Greta Garbo está eficaz em seu primeiro talkie, como uma garota com um passado sombrio para encontrar o amor com o marinheiro durão Matt Burke (Charles Bickford), nesta estática adaptação da peça de Eugene O'Neill. Filmado simultaneamente numa versão em alemão (a preferida de Garbo e da maioria dos críticos), com outro elenco de apoio. Filmado anteriormente em 1923, com Blanche Sweet.
Greta Garbo está em sua forma mais atraente como Felicitas, a bela sedutora que se coloca entre os velhos amigos Leo (John Gilbert) e Ulrich (Lars Hanson). Pulsantemente romântico, lindamente filmado e com a provável melhor parceria amorosa do casal Garbo-Gilbert, o filme de Clarence Brown traz ainda um final surpreendentemente positivo e justo. A Trilha Sonora de 1988, realizada pelo especialista Carl Davis, é majestosa e deixa a história ainda mais convincente.
Um momento crucial no término da Segunda Grande Guerra ocorre quando os alemães montam um contra-ataque massivo final nas Ardenas. Este relato baseado em eventos reais torna-se um impressionante exemplar do cinema, notável por suas incríveis batalhas de tanques. Com mais de 160 minutos, não é um filme curto. Trata-se de um olhar frio e intransigente sobre a guerra, sem tentativa de pintar os estereótipos usuais ou fingir que estar do lado dos americanos garantiu a superioridade militar. Em vez dos alemães unidimensionais usuais, somos tratados com caracterizações perspicazes que pintam uma força corajosa e metódica. Liderados por um maníaco e frio Robert Shaw, os jovens são despachados para a morte quase certa. E de um centro de controle que não pareceria deslocado num filme de Bond, um ataque maciço de novos tanques é lançado. Liderados por Robert Ryan, os americanos estão desorganizados e enfrentam uma situação em que apenas a sorte pode parecer salvá-los. Quando o plano alemão passa a depender da captura de um depósito de combustível dos Estados Unidos, uma corrida se desenvolve com os Panzers à frente de um ataque total com seus temíveis tanques. Apresentando uma enorme quantidade de máquinas de guerra, este clássico em escala épica, apresentado originalmente em Cinerama e filmado em Ultra Panavision 70, conta com um elenco primoroso e seqüências de batalha grandiosas combinadas ao pavor que Robert Shaw gera como Hessler, o impiedoso coronel alemão.
Em enredo que lembra o de "Os Doze Condenados" (1967), este raro exemplar do Spaghetti Western contém vários rostos conhecidos do cinema americano e segue também no rastro de "Meu Ódio Será Sua Herança" (1968) ao retratar um elevado grau de violência. O então já veterano John Huston é quem rouba as cenas como General Miles, especialmente diante das insubordinações do Major Wade Brown (Richard Crenna).
Doce entretenimento para a família vagamente baseado na história real da freira belga Jeanine Deckers, cuja devoção se divide entre a vida religiosa, as causas sociais e a gravação de músicas de sucesso, até consagrar-se no The Ed Sullivan Show (com a presença do próprio). Debbie Reynolds, em derradeira atuação sob contrato da Metro, transmite o carisma ideal que a personagem central necessita. Último filme do grande diretor Henry Koster. Filmado em Panavision.
Ben é o centro do filme como um pai exasperante, arrogante e impaciente, mas também caloroso, amoroso e atencioso. Ele é um homem duro, mas adorável, um viúvo enlutado e um defensor apaixonado de seus ideais. Mortensen toca todas essas notas com sutileza e graça. Os temas instigantes do filme somam-se a um drama familiar acima da média com reviravoltas inesperadas, inclusive na linha de pensamento do personagem-título. Ao final, comprovamos que há virtudes e erros em ambas as formas de vida retratadas e que radicalismos nunca são as melhores opções a serem seguidas.
Rica cinebiografia de Henri de Toulouse-Lautrec, o artista parisiense do século XIX cujo crescimento físico foi prejudicado por um acidente na infância. John Huston capta de forma brilhante o sabor e a atmosfera de Montmartre, seus personagens e a visão tristemente distorcida de Lautrec sobre a vida e o amor para si próprio. O filme conta com excelente elenco e música tema memorável de Georges Auric. Vencedor dos Oscars por seus deslumbrantes Figurino e Direção de Arte, mas, inacreditavelmente, nem sequer indicado pela notável e pitoresca Fotografia em Technicolor de Oswald Morris.
Alain Delon é o assassino existencial definitivo nesta história de um matador que é contratado para eliminar o dono de uma boate, mas é traído por seus misteriosos empregadores. Delon nunca esteve melhor do que neste filme policial por excelência de Jean-Pierre Melville. Uma meditação maravilhosamente elegante sobre o crime e a solidão, que influenciou diretamente John Woo em seu "O Matador" (1989). Para expressar o mundo abstrato e glacial em que evoluciona o personagem-título, Melville encontrou facilmente o estilo adequado: extrema desnudez na encenação, escassez de diálogos (o silêncio tem papel essencial na película) e precisão nos detalhes, ao estilo de Jacques Becker e/ou Robert Bresson.
Embora reproduzido num registro cômico, o filme não esconde do espectador os horrores e a severidade nas trincheiras da Primeira Grande Guerra, além de denunciar o absurdo e a violência do conflito e as condições de vida miseráveis de civis e soldados. E ao retratar a convivência entre a dupla de heróis improváveis, também expõe fortemente sobre as amizades que cresceram entre combatentes de diferentes classes, culturas e regiões da Itália. Indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e premiada com o Leão de Ouro de Melhor Filme em Veneza, esta é a obra-prima-máxima tanto do diretor Mario Monicelli como do produtor Dino De Laurentiis.
Conto de espionagem de alto nível de Ben Hecht, ambientado no Rio de Janeiro pós-2ª Guerra Mundial, com Ingrid se casando com o espião Rains para ajudar os USA e o agente Grant. Sincero, tenso, bem interpretado, com clímax surpreendentemente cheio de suspense (e uma cena de amor memoravelmente apaixonada).
