Nos anos 50, após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão foi ocupado militarmente pelos EUA e viveu uma fase de abertura à cultura ocidental que possibilitou intensa e diversificada produção cinematográfica. Os grandes estúdios japoneses, que no período da guerra haviam se limitado a produções de conteúdo propagandístico do regime, ganharam fôlego com produções de alto orçamento, épicos sobre o heroísmo nipônico, e com dramas cotidianos de viés moralizante. Foi nessa época que o cinema japonês ganhou projeção internacional, recebendo atenção da crítica e dos festivais ao redor do mundo. Marco dessa mudança é Rashomon (1950), de Akira Kurosawa, ganhador do Leão de Ouro no Festival de Veneza em 1951 e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1952. A partir daí, o cinema japonês passou a ser visto, pensado e discutido para além do Japão. André Bazin, crítico francês cofundador da Cahiers du cinéma, revista fundamental para o estabelecimento da Nouvelle vague na França, refere-se à descoberta do cinema japonês pelo ocidente como o maior acontecimento cinematográfico mundial desde a eclosão do neorrealismo italiano.