"Depois da Roma ocre de Alexandre Eulálio - A Poesia em Pânico - Reencontramos o poeta modernista e/ou a sua sombra em Minas Gerais.
Juiz de Fora é a sua cidade. Procuramos por ele e ninguém sabe nos responder. Subimos as escadarias do tempo. Na casa do passado, repleta de seus objetos pessoais, ele nos espera ouvindo a música de seus compositores prediletos. Balançando, sentado, andando ao lado das janelas, na luz azul do museu, deslumbrando o futuro por entre quadros de artistas famosos, podemos vê-lo saudar o velho rio Paraibuna. Da Janela do Caos. Este é o cenário onde se constrói as imagens desse encontro. As seqüências possuem uma atmosfera surrealista, quase angelical e Murilo, aos poucos, remexendo coisas pela casa, navegando "travelling" nas suas memórias, envolve-nos no universo das histórias brasileiras: O cometa Halley. A fuga do colégio de Niterói, para ver Nijinski dançando. O bancário anarquista e seus amores.
Tornando-se cinema -- neo-realista -- A Janela do Caos tem a cor de Roma, expressa e impressa na fotografia e no enquadramento. Mozart regendo de casaca alguns músicos negros e índios. Da Itália de Dechirico, a Portugal de Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, ao Real Gabinete de Leitura Portuguesa. Remexendo em sua contemporaneidade, este belo rebelde ser iluminado, nos eleva o espírito, não nos fala, pressente: - Só o futuro é moderníssimo!
O Filme metaforicamente documental traça a trajetória poética de Murilo Mendes, dos acontecimentos singulares da sua infância e adolescência em Minas Gerais, até a maturidade vivendo entre Roma e Lisboa à sua última morada." José Sette