Documentário sobre a vida de cortadores de cana do Brasil.
Depois de concluir um curso de cinema em Nova York, Jorge Wolney Atalla não precisou ir muito longe para encontrar
um tema para seu primeiro filme. Ele achou nas fazendas da família o objeto para seu documentário. Filho de um dos
maiores usineiros do País, Wolney centrou na vida sofrida dos cortadores de cana. Pediu férias prolongadas nas empresas familiares e passou sete meses nos canaviais, acordando
bem cedinho. Sem revelar sua identidade, chamado apenas
de Júnior, conversou com os desconfiados trabalhadores
graças à ajuda de um dos fiscais.
A Vida em Cana foi mais longe do que Wolney esperava. Feito com câmera digital e bancado com recursos próprios – cerca de US$ 30 mil –, o documentário acabou recebendo o Satélite de Ouro, em Hollywood, além de diversos outros prêmios.
Não que isso isente A Vida em Cana de falhas. É de lamentar que Wolney tenha deixado escapar bons personagens, como o rapaz que tem um caso com um médico da cidade. O diretor optou por não utilizar narrador, apenas emendando os depoimentos dos bóias-frias, à la Eduardo Coutinho. Como não consegue obter o mesmo resultado e a edição ficou um tanto confusa, sente-se a falta do narrador. Com isso, alguns dados interessantes – são 800 mil cortadores vindos de várias partes do Brasil e um bom trabalhador chega a ceifar 20 toneladas de cana num só dia – ficam um tanto perdidos. A Vida em Cana é salvo pelo interesse despertado pelas vidas tão diferentes daquelas da gente da cidade.