine Triet deseja aqui é dissecar, desmembrar, colocar uma lupa em como nós, expectadores (um júri), julgamos aquilo que só sabemos superficialmente, muitas vezes cegos por ideias pré-concebidas. Desconhecemos no próximo aquilo que ele enfrenta entre quatro paredes.
Espetacular atuação de Sandra Hüller, madura, complexa e que abriga camadas.
Camadas estas que vão sendo descascadas conforme o roteiro costura a anatomia da obra. A direção de Justine e a atuação de Sandra são um combo e um grande lembrete da força feminina, diante e atrás das câmeras.Fotografia belíssima e passagens tocantes contemplam esse thriller dramático, sempre sofisticado e pungente. Uma obra densa, difícil de digerir e que merece a aclamação que vem recebendo desde o último Festival de Cannes.
Obs: melhor atuação canina de 2023, tem uma cena de apertar o coração.
Nota: 9
Últimos recados
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Mths Gonc
Oi Léo, tudo certinho?
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Edkalume
Tudo certo Leo?
Escrevendo pra saber se você teria interesse de participar de um grupo de whatsapp sobre cinema.
Se sim, me dá um toque e a gente conversa. -
Leroy Green
Boa tarde! Eu vi que você é fã do Jason Scott Lee e no meu canal tem um vídeo contando a vida dele e com cenas raras da vida atual dele. Gostaria de te convidar pra dar uma conferida
Duna - Parte 2
This is cinema! (Martin Scorsese)
Épico, monumental, de tirar o fôlego. Uma aula de como se fazer cinema. Beleza e fúria transcendentes em imagem e som.
Por muito tempo, os livros de Duna de Frank Herbert foram considerados infilmáveis, tamanha complexidade. Mas o filme de 2021, no qual defendo muito, conseguiu trazer de forma palpável a atmosfera e densidade necessárias, por mais que seja uma obra incompleta, que serve apenas de introdução e contemplação à este universo. Meu medo era a continuação trazer apenas uma ação genérica e um desfecho apressado. Mas o que Denis Villeneuve faz é dobrar as apostas em tudo.
Efeitos especiais perfeitos, trilha sonora ensurdecedora e ação arrebatadora marcam presença. Mesmo assim, Villeneuve não simplifica nada, e o roteiro, as atuações, a complexidade e a urgência são elevadas ao máximo, em um dos filmes mais impactantes do cinema recente. É uma experiência elaborada para a tela grande e imersiva do cinema. Cada frame é pensado e enquadrado para o cinema! A direção de Villeneuve, a fotografia de Greig Fraser e a trilha sonora de Hans Zimmer trabalham em uníssono. São três deuses, três mestres no seu ápice.
Timothée Chalamet e Zendaya retornam liderando com convicção. Ele passa a insegurança de alguém franzino que teme o poder, mas que precisa tomar decisões difíceis que afetarão a todos. Ela passa a postura de guerreira, mas que duvida da profecia de se crer nesse salvador. A maravilhosa Rebecca Ferguson segue enigmática, roubando a cena com a personagem mais complexa da trama. Austin Butler é uma adição arrebatadora como o grande inimigo do protagonista, um vilão sádico e assustador, quase um "Coringa do espaço". Todo o elenco é estelar, coisa linda ver uma obra que não desperdiça um elenco desses, todos entregando muito.
Política, fanatismo religioso e a crença em um messias acabam sendo o ponto de partida para alegorias interessantes, sobre massas de manobra, genocídio, falsos messias e interpretações proféticas distorcidas, de acordo com a ambição de quem estiver "enxergando" o milagre. Tudo é denso, não existem saídas fáceis e o roteiro não nos poupa nada.
A contemplação, o peso das máquinas e vermes gigantes, o retumbar das explosões e corpos caindo, o som das partículas da areia ao vento, está tudo ali, mas com mais impacto do que nunca. Cinematografia espetacular, montagem frenética e crescente, é cinema bruto e puro exercício da imagética.
Uma ficção científica que marcará a nova geração e converterá muitos jovens em cinéfilos. Um milagre cinematográfico de crítica e público, um exemplo do porque a sétima arte é tão poderosa e sempre irá sobreviver. Oscar 2024 ainda nem aconteceu, e já temos o primeiro grande candidato ao Oscar 2025.
Cinema não fica melhor, não é mais cinema do que isso aqui. Um dos grandes filmes de 2024!
Nota: 10