Rafael Mesquita

Há muito tempo não via um filme que se tornasse um dos meus favoritos. Ao ver este, sem nenhuma pretensão, fiquei muito encantado. O desenvolvimento do roteiro, a trilha sonora, o próprio uso do preto e branco, realça muito não só o semblante/expressividade dos personagens, mas dá um toque simbólico a história. Esta descreve de forma muito incrível as diversas dúvidas que passamos na vida(especialmente após os 30, mas já serve para os vinte e tanto "anistas") e em especial, como é complicado e visceral se relacionar com quem gostamos de verdade.
Menudo peliculón!

Tinha tudo para ser um clichê de filmes "lgbt" (odeio esta alcunha, mas ok), mas o desenvolvimento da história, a sensibilidade dos personagens (e a própria questão feminista/empoderamento feminino) do filme, junto ao cenários te transportam para o filme. Senti-me preso do início ao fim e as muitas sutilezas que o roteiro traz, a parte de serem uma dose de poesia, também me agoniavam por não saber como tudo iria transcorrer. Lindo!

Após o razoável (para não dizer fraco para os padrões dos filmes anteriores) "Os Amantes Passageiros", "Julieta" é um suspiro de alegria para aqueles que gostam das obras de Almodóvar. O filme retrata a vida de Julieta basicamente em duas épocas: durante a juventude e nos dias atuais, desenvolvendo o roteiro em dois incríveis cenários: Galicia e Madrid. É muito bom poder ver a fotografia, as cores e o drama deste diretor novamente sendo demonstrados de modo incrível em uma história onde os fortes laços de amor entre uma mãe e seu filho tornam-se distantes e destruídos. A atuação de Julieta não é altamente trágica (no sentido de triste), mas retrata uma dor sutil, guardada, que quer se conter e logo se implodirá. Recomendo.