Você está em
  1. > Home
  2. > Artistas
  3. > Maysa Matarazzo

Maysa Matarazzo

Nomes Alternativos: Maísa Figueira Monjardim | Maysa

54Número de Fãs

Nascimento: 6 de Junho de 1936 (40 years)

Falecimento: 22 de Janeiro de 1977

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro - Brasil

Maysa Figueira Monjardim, mais conhecida como Maysa Matarazzo ou simplesmente Maysa, foi uma cantora, compositora e atriz brasileira.

Maysa nasceu numa família tradicional do estado do Espírito Santo. Era neta do barão de Monjardim, que foi presidente da província do Espírito Santo por cinco vezes, e bisneta do comendador José Francisco de Andrade e Almeida Monjardim, que presidiu a província do Espírito Santo por treze vezes, e que foi membro da junta governativa capixaba de 1822-1824. Sua família, os Monjardim, eram donos da histórica Fazenda Jucutuquara, em Vitória, Espírito Santo. A sede da fazenda, hoje é o Museu Solar Monjardim, no bairro Jucutuquara, em Vitória. A fazenda era propriedade do capitão-mor Francisco Pinto Homem de Azevedo, trisavô de Maysa. A filha e herdeira do capitão-mor Francisco Pinto Homem de Azevedo, Ana Francisca Maria da Penha Benedito Homem de Azevedo, casou-se com o comendador José Francisco de Andrade e Almeida Monjardim, passando a fazenda a ser propriedade da família Monjardim.

Nascida e criada no tradicional bairro carioca de Botafogo, em 1947 a família mudou-se para Bauru, no interior paulista. Posteriormente, mudaram-se para a cidade de São Paulo, onde Maysa estudou no tradicional colégio paulistano Assunção, no Ginásio Ofélia Fonseca e no colégio de freiras Sacré-Cœur de Marie, em Paris.

Desde criança sonhava em ser cantora. Se apresentava cantando e tocando violão apenas para os familiares. Com aptidão natural para a música, só estudou canto para se aperfeiçoar. Era uma jovem afrente de seu tempo. Gostava de beber e fumar em público, além de usar cabelos curtos e calças, hábitos masculinos na época, o que causava atritos familiares. Apesar disto, era extremamente vaidosa, e romântica, gostando de escrever, além de músicas, poemas e cartas de amor. Casou-se aos dezoito anos com seu noivo, o empresário André Matarazzo, amigo de sua família há muitos anos, e dezessete anos mais velho que a cantora, por quem ela era secretamente apaixonada desde criança. Após o matrimônio passou a assinar Maysa Monjardim Matarazzo. Seu marido era membro do importante ramo ítalo-brasileiro da família Matarazzo, donos de uma fortuna bilionária e das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo - durante décadas o maior complexo industrial da América Latina. Com pouco tempo de casados, nasceu Jayme Monjardim Matarazzo, diretor de cinema e telenovelas.

Desquitou-se do marido em 1957: Ele não aceitava a vocação de cantora da esposa, não apoiando seu sonho. Havia muito preconceito com atrizes e cantoras na época, sendo julgadas de vulgares e mulheres que não eram de família. Mesmo sofrendo por amar o marido, não teve medo de correr riscos e enfrentar preconceitos, e decidiu seguir sua vontade e saiu de casa com o filho, indo morar novamente com seus pais, um grande escândalo para aquela época conservadora. Após o desquite, voltou a usar seu sobrenome de solteira, Figueira Monjardim, ficando furiosa quando havia alguma matéria jornalística que ligasse seu nome ao sobrenome Matarazzo, de quem não quis nada, nem pensão para se manter.

Com apenas um disco gravado, seu repertório foi um sucesso, recebendo convites para shows em todo o mundo. Seu disco vendeu milhares de cópias e o sucesso bateu a sua porta, porém, isto pesou na criação de Jayme, seu filho. Maysa teve que escolher entre o filho e a carreira. Para lhe dar um futuro melhor, optou pela carreira e seu filho passou parte de sua infância sendo criado pelo pai e por sua nova esposa.

Em sua agitada vida de cantora, marcada por muitas viagens e também por muitos amores, Maysa teve vários relacionamentos, entre eles, com o compositor Ronaldo Bôscoli, e com o empresário espanhol Miguel Azanza, com quem casou, depois manteve um caso com o maestro Julio Medaglia, quando viajou para Buenos Aires, depois namorou o ator Carlos Alberto, de quem depois foi esposa, entre vários outros. Ficou também conhecida por suas explosões temperamentais, suas crises depressivas e de solidão, que se expressavam claramente em suas letras, seu vício em álcool, cigarros, calmantes e medicamentos para emagrecer, as grandes brigas e confusões que se envolvia, sendo capa de jornais não só por seu talento, mas por escândalos envolvendo brigas violentas com seus namorados, traições, nudez, e suas diversas tentativas de suicídio. Era intensa demais para pessoas que ela considerava superficiais demais. Quando seu ex-marido faleceu, sofreu muito, tanto que, mesmo desquitada dele, passou a se considerar a sua viúva. Nesta época estava casada com Miguel e vivia na Espanha. Levou o filho para lá, mas como tinha que trabalhar, e não queria que ele tivesse uma educação simples no Brasil, optou por deixá-lo num colégio interno em Madri, onde raramente visitava o menino. Isto foi motivo de muitas brigas entre ela e seus pais, e futuramente entre ela e o filho. Após terminar o casamento com Miguel, uma união cheia de altos e baixos, envolvendo agressões, humilhações e escândalos de ambas as partes, Maysa volta sozinha para o Brasil.

