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Nascimento: 31 de Dezembro de 1903 (47 years)

Falecimento: 28 de Junho de 1951

- Japão

Fumiko Hayashi produziu uma obra ímpar em seu tempo. Quando abundavam obras criadas em gabinetes e escrivaninhas ou a vida imaginada no fundo da biblioteca. Fumiko foi na própria vida buscar o material literário para suas histórias. Usou sem pudor ou ressentimentos sua experiência existencial, seus dramas amorosos, suas dúvidas mais cruéis, a miséria descarnada, a ingenuidade destroçada, as esperanças vilipendiadas, a tenacidade diante das adversidades, o comum ordinário, as emoções demasiadamente humanas e mundanas, a integridade moral, as transformações da cidade, dos costumes, do destino, das idéias… tudo numa linguagem direta e cheia de intensidade. Fumiko viveu a vida como uma odisséia, desbravando-a com a paixão de quem vive uma única vez, onde o arrependimento não tinha lugar, e a realidade com sua urgência sobre os vivos. Fumiko Hayashi extraiu da vida a sua literatura e da literatura a medula para a sua existência.

Fumiko nasceu em Shimonoseki, Yamaguchi, 1903. Em 31 de dezembro. Sua mãe, Hayashi Kiku, se separa do pai comerciante, Miyata Assatarō, depois de descobrir sua infidelidade conjugal. Sua vida de viajante se inicia nesta época, perambulando com a mãe e o padrasto mascate, Sawai Kisaburo, por toda a costa de Kyushu, dos sete aos treze anos, como hóspede transitório em pensões, cidades e esperanças. Sua educação nesta época também foi irregular e transitória, para não dizer precária. Somente em 1916 a vida encontra um pouco de estabilidade em Onomichi, em Hiroshima, e a educação da pequena Fumiko encontra seu rumo na figura de Kobayashi Masao, o professor e mentor que viu na menina a escritora que viria a ser. Com a ajuda e orientação de Kobayashi, Fumiko ganha confiança e escreve e publica, nos jornais locais, seus primeiros poemas. Em 1922, segue para Tokyo junto com seu noivo universitário. Lá, na capital do Leste, onde a modernidade aportou sem têmpera, a necessidade obriga-a aceitar os trabalhos mais estranhos e inusitados para uma mulher. Mas a miséria é maior que o orgulho e a estranheza companheira do hábito. A família de seu noivo a rejeita. O noivo não tem fibra para lutar por ela. Noivo a quem ela depositara grande confiança. Pela segunda vez o mundo de Fumiko vem a baixo. Um golpe baixo para um coração jovem e cheio de esperanças. Esperanças frágeis. Decepções ágeis. Enjeitada, Fumiko se perde na vida.

Entre 1923 a 1926, vive uma vida instável em todos os sentidos, buscando sentido para a sua vida descontínua. Ainda vive seus dramas amorosos com um poeta anarquista, que abusa da bondade e ingenuidade das mulheres. Inclusive a sua. Um poeta da crueldade. Para enganar a miséria que ronda seu território, Fumiko se dispõe aos trabalhos mais estranhos e diversos: empregada doméstica, garçonete de moquifos, caixa de banho público, auxiliar de escritório, balconista de bares poeirentos, vendedora de tranqueiras. Essa vida errante e movediça, os trabalhos irregulares e incomuns, no entanto, forneceram à Fumiko um rico material referencial para a sua febril criatividade literária. É neste caos existencial que nasce HŌRŌKI, Vagabond’s Song, algo como “Diário de uma Viagem Existencial”, publicação de 1928, que colhe grande sucesso de vendas.

Em 1925, Fumiko se apaixona pelo estudante de artes Tezuka Rokutoshi, que traz para a sua vida um pouco de felicidade espiritual e bem estar material. Felicidade que rende o conto SEIHIN NO SHO, Records of Honesty Poverty, publicado em 1931. Mas é só em 1944 que o casal oficializa a relação em matrimônio. O casamento de Fumiko e Rokutoshi rende um filho adotivo, alguns novos livros, e longas viagens pelo mundo, China, Inglaterra, França, Sul da Ásia, e muitas viagens pelo Japão, interrompida pela arrogante Segunda Guerra Mundial. Um pouco antes, em 1937 seu marido é convocado para a guerra Sino-Japonesa, onde Fumiko o segue como correspondente estrangeira, seguindo para Nankin, Hankow no norte da Manchúria e Indochina Francesa. Nesse período produziu muitas reportagens, entrevistas, impressões sobre o conflito e seus atores. O germe de UKIGUMO surge das experiências na Indochina.

Nos anos posteriores o terror e o assombro tomam conta do mundo, roubando as poucas palavras disponíveis de muitas bocas e penas. Fumiko trabalha em silêncio. Logo após o desvario da Segunda Guerra, ela retorna como grande e popular escritora, produzindo vorazmente novelas, histórias infantis, poesias, ensaios e palestras, culminando na sua maior e mais importante obra literária: UKIGUMO, The Floating Clounds, “Nuvens Flutuantes”. Extenso romance iniciado em 1949 e finalizado às custas do fragilizado coração, em 1951. Em 28 de junho deste ano, Fumiko deixa órfão o filho adotivo e a literatura japonesa.

OBRAS

Fumiko Hayashi produziu uma vasta e diversificada obra literária, traduzida em muitas línguas, mas ainda ausente em língua portuguesa, ao menos, no português de Tupã. No Japão, na Inglaterra, Estados Unidos e até na Noruega, seus livros motivam dissertações, teses, ensaios literários.

Entre as obras mais significativas, destacamos: os poemas KIBIBATAKE, publicado em 1928; os diários líricos AKI GA KITANDA, 1928; a coleção de poesias AOUMA O MITARI, 1929; a novela HOROKI, 1928; os contos FUKIN TO UO NO MACHI, 1931, e SEIHIN NO SHO, 1931; a pequena biografia KANOJO NO RIREKI, 1931; os trabalhos NAKIMUSHI KOZO, 1934, e KAKI, 1935; FUBUKI, 1946; BANGIKU, 1948; HONE, 1949; SHITAMACHI, 1949; o extenso romance urbano UKIGUMO, 1951, que deu a Mikio Naruse uma nova motivação para viver e voltar ao cinema. Aliás, foi Fumiko a grande inspiração para o cinema de Naruse, legando para este os sucessos que merecia.

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