"OS BANDEIRANTES" E A REDESCOBERTA DE UM WESTERN-ÉPICO por Matt Hauske
"Os Bandeirantes" ("The Covered Wagon", 1923) é um dos mais importantes filmes na história do gênero Western. Foi o filme de maior bilheteria de 1923, faturando quase o dobro da arrecadação naquele ano em relação a "Os Dez Mandamentos" (The Ten Comamndments), de Cecil B. DeMille. Foi um dos filmes mais lucrativos dos anos 1920 e o Western campeão de bilheteria daquela década. Superou até "Em Busca do Ouro" (The Gold Rush, 1925), de Charles Chaplin. Dizia-se que era o filme favorito do presidente Warren G. Harding; ele o exibiu na Casa Branca. A popularidade do filme criou as condições que tornaram possível "O Cavalo de Ferro" (The Iron Horse, 1924), de John Ford, no ano seguinte, sem o qual Ford talvez nunca tivesse retornado ao gênero. Embora "O Cavalo de Ferro" seja mais lembrado hoje em dia, em grande parte por causa dos sucessos posteriores de Ford e de sua consagração como o maior diretor de todo o cinema, na época "Os Bandeirantes" foi um sucesso muito maior e muito mais bem visto tanto pela crítica quanto pelo público. O sucesso de "The Covered Wagon" provocou um grande ressurgimento na viabilidade e popularidade das bilheterias do gênero numa época em que Westerns de grande orçamento estavam em declínio, mostrando que um Western de estilo Épico não era apenas possível, mas poderia ser também um grande sucesso.
Porque "Os Bandeirantes" foi tão popular e impactante? Do ponto de vista atual, o apelo do filme pode parecer, a princípio, misterioso. O elenco não possui grandes estrelas, embora os atores fossem relativamente conhecidos na década de 1920. O ator principal J. Warren Kerrigan estava voltando às telas após um exílio auto-imposto, mas se aposentou permanentemente no ano seguinte ao lançamento de "The Covered Wagon". Lois Wilson, que interpretou Molly, tinha uma longa carreira de sucesso, trabalhando com o diretor James Cruze oito vezes no total, mas o papel pela qual era mais conhecida era o papel-título em "Miss Lulu Bett" (1921), de William C. de Mille. Os melhores filmes com Alan Hale, que interpretou o vilão Sam Woodhull, estavam bem acima dele: sua carreira como prolífico ator não floresceria até a chegada dos filmes falados. O ator escocês Ernest Torrence, o parceiro grandalhão, grisalho e cômico, porém sanguinário, do protagonista de Kerrigan, era conhecido principalmente por interpretar vilões, como no sucesso "David, o Caçula" (Tol'able David, 1921), de Henry King, onde ele atuou ao lado de Richard Barthelmess, e na versão cinematográfica mais antiga de "Peter Pan" (1924), de Herbert Brenon, como Capitão Gancho. Sua promissora carreira foi interrompida com sua morte, em 1933. O diretor James Cruze havia obtido sucesso no passado (dirigiu dúzias de filmes, muitos estrelando "o amante mais perfeito da tela", Wallace Reid e outros com Roscoe "Fatty" Arbuckle, Will Rogers e até Harry Houdini), mas "Os Bandeirantes" foi seu maior êxito, um enorme sucesso de bilheteria, diferente de qualquer outro com o qual ele estivera envolvido.
No estilo padrão de melodrama, Will Banion (Kerrigan), um herói com um segredo, é contratado para liderar uma caravana de carroções para o Oregon. Ele se apaixona por Molly (Lois Wilson), que está comprometida com Sam (Alan Hale), que acaba não sendo tão agradável quanto parece. Boas notícias: o cara que usa o chapéu branco pega a garota; o cara que usa o chapéu preto leva uma balaço. Embora a história não ofereça muitas oportunidades para invenções, a encenação espetaculosa de Cruze, a fotografia da paisagem de Karl Brown e o uso das locações proporcionaram um banquete para os olhos. Cruze foi ajudado por seu conhecimento íntimo de Utah e de seu povo, tendo nascido e criado em Ogden, e conhecia o terreno onde queria filmar e sabia como fazê-lo. "The Covered Wagon" foi filmado na fronteira de Utah com Nevada, nos arredores de Garrison e Snake Valley (Vale da Serpente). O filme usou muitos autênticos carroções, que eram emprestados, alugados ou comprados de famílias que ainda os possuíam, os tendo herdado de seus ancestrais que os haviam usado há menos de 50 anos. "Os Bandeirantes" tem uma qualidade de documentário em sua atenção aos detalhes e mostra precisão na representação da travessia do rio, na caça aos búfalos e nos próprios carroções. A cena final nos apresenta, como o subtítulo coloca, "A casa de um dos primeiros colonos no Oregon", assemelhando-se a algo como um museu vivo. Esse sentimento quase documentarístico sugere que Cruze e o produtor Jesse L. Lasky podem ter capitalizado o sucesso de "Nanook, o Esquimó" (Nanook of the North, 1922), o documentário pioneiro de Robert Flaherty que foi um enorme êxito e descobriu um público interessado em cuidadosa atenção a detalhes realistas.
Em 1923, mais da metade da população do país vivia a leste de Chicago e, embora Cruze conhecesse o território, para a maioria dos americanos, o Oeste permanecia misterioso, atraente e romântico. A maioria das pessoas tinha poucas chances de ver o Oeste pessoalmente. Los Angeles e San Francisco tinham um décimo da população de Nova Iorque; nenhuma cidade a oeste do Mississipi tinha uma população superior a 500.000 habitantes. Isso não duraria muito: a população de Los Angeles mais que dobrou em 1930. O Ocidente ainda era exótico e distante, apesar de (e por causa de) décadas de migração para o Oeste, romances baratos, além de Westerns em forma de seriados e médias-metragens. Os Westerns eram o mais próximo que muitos moradores do Leste chegariam de ver do Oeste por si próprios, sem mencionar os milhões ao redor do mundo, especialmente na Europa, que sonhavam em emigrar para a América e possuir seu próprio pedaço do Sonho Americano. As paisagens espetaculares encontradas nos Westerns Americanos e em outros filmes de aventura foram a principal fonte de seu apelo para o público nacional e internacional.
