De dia, Ryan dança Frevo para turistas em Olinda, à noite ele é Alice e se apresenta em shows numa boate do antigo centro. Edson é membro de um grupo de Frevo de Rua, além de ensinar Vogue ao estilo de Beyoncé e Madonna. Bhrunno, embora tenha sido treinado como bailarino clássico é o mais jovem instrutor de Frevo da cidade, sendo também o coreógrafo dos principais grupos de Swingueira e Quadrilha. Durante a semana Tchanna ensaia na escola de Frevo municipal; aos domingos ela participa de bailes e competições de Funk e Brega na zona norte do Recife.
Como uma série de anotações sobre a relação entre corpo, câmera e movimento no registro de uma dança típica do Nordeste do Brasil, FAZ QUE VAI comenta o sentido do carnavalesco presente em diversas estratégias de preservação do Frevo como imagem, patrimônio e produto. Originalmente ligado à ideia de resistência inerente aos movimentos de Capoeira performados na frente de bandas militares nos carnavais do início do século XX, hoje o Frevo é expressão cultural quase-acrobática celebrada como tradição autêntica de Pernambuco. Reconhecida em 2012 pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade a dança sai, em definitivo, das ruas para o palco, e suas formas de representação passam a ser fortemente promovidas pelo poder local como o maior espetáculo da economia da região.
Para além da desconstrução dessa forma celebratória, FAZ QUE VAI – que toma o nome de um passo de Frevo – articula os modos pelos quais novas subjetividades implicam essa forma de tradição popular em questões sócio-econômicas e de gênero. A trilha sonora foi especialmente comissionada para a obra, uma composição percussiva de Frevo criada pela Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, Recife.