Erkki Kurenniemi foi indiscutivelmente um dos primeiros artistas a propor ou fantasiar uma rendição cultural completa à existência cibernética, e toda a sua carreira, abrangendo campos tão diversos como inteligência artificial, música, engenharia, cinema, dança ou retórica, atesta esse desejo de escapar dos limites do corpo humano e transgredir em uma dimensão diferente, beirando o tecno-fetichismo. Em seu curta Electronics in the World of Tomorrow, Kurenniemi apresenta um slideshow dos sinais mais assépticos da imaginação tecnológica: diagramas, chips, máquinas, superfícies frias. Mas imagens do calor humano também aparecem - principalmente em preto e branco, como se para dar aos humanos o status de uma memória. Originalmente silencioso, o filme está na versão dotada de uma música eletrônica do próprio Kurenneimi: uma trilha sonora fria e agressiva que poderia estar comunicando a tecnologia atual como um assunto potencialmente ameaçador, embora essa seja uma leitura que o diretor certamente refutaria.