“The Covered Wagon” dramatizou o Oeste numa Escala Épica, usando paisagens de Utah e enormes seções de terra para encenar cenas espetaculares de ataques nativos e manobras de carroções coordenadas contra um fundo de montanhas e arbustos específicos para a terra a oeste das Montanhas Rochosas. É um clichê dizer que a paisagem é tratada como um personagem; no caso de “Os Bandeirantes”, seria mais correto dizer que freqüentemente serve como pista de dança para a coreografia de Cruze. A chegada da caravana de Liberty, capitaneada pelo heróico Banion, é uma demonstração verdadeiramente impressionante de uma marcha coordenada em massa.
A maneira como as legendas enquadram o melodrama convencional do filme nos diz muito sobre como “The Covered Wagon” atraiu seu público. Como poderíamos esperar de um filme adaptado de um romance de Emerson Hough, alinhado a Theodore Roosevelt, a grandiosidade épica e a ambição aberta de elaborar a história do Império Americano não podem ser esquecidas nos primeiros intertítulos: "O sangue da América é o sangue dos pioneiros - o sangue de homens e mulheres com coração-de-leão que esculpiram uma esplêndida civilização num deserto desconhecido. Com coragem intrépida, enfrentando perigos desconhecidos, os homens e mulheres dos anos 1840 arremessaram as fronteiras da nação para o Oeste, e ainda mais a Oeste, além do Mississippi, além das pradarias, além das Montanhas Rochosas, até que delimitaram os Estados Unidos da América com dois oceanos". Tais palavras convidam um público, uma nação, a pensar em si mesmos como conquistadores, como vencedores da própria história. Elas dão permissão a uma nação de pessoas para se verem como especiais, os descendentes - seja pelo sangue ou pela auto-concepção, é uma distinção sem diferença - de bravos guerreiros e pioneiros.
Os experientes produtores da Paramount geraram apelo cruzado entre as formas de mídia apresentando a famosa canção "Oh, Susanna!" num papel de destaque, sobrepondo a partitura da música a uma imagem de Jed, o irmão mais novo de Molly, tocando banjo no início do filme. Esta partitura, marcada com imagens do filme, incluindo Johnny Fox como Jed Wingate e Ernest Torrence como Bill Jackson, bem como uma fotografia de um nativo montado e uma paisagem, estaria disponível para compra nos saguões dos cinemas onde o filme era exibido.
O sucesso do filme pode ter sido algo para o qual o público estava pronto após anos de programações com cowboys de matinês. Os Westerns de prestígio não estavam no horizonte quando “Os Bandeirantes” chegou à cidade. William S. Hart, o primeiro superstar do gênero, estava no final de sua carreira, aposentando-se após “O Rei do Deserto” (Tumbleweeds), de King Baggot, em 1925. Ele tinha quase 60 anos e nunca havia sido um jovem cowboy. Embora Tom Mix fosse uma grande estrela e atração de bilheteria, seus filmes de ação não tinham o sabor Histórico, a aspiração ao Status Épico e, especialmente, as locações espetaculares que fizeram de “The Covered Wagon” o que este filme é. John Ford fez dezenas de médias-metragens com Harry Carey, mas não dirigia um Western de verdade desde 1921.
Traços do legado de “Os Bandeirantes” podem ser vistos ao longo da história posterior do gênero Western. Em muitos aspectos, o principal herdeiro do filme não é “O Cavalo de Ferro”, mas “A Grande Jornada” (The Big Trail, 1930), de Raoul Walsh, “Rio Vermelho” (Red River, 1948), de Howard Hawks, e “Desbravando o Oeste” (The Way West, 1967) de Andrew V. McLaglen, mais obviamente na representação cuidadosa das massas de gado e carroções em movimento. A caracterização de Bill Jackson por Torrence, com sua lealdade infalível ao protagonista, aguarda ansiosa por cômicos semelhantes, especialmente os papéis de Walter Brennan em “Rio Vermelho” (1948) e “Rio Bravo” (1959), também de Hawks. O Will Banion de Kerrigan é o típico Westerner trajando Pele de Gamo (camurça) retratado posteriormente pelo inciante John Wayne em “A Grande Jornada” (1930), Monty Clift (e Wayne, nas primeiras cenas) em “Rio Vermelho” (1948), Alan Ladd em “Os Brutos Também Amam” (Shane, 1953), de George Stevens, Kirk Douglas em “A um Passo da Morte” (The Indian Fighter, 1955), de André De Toth, e Charles Bronson em “Era uma Vez no Oeste” (C'era una volta il West, 1968), de Sergio Leone. O embaraço de Banion com Molly (e o embaraço de Kerrigan com Wilson) também espera qualidades semelhantes nas personas de cowboy de Randolph Scott e o Duque. Vale a pena reiterar: se não fosse pelo enorme sucesso de “The Covered Wagon”, é perfeitamente possível que John Ford nunca tivesse feito “O Cavalo de Ferro” (1924). E sem “O Cavalo de Ferro” (1924), o primeiro Western-Épico de Ford, haveria “No Tempo das Diligências” (Stagecoach, 1939)? “Paixão dos Fortes” (My Darling Clementine, 1946)? “Rastros de Ódio” (The Searchers, 1956)? O Western voltaria a ser um gênero digno de prestígio e seriedade? Haveria algum Western? Por inúmeras razões, “Os Bandeirantes” é certamente um Marco na História do Cinema, não apenas pelo que foi, mas pelo que abriu, pelo que pavimentou. ------------------------------------------------------------------------------------------------- Matt Hauske é PhD em Cinema e Estudos de Mídia pela Universidade de Chicago e ensina História do Cinema e Teoria da Mídia em Chicago, U.S.A.. Ele está escrevendo um livro sobre Westerns e Arte, Lazer e Cultura Americana após a 2ª Guerra Mundial.
