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John Berger (II)

Nomes Alternativos: John Peter Berger

1Número de Fãs

Nascimento: 5 de Novembro de 1926 (90 years)

Falecimento: 2 de Janeiro de 2017

Stoke Newington, Londres - Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

John Peter Berger (Highams Park, Londres, 5 de novembro de 1926 – Paris, 2 de janeiro de 2017) foi um crítico de arte, romancista, pintor e escritor inglês. Entre suas obras mais conhecidas estão o romance G., vencedor do Booker Prize de 1972 e o ensaio introdutório em crítica de arte Ways of Seeing, escrito como acompanhamento da significativa série homônima da BBC, e freqüentemente usado como texto universitário.

John Berger é filho de um convertido ao cristianismo e a quem o serviço como oficial da infantaria no exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial lhe tirou a vontade de ser sacerdote, mas não a fé. De seu pai, diz o próprio Berger, herdou o talento para a pintura e certa moral de soldado que sempre tentou imitar. “Ao contrário do que me ocorre com muitos políticos atuais, que me são impossíveis de respeitar, eu respeito os soldados, porque eles são conscientes das conseqüências do que fazem”, declarou ao EPS. Na mesma entrevista acrescentava “Se minha mãe está tão perto de mim é porque durante minha infância, e já adulto, sempre me deixou ser muito livre”.

Aos 16 anos escapou do St. Edward’s School de Oxford decidido a estudar arte “e ver mulheres nuas”. Obteve uma bolsa para estudar na «Central School of Art» de Londres, embora poucos anos depois se alistasse no exército britânico, onde serviu entre 1944-1946.

Finalizada a guerra, retoma seus estudos na «Chelsea School of Art» com outra bolsa, desta vez concedida pelo próprio exército. Entre 1948 e 1955 deu aulas de desenho na mesma escola onde Henry Moore dava aulas de escultura. Durante esse período trava vínculos com o partido comunista britânico e não demorará para começar a publicar artigos no Tribune, onde escreveria sob a estrita supervisão de George Orwell. Em 1951 começou um período de colaboração com a revista New Stateman, colaboração que se prolongaria por dez anos e em que se revela como crítico de arte marxista e defensor do realismo. Em 1960 publica Permanent Red, volume em que recolherá uma seleção dos artigos publicados em New Stateman.

Aos trinta anos decidiu deixar de pintar para dedicar-se completamente à escrita, não porque, segundo suas palavras, duvidasse de seu talento como pintor, mas sim porque a urgência da situação política em que vivia (plena guerra fria) parecia requerer dele que escrevesse. Em 1958 publicou seu primeiro romance, Um pintor de Nosso Tempo. Nele se relata a vida de um pintor húngaro exilado em Londres. O evidente compromisso político do romance e o realismo com o que narrava — sempre em primeira pessoa —, fez a muitos pensar que se tratava de um diário íntimo e não de ficção. O livro esteve à venda durante um mês, ao cabo do qual a editora Secker&Worburg retirou o romance das livrarias. Mais tarde se soube que a retirada se deveu a pressão do Congress for Cultural Freedom, uma associação de advogados anticomunistas.

Mas Berger continuou escrevendo romance, ensaio, artigos na imprensa, poesia, guias de cinema — junto a Alain Tanner — e inclusive peças de teatro, e enquanto isso decidiu emigrar voluntariamente para uma aldeia dos Alpes franceses. publicou-se muitas vezes que o que provocou aquele auto-exílio foi o desejo de ser um “escritor europeu”, embora mais tarde Berger confessasse não ter conseguido sentir-se em casa na Londres daquela época, uma cidade em que não conseguia se encaixar.

Em 1972 a BBC divulga uma série de televisão que foi acompanhada pela publicação do texto Modos de Ver, que marcou a toda uma geração de críticos de arte, converteu-se em livro de leitura nas escolas britânicas e que tomava emprestadas muitas idéias de A Obra de Arte na Época de Sua Reprodutividade Técnica, artigo de Walter Benjamin de 1936. E nesse mesmo ano, Berger ganha inesperadamente o prestigioso Booker Prize pelo seu romance G., chamando a atenção sua decisão de doar a metade do prêmio ao Partido Pantera Negra britânico .

Ao longo dos anos oitenta vai publicando escalonadamente a excepcional trilogia De Suas Fadigas, em que esteve trabalhando durante quinze anos e em que aborda a mudança que estamos experimentando com a passagem da vida rural à urbana. Em Terra Nua nos anuncia uma investigação sobre um modo de vida que não demorará menos de um século para desaparecer, a vida camponesa. Em Uma Vez na Europa relata os amores que origina uma vida assim e, finalmente, em Bandeira e Lilás acompanhamos a geração seguinte vivendo numa grande cidade cosmopolita. Mas a investigação se estende para o formal e ao ler somos testemunhas da busca de uma voz com a qual relatar este excepcional acontecimento da humanidade.

Na escolha dos temas sobre os quais escreve, John Berger seguiu evidenciando até hoje seu compromisso com a escritura como meio de luta política. Assim se pode comprovar, por exemplo, em O Tamanho de uma Bolsa, que inclui sua correspondência com o subcomandante Marcos, em Para as Bodas, que gira em torno da AIDS, ou no King, um relato da vida dos sem teto, além de sua ativa colaboração como articulista para a imprensa de muitos países.

Embora com o passar dos anos tenha tomado uma certa distância das antigas posturas políticas, como, por exemplo, em relação ao seu apoio ao regime soviético, recentemente terminou um de seus artigos, publicado em A Jornada e intitulado “Onde Achar Nosso Lugar”, dizendo: “Sim, entre muitas outras coisas, continuo sendo marxista”.

Filhos: Jacob Berger, Yves Berger, Katya Berger

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