Situado no final dos anos de 1990, HOMEM ONÇA investiga como a história do país reflete e interfere na vida pessoal de Pedro, interpretado por Chico Díaz. Dirigido por Vinícius Reis (A Cobra Fumou, Noite de Reis, e Praça Saens Peña), o quarto longa do cineasta tem sua estreia mundial hoje, dia 23 de fevereiro, no 5o Arthouse Asia Film Festival, e será lançado nos cinemas do Brasil, no segundo semestre deste ano, pela Pandora Filmes.
Reis conta que a inspiração para o roteiro do longa veio de sua própria família. “Meu pai era gerente numa das maiores mineradoras do mundo, a Vale do Rio Doce. E em 1996, a empresa passou por uma reestruturação radical, que culminaria na sua privatização no ano seguinte. Depois de duas décadas trabalhando para essa companhia, meu pai não podia ser demitido, e foi forçado a se aposentar. Antes disso, foi obrigado a demitir sua equipe... tudo isso teve o efeito de um tsunami em sua vida.”
No filme, Pedro tem uma vida estável de classe média com sua mulher Sônia, interpretada por Silvia Buarque, que procura um emprego, e a filha adolescente, Rosa (Valentina Herszage). Pedro trabalha numa das maiores estatais do país, a fictícia Gás do Brasil. Tudo parece caminhar muito bem, um projeto de sustentabilidade desenvolvido por ele ganha um prêmio internacional, o que parece garantir o emprego de sua equipe, apesar da crise que a empresa começa a enfrentar. Seu corpo parece reagir a isso, e manchas estranhas aparecem em sua mão.
Porém, mesmo o sucesso do trabalho de seu time não garante a segurança do emprego de todos, e Pedro é forçado a tomar atitudes drásticas. HOMEM ONÇA acompanha esse processo através de duas linhas narrativas que se entrecortam e convergem: Num futuro não longínquo, o protagonista não vive mais no Rio de Janeiro, mas em uma pequena cidade, com uma nova companheira, Lola (Bianca Byington).
O roteiro, assinado por Reis, em colaboração com Flavia Castro e Fellipe Barbosa, examina como o longo processo de privatização de estatais, no final dos anos de 1990, ressoa na vida dos empregados daquelas empresas. A perda da estabilidade e segurança emocional e econômica de Pedro é um reflexo da situação do Brasil. Assim, ao falar do passado, HOMEM ONÇA é um filme que também medita sobre o presente do país, sempre ameaçado de passar por uma nova onda de privatizações.
“Com o filme, continuo a explorar meu interesse em contar histórias sobre as ambições e medos da classe média urbana brasileira. No meu primeiro longa de ficção, Praça Saens Peña, de 2009, a questão da posse de um imóvel e o desejo por uma carreira profissional eram centrais para os personagens. Em HOMEM ONÇA, a importância do trabalho como identidade do ser humano é o que move os personagens”, explica o diretor.
HOMEM ONÇA foi rodado no Rio de Janeiro, Petrópolis e Teresópolis, entre dezembro de 2017, e janeiro de 2018. O longa ainda inclui em seu elenco Guti Fraga, Dani Ornellas, Tom Karabachian e Alamo Facó. O filme é produzido pela Tacacá Filmes, em coprodução com Blackforest Films (Alemanha), Parox SA (Chile), Canal Brasil e Globo Filmes.
Imagem: Tacacá Filmes / Divulgação