Para uma análise ainda mais completa e profunda deste Primeiro Verdadeiro Western-Épico e sua importância para o gênero, assista à transmissão com Felipe Haurelhuk e Darci Fonseca realizada no canal "Meu Tio Oscar", no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=KflM72xLnd8&t=2825s
"Há certos filmes que têm tudo para dar errado. Uma fórmula infalível para o fracasso é juntar num filme o reacionário John Wayne órfão de seus amigos de tantos filmes com um pouco experiente diretor intelectual novaiorquino e claro, democrata. Some à dupla um ator negro ativista liberal, um vilão de filmes de gangs de motociclistas e... onze adolescentes. Você colocaria um centavo numa produção dessas? Pois “Os Cowboys” (The Cowboys), lançado em 1972 se transformou num razoável sucesso de bilheteria, com uma das melhores interpretações da carreira de John Wayne e é um western carinhosamente lembrado." - Darci Fonseca
Adolescentes conspiram para conseguir ingressos para a primeira apresentação dos Beatles no The Ed Sullivan Show. Se essa comédia original parece ocasionalmente tola e arrogante, esse é o preço que ela paga por ser uma representação geralmente precisa de um evento estridentemente marcante. O comediante Will Jordan está hilariante como Ed Sullivan. Steven Spielberg foi o produtor executivo.
A mistura de comédia e drama romântico nem sempre funciona, mas com essas estrelas vale a pena assistir. Tracy rouba as cenas como o mecânico parceiro de Gable neste filme sobre um piloto ousado que experimenta novas aeronaves. Baseado numa história de Frank "Spig'' Wead.
O nobre Duc de Praslin (Boyer) se apaixona pela governanta Henriette (Davis), causando escândalo e morte; as estrelas se saem muito bem na filmagem elaborada do livro de Rachel Field, ambientado na França do século XIX.
Audaciosa e suntuosa produção de Dino De Laurentiis retratando três das mais conhecidas histórias do Velho Testamento. Eis outro belo exemplar de épico bíblico realizado sem efeitos digitais, o que já representa um feito quase tão heróico quanto os de Noé e Abraão, muito bem representados aqui pelo ator/diretor John Huston e George C. Scott, respectivamente.
A câmera de Sam Mendes fluindo pelos diferentes cenários devastados pela guerra, passeando e registrando ininterruptamente todos os detalhes do drama intimista dos dois soldados em sua dificílima missão, é um dos grandes marcos da história do cinema. Filme para ser aplaudido de pé!
Primeiro filme Disney sobre um menino e seu cachorro, do popular romance de Fred Gipson, ainda é dos melhores. Recriação atmosférica da vida na fazenda no século XIX, Texas, onde Kirk se apega a um cão de caça amarelo. Seqüenciado por "Na Trilha dos Apaches" (1963).
Costner interpreta um fazendeiro iniciante em Iowa que ouve "uma voz" que o inspira a construir um campo de beisebol em sua propriedade, na esperança de trazer de volta o lendário astro de beisebol Shoeless Joe Jackson (cuja carreira foi interrompida pelo Escândalo Black Sox) de volta à vida. Uma história de redenção e fé, na tradição das melhores fantasias de Hollywood, com momentos que são pura magia. Muitos elogios ao roteirista-diretor Robinson, que adaptou o livro de W. P. Kinsella, Shoeless Joe, por obter (e manter) o tom certo do início ao fim. Adorável trilha de James Horner, assim como a pequena participação do veterano Burt Lancaster. .
O mais bergmaniano dos filmes de Corman, uma adaptação ultra estilosa do conto de Poe, estrelado por Price como o maléfico Príncipe Prospero, vivendo-o num castelo sinistro e atemporal, enquanto a praga do título original assola o campo. Lindamente fotografado na Inglaterra por Nicolas Roeg.
Um dos melhores westerns da história e um dos mais interessantes que poderiam ter sido realizados em Hollywood. Em todo momento, há a sensação de que precisamos avançar com os personagens, compartilhar sua perigosa viagem, esperando que cheguem ao seu destino sãos e salvos. Tudo isso devemos agradecer a John Ford.
Biografia marcante de uma mulher que sacrificou a própria vida, enfrentando burocracias, opositores e a escassez de recursos para ajudar os mais necessitados. Os inúmeros feitos heróicos de Madre Teresa (Olivia Hussey) e o cenário de pobreza extrema em que ela os produz são retratados com impressionante realismo. Há filmes feitos para a TV que não devem nada e até superam em qualidade grandes produções cinematográficas. Este é um deles.
John Wayne entra em ação, Rock Hudson não fica atrás. Dos sangrentos campos de batalha da Guerra de Secessão aos duros desertos mexicanos, um código de invencibilidade fez destes homens, inimigos mortais. Agora devem se unir, pois há Maximiliano de um lado, Juárez do outro, bandidos no meio e eles são americanos no México entregando cavalos a um governo muito impopular, ou seja, encrenca à vista. 3000 cavalos selvagens num estouro furioso de morte e destruição através de 3000 Km de violência, emboscada, traição e terror. Wayne e Hudson combatem cara à cara, ombro a ombro. Dois grandes astros juntos pela única vez, num filme bastante movimentado, com imponente trilha de Hugo Montenegro e a maior manada de cavalos que o cinema já proporcionou. A Guerra Civil acabou, mas uma gigantesca aventura está para começar.
Anna Christie
3.9 15 Assista AgoraGreta Garbo está eficaz em seu primeiro talkie, como uma garota com um passado sombrio para encontrar o amor com o marinheiro durão Matt Burke (Charles Bickford), nesta estática adaptação da peça de Eugene O'Neill. Filmado simultaneamente numa versão em alemão (a preferida de Garbo e da maioria dos críticos), com outro elenco de apoio. Filmado anteriormente em 1923, com Blanche Sweet.