Na década de 70, Maysa se aventurou pelo mundo das telenovelas e do teatro participando de produções como O Cafona, Bel-Ami e o espetáculo Woyzeck de Georg Büchner.

A cantora vivia isolada em sua casa de praia em Maricá, desde 1972, em depressão, doença que lutava há muitos anos. Havia terminado a pouco tempo seu casamento com Carlos Alberto, com quem viveu em Maricá. Suas crises de ciúme e agressividade, e o fato de inventar uma gestação para ele continuar ao seu lado foram decisivas para o término. Maysa estava triste, o filho já havia voltado da Espanha há alguns anos e não queria mais nem vê-la ou falar com ela. A acusava de tê-lo abandonado no colégio interno, e após muitos anos sofrendo para se reaproximar do filho, pedindo perdão pelo que fez e por estar arrependida de tudo, eles, enfim, se reconciliaram. No fim da tarde do dia de casamento do seu filho, pegou seu carro e foi para Maricá, quando um acidente automobilístico na Ponte Rio-Niterói deu fim a sua vida. Em exames necroscópios foi constatado que a cantora estava sóbria no momento do acidente.

As composições e as canções foram escolhidas de maneira a formar um repertório sob medida para o seu timbre, que não era o de uma voz vulgar; pelo contrário, possuía um viés melancólico e triste, que se tornou emblemático do gênero fossa ou samba-canção. Ao lado de Maysa, destacam-se Nora Ney, Ângela Maria e Dolores Duran. O gênero, comparado ao bolero pela exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo. O samba-canção (surgido na década de 1930) antecedeu o movimento da bossa nova (surgido ao final da década de 1950, em 1958), com o qual Maysa também se identificou. Mas este último representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações em detrimento do drama e das melodias ressentidas, do gênero "dor-de-cotovelo". O legado de Maysa, ainda que aponte para dívidas históricas com a bossa, é o de uma cantora de voz mais arrastada do que as intérpretes da bossa e por isso aproxima-se antes do bolero.

Contemporânea da compositora e cantora Dolores Duran, Maysa compôs 30 canções, numa época em que havia poucas mulheres nessa atividade. Maysa interpretava de maneira muito singular, personalista, com toda a voz, sentimento e expressão, sendo um dos maiores nomes da canção intimista. Um canto gutural, ensejando momentos de solidão e de grande expressão afetiva. Um dos momentos antológicos desta caracterização dramática foi a apresentação, em 1974, de Chão de Estrelas (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa), e de Ne Me Quitte Pas (10 de junho de 1976), tendo sido apresentadas em duas edições do programa Fantástico da Rede Globo.

Todo este característico Estilo Maysa influenciou ao menos meia dúzia de sua geração, e principalmente a geração posterior a sua. Este Estilo Maysa se tornou notável em cantores e compositores, como: Ângela Rô Rô, Leila Pinheiro, Fafá de Belém, Simone e também Cazuza e Renato Russo.

Celebrizaram-se as canções: Ouça, Meu Mundo Caiu, Tarde Triste, Resposta, Adeus, Felicidade Infeliz, Diplomacia e O Que? (todas de sua autoria) e mais: Ne Me Quitte Pas, Chão de Estrelas, Dindi, Por Causa de Você, Se Todos Fossem Iguais a Você, Eu Sei Que Vou Te Amar, Franqueza, Eu Não Existo Sem Você, Suas Mãos, Bouquet de Izabel, Bronzes e Cristais, Bom Dia Tristeza, Noite de Paz, Castigo, Fim de Caso, O Barquinho, Fim de Noite, Meditação, Alguém me Disse, Cantiga de Quem Está Só, A Felicidade, Manhã de Carnaval, Hino ao Amor (L'Hymne a L'Amour), Demais, Preciso Aprender a Ser Só, Canto de Ossanha, Tristeza, As Mesmas Histórias, Dia das Rosas, Se Você Pensa, Pra Quem Não Quiser Ouvir Meu Canto, Light My Fire, Chuvas de Verão, Bonita, As Praias Desertas, Bloco da Solidão, Tema de Simone e Morrer de Amor.

Cônjuge: André Matarazzo (de 1954 a 1957)
Filho: Jayme Monjardim

Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.

Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.