Morning After the Deluge

No meio há o sol. Atrás do sol, há o céu, uma laranja dourada. Os tufos de nuvens são tingidos de marrom. Às vezes há a silhueta agitada de um passarinho. E perto do topo, há algum tipo de faixa preta que atravessa a largura da projeção. Enquanto rola lentamente, sempre devagar, para baixo, movendo-se na frente do sol, alcançando a parte inferior da imagem, e depois reaparecendo no topo, ela ondula. É água. É um truque bem legal. Dois filmes do céu sobre Cape Cod - um de um nascer do sol, o outro de um pôr do sol - foram combinados. O ponto médio da projeção de vídeo - quando a fita do mar está na metade da tela, passando direto pelo meio do vermelho sol escaldante - é na verdade composta de uma imagem de um sol meio ressuscitado, e de cabeça para baixo. um meio-dia de sol. Em certo sentido, então, "The Morning After the Deluge" pôde ser visto dentro da tradição da experimentação formalista no cinema. A tecnologia digital é usada para criar uma ilusão perfeita, mas que ao mesmo tempo alerta o espectador para a própria mecânica dessa ilusão.

E, como os melhores truques, é inquietante. A constante rolagem da faixa preta de água, a passagem do horizonte da Terra ao redor do sol imóvel, parece confundir a experiência humana, enquanto ao mesmo tempo confirma o que cientificamente acreditamos ser verdade. E, embora a princípio a imagem pareça quase serena, a repetição perpétua do dia seguida pelo dia começa a transmitir uma terrível e arrebatadora sensação de intemporalidade. - Gabriel Coxhead