A Carne e o Diabo
4.2 16 Assista AgoraGreta Garbo está em sua forma mais atraente como Felicitas, a bela sedutora que se coloca entre os velhos amigos Leo (John Gilbert) e Ulrich (Lars Hanson). Pulsantemente romântico, lindamente filmado e com a provável melhor parceria amorosa do casal Garbo-Gilbert, o filme de Clarence Brown traz ainda um final surpreendentemente positivo e justo. A Trilha Sonora de 1988, realizada pelo especialista Carl Davis, é majestosa e deixa a história ainda mais convincente.
Uma Batalha no Inferno
3.7 9Um momento crucial no término da Segunda Grande Guerra ocorre quando os alemães montam um contra-ataque massivo final nas Ardenas. Este relato baseado em eventos reais torna-se um impressionante exemplar do cinema, notável por suas incríveis batalhas de tanques. Com mais de 160 minutos, não é um filme curto. Trata-se de um olhar frio e intransigente sobre a guerra, sem tentativa de pintar os estereótipos usuais ou fingir que estar do lado dos americanos garantiu a superioridade militar. Em vez dos alemães unidimensionais usuais, somos tratados com caracterizações perspicazes que pintam uma força corajosa e metódica. Liderados por um maníaco e frio Robert Shaw, os jovens são despachados para a morte quase certa. E de um centro de controle que não pareceria deslocado num filme de Bond, um ataque maciço de novos tanques é lançado. Liderados por Robert Ryan, os americanos estão desorganizados e enfrentam uma situação em que apenas a sorte pode parecer salvá-los. Quando o plano alemão passa a depender da captura de um depósito de combustível dos Estados Unidos, uma corrida se desenvolve com os Panzers à frente de um ataque total com seus temíveis tanques. Apresentando uma enorme quantidade de máquinas de guerra, este clássico em escala épica, apresentado originalmente em Cinerama e filmado em Ultra Panavision 70, conta com um elenco primoroso e seqüências de batalha grandiosas combinadas ao pavor que Robert Shaw gera como Hessler, o impiedoso coronel alemão.
O Desertor
3.5 2Em enredo que lembra o de "Os Doze Condenados" (1967), este raro exemplar do Spaghetti Western contém vários rostos conhecidos do cinema americano e segue também no rastro de "Meu Ódio Será Sua Herança" (1968) ao retratar um elevado grau de violência. O então já veterano John Huston é quem rouba as cenas como General Miles, especialmente diante das insubordinações do Major Wade Brown (Richard Crenna).
Dominique
3.8 17Doce entretenimento para a família vagamente baseado na história real da freira belga Jeanine Deckers, cuja devoção se divide entre a vida religiosa, as causas sociais e a gravação de músicas de sucesso, até consagrar-se no The Ed Sullivan Show (com a presença do próprio). Debbie Reynolds, em derradeira atuação sob contrato da Metro, transmite o carisma ideal que a personagem central necessita. Último filme do grande diretor Henry Koster. Filmado em Panavision.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraBen é o centro do filme como um pai exasperante, arrogante e impaciente, mas também caloroso, amoroso e atencioso. Ele é um homem duro, mas adorável, um viúvo enlutado e um defensor apaixonado de seus ideais. Mortensen toca todas essas notas com sutileza e graça. Os temas instigantes do filme somam-se a um drama familiar acima da média com reviravoltas inesperadas, inclusive na linha de pensamento do personagem-título. Ao final, comprovamos que há virtudes e erros em ambas as formas de vida retratadas e que radicalismos nunca são as melhores opções a serem seguidas.
Moulin Rouge
3.9 32 Assista AgoraRica cinebiografia de Henri de Toulouse-Lautrec, o artista parisiense do século XIX cujo crescimento físico foi prejudicado por um acidente na infância. John Huston capta de forma brilhante o sabor e a atmosfera de Montmartre, seus personagens e a visão tristemente distorcida de Lautrec sobre a vida e o amor para si próprio. O filme conta com excelente elenco e música tema memorável de Georges Auric. Vencedor dos Oscars por seus deslumbrantes Figurino e Direção de Arte, mas, inacreditavelmente, nem sequer indicado pela notável e pitoresca Fotografia em Technicolor de Oswald Morris.
O Samurai
4.2 145Alain Delon é o assassino existencial definitivo nesta história de um matador que é contratado para eliminar o dono de uma boate, mas é traído por seus misteriosos empregadores. Delon nunca esteve melhor do que neste filme policial por excelência de Jean-Pierre Melville. Uma meditação maravilhosamente elegante sobre o crime e a solidão, que influenciou diretamente John Woo em seu "O Matador" (1989). Para expressar o mundo abstrato e glacial em que evoluciona o personagem-título, Melville encontrou facilmente o estilo adequado: extrema desnudez na encenação, escassez de diálogos (o silêncio tem papel essencial na película) e precisão nos detalhes, ao estilo de Jacques Becker e/ou Robert Bresson.
A Grande Guerra
4.3 12Embora reproduzido num registro cômico, o filme não esconde do espectador os horrores e a severidade nas trincheiras da Primeira Grande Guerra, além de denunciar o absurdo e a violência do conflito e as condições de vida miseráveis de civis e soldados. E ao retratar a convivência entre a dupla de heróis improváveis, também expõe fortemente sobre as amizades que cresceram entre combatentes de diferentes classes, culturas e regiões da Itália. Indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e premiada com o Leão de Ouro de Melhor Filme em Veneza, esta é a obra-prima-máxima tanto do diretor Mario Monicelli como do produtor Dino De Laurentiis.
Interlúdio
4.0 269 Assista AgoraConto de espionagem de alto nível de Ben Hecht, ambientado no Rio de Janeiro pós-2ª Guerra Mundial, com Ingrid se casando com o espião Rains para ajudar os USA e o agente Grant. Sincero, tenso, bem interpretado, com clímax surpreendentemente cheio de suspense (e uma cena de amor memoravelmente apaixonada).
Os Bandeirantes
3.8 4 Assista Agora"OS BANDEIRANTES" E A REDESCOBERTA DE UM WESTERN-ÉPICO
por Matt Hauske
"Os Bandeirantes" ("The Covered Wagon", 1923) é um dos mais importantes filmes na história do gênero Western. Foi o filme de maior bilheteria de 1923, faturando quase o dobro da arrecadação naquele ano em relação a "Os Dez Mandamentos" (The Ten Comamndments), de Cecil B. DeMille. Foi um dos filmes mais lucrativos dos anos 1920 e o Western campeão de bilheteria daquela década. Superou até "Em Busca do Ouro" (The Gold Rush, 1925), de Charles Chaplin. Dizia-se que era o filme favorito do presidente Warren G. Harding; ele o exibiu na Casa Branca. A popularidade do filme criou as condições que tornaram possível "O Cavalo de Ferro" (The Iron Horse, 1924), de John Ford, no ano seguinte, sem o qual Ford talvez nunca tivesse retornado ao gênero. Embora "O Cavalo de Ferro" seja mais lembrado hoje em dia, em grande parte por causa dos sucessos posteriores de Ford e de sua consagração como o maior diretor de todo o cinema, na época "Os Bandeirantes" foi um sucesso muito maior e muito mais bem visto tanto pela crítica quanto pelo público. O sucesso de "The Covered Wagon" provocou um grande ressurgimento na viabilidade e popularidade das bilheterias do gênero numa época em que Westerns de grande orçamento estavam em declínio, mostrando que um Western de estilo Épico não era apenas possível, mas poderia ser também um grande sucesso.
Porque "Os Bandeirantes" foi tão popular e impactante? Do ponto de vista atual, o apelo do filme pode parecer, a princípio, misterioso. O elenco não possui grandes estrelas, embora os atores fossem relativamente conhecidos na década de 1920. O ator principal J. Warren Kerrigan estava voltando às telas após um exílio auto-imposto, mas se aposentou permanentemente no ano seguinte ao lançamento de "The Covered Wagon". Lois Wilson, que interpretou Molly, tinha uma longa carreira de sucesso, trabalhando com o diretor James Cruze oito vezes no total, mas o papel pela qual era mais conhecida era o papel-título em "Miss Lulu Bett" (1921), de William C. de Mille. Os melhores filmes com Alan Hale, que interpretou o vilão Sam Woodhull, estavam bem acima dele: sua carreira como prolífico ator não floresceria até a chegada dos filmes falados. O ator escocês Ernest Torrence, o parceiro grandalhão, grisalho e cômico, porém sanguinário, do protagonista de Kerrigan, era conhecido principalmente por interpretar vilões, como no sucesso "David, o Caçula" (Tol'able David, 1921), de Henry King, onde ele atuou ao lado de Richard Barthelmess, e na versão cinematográfica mais antiga de "Peter Pan" (1924), de Herbert Brenon, como Capitão Gancho. Sua promissora carreira foi interrompida com sua morte, em 1933. O diretor James Cruze havia obtido sucesso no passado (dirigiu dúzias de filmes, muitos estrelando "o amante mais perfeito da tela", Wallace Reid e outros com Roscoe "Fatty" Arbuckle, Will Rogers e até Harry Houdini), mas "Os Bandeirantes" foi seu maior êxito, um enorme sucesso de bilheteria, diferente de qualquer outro com o qual ele estivera envolvido.
No estilo padrão de melodrama, Will Banion (Kerrigan), um herói com um segredo, é contratado para liderar uma caravana de carroções para o Oregon. Ele se apaixona por Molly (Lois Wilson), que está comprometida com Sam (Alan Hale), que acaba não sendo tão agradável quanto parece. Boas notícias: o cara que usa o chapéu branco pega a garota; o cara que usa o chapéu preto leva uma balaço. Embora a história não ofereça muitas oportunidades para invenções, a encenação espetaculosa de Cruze, a fotografia da paisagem de Karl Brown e o uso das locações proporcionaram um banquete para os olhos. Cruze foi ajudado por seu conhecimento íntimo de Utah e de seu povo, tendo nascido e criado em Ogden, e conhecia o terreno onde queria filmar e sabia como fazê-lo. "The Covered Wagon" foi filmado na fronteira de Utah com Nevada, nos arredores de Garrison e Snake Valley (Vale da Serpente). O filme usou muitos autênticos carroções, que eram emprestados, alugados ou comprados de famílias que ainda os possuíam, os tendo herdado de seus ancestrais que os haviam usado há menos de 50 anos. "Os Bandeirantes" tem uma qualidade de documentário em sua atenção aos detalhes e mostra precisão na representação da travessia do rio, na caça aos búfalos e nos próprios carroções. A cena final nos apresenta, como o subtítulo coloca, "A casa de um dos primeiros colonos no Oregon", assemelhando-se a algo como um museu vivo. Esse sentimento quase documentarístico sugere que Cruze e o produtor Jesse L. Lasky podem ter capitalizado o sucesso de "Nanook, o Esquimó" (Nanook of the North, 1922), o documentário pioneiro de Robert Flaherty que foi um enorme êxito e descobriu um público interessado em cuidadosa atenção a detalhes realistas.
Em 1923, mais da metade da população do país vivia a leste de Chicago e, embora Cruze conhecesse o território, para a maioria dos americanos, o Oeste permanecia misterioso, atraente e romântico. A maioria das pessoas tinha poucas chances de ver o Oeste pessoalmente. Los Angeles e San Francisco tinham um décimo da população de Nova Iorque; nenhuma cidade a oeste do Mississipi tinha uma população superior a 500.000 habitantes. Isso não duraria muito: a população de Los Angeles mais que dobrou em 1930. O Ocidente ainda era exótico e distante, apesar de (e por causa de) décadas de migração para o Oeste, romances baratos, além de Westerns em forma de seriados e médias-metragens. Os Westerns eram o mais próximo que muitos moradores do Leste chegariam de ver do Oeste por si próprios, sem mencionar os milhões ao redor do mundo, especialmente na Europa, que sonhavam em emigrar para a América e possuir seu próprio pedaço do Sonho Americano. As paisagens espetaculares encontradas nos Westerns Americanos e em outros filmes de aventura foram a principal fonte de seu apelo para o público nacional e internacional.
“The Covered Wagon” dramatizou o Oeste numa Escala Épica, usando paisagens de Utah e enormes seções de terra para encenar cenas espetaculares de ataques nativos e manobras de carroções coordenadas contra um fundo de montanhas e arbustos específicos para a terra a oeste das Montanhas Rochosas. É um clichê dizer que a paisagem é tratada como um personagem; no caso de “Os Bandeirantes”, seria mais correto dizer que freqüentemente serve como pista de dança para a coreografia de Cruze. A chegada da caravana de Liberty, capitaneada pelo heróico Banion, é uma demonstração verdadeiramente impressionante de uma marcha coordenada em massa.
A maneira como as legendas enquadram o melodrama convencional do filme nos diz muito sobre como “The Covered Wagon” atraiu seu público. Como poderíamos esperar de um filme adaptado de um romance de Emerson Hough, alinhado a Theodore Roosevelt, a grandiosidade épica e a ambição aberta de elaborar a história do Império Americano não podem ser esquecidas nos primeiros intertítulos: "O sangue da América é o sangue dos pioneiros - o sangue de homens e mulheres com coração-de-leão que esculpiram uma esplêndida civilização num deserto desconhecido. Com coragem intrépida, enfrentando perigos desconhecidos, os homens e mulheres dos anos 1840 arremessaram as fronteiras da nação para o Oeste, e ainda mais a Oeste, além do Mississippi, além das pradarias, além das Montanhas Rochosas, até que delimitaram os Estados Unidos da América com dois oceanos". Tais palavras convidam um público, uma nação, a pensar em si mesmos como conquistadores, como vencedores da própria história. Elas dão permissão a uma nação de pessoas para se verem como especiais, os descendentes - seja pelo sangue ou pela auto-concepção, é uma distinção sem diferença - de bravos guerreiros e pioneiros.
Os experientes produtores da Paramount geraram apelo cruzado entre as formas de mídia apresentando a famosa canção "Oh, Susanna!" num papel de destaque, sobrepondo a partitura da música a uma imagem de Jed, o irmão mais novo de Molly, tocando banjo no início do filme. Esta partitura, marcada com imagens do filme, incluindo Johnny Fox como Jed Wingate e Ernest Torrence como Bill Jackson, bem como uma fotografia de um nativo montado e uma paisagem, estaria disponível para compra nos saguões dos cinemas onde o filme era exibido.
O sucesso do filme pode ter sido algo para o qual o público estava pronto após anos de programações com cowboys de matinês. Os Westerns de prestígio não estavam no horizonte quando “Os Bandeirantes” chegou à cidade. William S. Hart, o primeiro superstar do gênero, estava no final de sua carreira, aposentando-se após “O Rei do Deserto” (Tumbleweeds), de King Baggot, em 1925. Ele tinha quase 60 anos e nunca havia sido um jovem cowboy. Embora Tom Mix fosse uma grande estrela e atração de bilheteria, seus filmes de ação não tinham o sabor Histórico, a aspiração ao Status Épico e, especialmente, as locações espetaculares que fizeram de “The Covered Wagon” o que este filme é. John Ford fez dezenas de médias-metragens com Harry Carey, mas não dirigia um Western de verdade desde 1921.
Traços do legado de “Os Bandeirantes” podem ser vistos ao longo da história posterior do gênero Western. Em muitos aspectos, o principal herdeiro do filme não é “O Cavalo de Ferro”, mas “A Grande Jornada” (The Big Trail, 1930), de Raoul Walsh, “Rio Vermelho” (Red River, 1948), de Howard Hawks, e “Desbravando o Oeste” (The Way West, 1967) de Andrew V. McLaglen, mais obviamente na representação cuidadosa das massas de gado e carroções em movimento. A caracterização de Bill Jackson por Torrence, com sua lealdade infalível ao protagonista, aguarda ansiosa por cômicos semelhantes, especialmente os papéis de Walter Brennan em “Rio Vermelho” (1948) e “Rio Bravo” (1959), também de Hawks. O Will Banion de Kerrigan é o típico Westerner trajando Pele de Gamo (camurça) retratado posteriormente pelo inciante John Wayne em “A Grande Jornada” (1930), Monty Clift (e Wayne, nas primeiras cenas) em “Rio Vermelho” (1948), Alan Ladd em “Os Brutos Também Amam” (Shane, 1953), de George Stevens, Kirk Douglas em “A um Passo da Morte” (The Indian Fighter, 1955), de André De Toth, e Charles Bronson em “Era uma Vez no Oeste” (C'era una volta il West, 1968), de Sergio Leone. O embaraço de Banion com Molly (e o embaraço de Kerrigan com Wilson) também espera qualidades semelhantes nas personas de cowboy de Randolph Scott e o Duque. Vale a pena reiterar: se não fosse pelo enorme sucesso de “The Covered Wagon”, é perfeitamente possível que John Ford nunca tivesse feito “O Cavalo de Ferro” (1924). E sem “O Cavalo de Ferro” (1924), o primeiro Western-Épico de Ford, haveria “No Tempo das Diligências” (Stagecoach, 1939)? “Paixão dos Fortes” (My Darling Clementine, 1946)? “Rastros de Ódio” (The Searchers, 1956)? O Western voltaria a ser um gênero digno de prestígio e seriedade? Haveria algum Western? Por inúmeras razões, “Os Bandeirantes” é certamente um Marco na História do Cinema, não apenas pelo que foi, mas pelo que abriu, pelo que pavimentou.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Matt Hauske é PhD em Cinema e Estudos de Mídia pela Universidade de Chicago e ensina História do Cinema e Teoria da Mídia em Chicago, U.S.A.. Ele está escrevendo um livro sobre Westerns e Arte, Lazer e Cultura Americana após a 2ª Guerra Mundial.
Para uma análise ainda mais completa e profunda deste Primeiro Verdadeiro Western-Épico e sua importância para o gênero, assista à transmissão com Felipe Haurelhuk e Darci Fonseca realizada no canal "Meu Tio Oscar", no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=KflM72xLnd8&t=2825s
Os Cowboys
3.7 22"Há certos filmes que têm tudo para dar errado. Uma fórmula infalível para o fracasso é juntar num filme o reacionário John Wayne órfão de seus amigos de tantos filmes com um pouco experiente diretor intelectual novaiorquino e claro, democrata. Some à dupla um ator negro ativista liberal, um vilão de filmes de gangs de motociclistas e... onze adolescentes. Você colocaria um centavo numa produção dessas? Pois “Os Cowboys” (The Cowboys), lançado em 1972 se transformou num razoável sucesso de bilheteria, com uma das melhores interpretações da carreira de John Wayne e é um western carinhosamente lembrado."
- Darci Fonseca
Febre de Juventude
3.8 110Adolescentes conspiram para conseguir ingressos para a primeira apresentação dos Beatles no The Ed Sullivan Show. Se essa comédia original parece ocasionalmente tola e arrogante, esse é o preço que ela paga por ser uma representação geralmente precisa de um evento estridentemente marcante. O comediante Will Jordan está hilariante como Ed Sullivan. Steven Spielberg foi o produtor executivo.
Piloto de Provas
3.7 3A mistura de comédia e drama romântico nem sempre funciona, mas com essas estrelas vale a pena assistir. Tracy rouba as cenas como o mecânico parceiro de Gable neste filme sobre um piloto ousado que experimenta novas aeronaves. Baseado numa história de Frank "Spig'' Wead.
Tudo Isto e o Céu Também
4.2 29 Assista AgoraO nobre Duc de Praslin (Boyer) se apaixona pela governanta Henriette (Davis), causando escândalo e morte; as estrelas se saem muito bem na filmagem elaborada do livro de Rachel Field, ambientado na França do século XIX.
A Bíblia... No Início
3.6 49 Assista AgoraAudaciosa e suntuosa produção de Dino De Laurentiis retratando três das mais conhecidas histórias do Velho Testamento. Eis outro belo exemplar de épico bíblico realizado sem efeitos digitais, o que já representa um feito quase tão heróico quanto os de Noé e Abraão, muito bem representados aqui pelo ator/diretor John Huston e George C. Scott, respectivamente.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraA câmera de Sam Mendes fluindo pelos diferentes cenários devastados pela guerra, passeando e registrando ininterruptamente todos os detalhes do drama intimista dos dois soldados em sua dificílima missão, é um dos grandes marcos da história do cinema. Filme para ser aplaudido de pé!
O Meu Melhor Companheiro
3.8 40 Assista AgoraPrimeiro filme Disney sobre um menino e seu cachorro, do popular romance de Fred Gipson, ainda é dos melhores. Recriação atmosférica da vida na fazenda no século XIX, Texas, onde Kirk se apega a um cão de caça amarelo. Seqüenciado por "Na Trilha dos Apaches" (1963).
Campo dos Sonhos
3.5 188 Assista AgoraCostner interpreta um fazendeiro iniciante em Iowa que ouve "uma voz" que o inspira a construir um campo de beisebol em sua propriedade, na esperança de trazer de volta o lendário astro de beisebol Shoeless Joe Jackson (cuja carreira foi interrompida pelo Escândalo Black Sox) de volta à vida. Uma história de redenção e fé, na tradição das melhores fantasias de Hollywood, com momentos que são pura magia. Muitos elogios ao roteirista-diretor Robinson, que adaptou o livro de W. P. Kinsella, Shoeless Joe, por obter (e manter) o tom certo do início ao fim. Adorável trilha de James Horner, assim como a pequena participação do veterano Burt Lancaster. .
A Orgia da Morte
3.8 112O mais bergmaniano dos filmes de Corman, uma adaptação ultra estilosa do conto de Poe, estrelado por Price como o maléfico Príncipe Prospero, vivendo-o num castelo sinistro e atemporal, enquanto a praga do título original assola o campo. Lindamente fotografado na Inglaterra por Nicolas Roeg.
No Tempo das Diligências
4.1 141 Assista AgoraUm dos melhores westerns da história e um dos mais interessantes que poderiam ter sido realizados em Hollywood. Em todo momento, há a sensação de que precisamos avançar com os personagens, compartilhar sua perigosa viagem, esperando que cheguem ao seu destino sãos e salvos. Tudo isso devemos agradecer a John Ford.
Madre Tereza de Calcutá
3.7 32 Assista AgoraBiografia marcante de uma mulher que sacrificou a própria vida, enfrentando burocracias, opositores e a escassez de recursos para ajudar os mais necessitados. Os inúmeros feitos heróicos de Madre Teresa (Olivia Hussey) e o cenário de pobreza extrema em que ela os produz são retratados com impressionante realismo. Há filmes feitos para a TV que não devem nada e até superam em qualidade grandes produções cinematográficas. Este é um deles.
Os 3 Discípulos da Morte
3.5 7Western previsível sobre três garotos fugitivos transformados em assaltantes de bancos por um veterano pistoleiro.
Jamais Foram Vencidos
3.6 14John Wayne entra em ação, Rock Hudson não fica atrás. Dos sangrentos campos de batalha da Guerra de Secessão aos duros desertos mexicanos, um código de invencibilidade fez destes homens, inimigos mortais. Agora devem se unir, pois há Maximiliano de um lado, Juárez do outro, bandidos no meio e eles são americanos no México entregando cavalos a um governo muito impopular, ou seja, encrenca à vista. 3000 cavalos selvagens num estouro furioso de morte e destruição através de 3000 Km de violência, emboscada, traição e terror. Wayne e Hudson combatem cara à cara, ombro a ombro. Dois grandes astros juntos pela única vez, num filme bastante movimentado, com imponente trilha de Hugo Montenegro e a maior manada de cavalos que o cinema já proporcionou. A Guerra Civil acabou, mas uma gigantesca aventura está para começar.