Transborda a caixinha de conceitos de princesas Disney. Uma moça que, contrariando os costumes familiares e ouvindo sua intuição, atravessa barreiras e paradigmas pelo bem coletivo com muita valentia e fé, apesar das dúvidas do caminho. A representação valiosa do conhecimento ancestral e tradicional de sua comunidade (principalmente na imagem da avó, que me emocionou bastante) nos faz refletir sobre quem são nossas referências em nossos lares, bairros e cidades... E a relação com o "homem herói" é genial também. Moana é destemida e forte assim com o semi deus, e Maui a princípio a menospreza por não querer compartilhar o prestígio (como muitos homens ainda fazem). Moana não se intimida com a pose egóica e cativa carinhosamente Maui, aprendendo com ele. O coração de Tefiti roubado - por um homem pretencioso - desencadear na criação de uma monstra de lava que destrói tudo por onde passa tb é bastante emblemático. E ai, me veio a mensagem: a reconexão com seu coração cura. Cura a terra, os peixes, as aves, as plantas... o ser inteiro. E cabe aos homens que erram, que cagam no sentimento alheio, assumirem seus próprios BOs sem fugir. Muitos ensinamentos numa só animação. Adorei!
Não sei nem por onde começar os elogios. Sai extremamente tocada da sessão :) Das reflexões que me trouxeram, me chamou a atenção a crítica feita a tão, e infelizmente recorrente, especulação imobiliária da perspectiva de uma mulher forte, destemida, valente e, por isso, uma mulher admirável <3 Quero ser a Clara quando crescer. Além disso, traz um olhar sensível de quem está numa classe privilegiada [Não sei o quanto esse conceito se esclarece para xs usuárixs aqui presentes, mas ricos também podem pensar, ter visão e atuação crítica, o dinheiro não os tornam automaticamente "hipócritas", vamo aprofundar isso ai] e nem por isso trata a classe trabalhadora com menos nobreza e respeito, através desse comportamento ela inclusive consegue importantes informações dos ex funcionários da empreiteira. No decorrer da história mostra alguns choques entre a realidade dessas classes (a sombra dos prédios sobre a favela, a festa na laje cercada de prédios, a família de Clara vendo álbum de fotografias quando chega Ladjane mostrando a 3x4 de seu filho assassinado...) Essas contradições enriquecem demais o conteúdo, na minha mera opinião de leiga rs A composição de coresss... Muito oceânica e alguns tons terrosos, me agradou muito as combinações. Fiquei fascinada pelo cenário do apartamento, quero um dia poder morar num espaço tão rico de histórias como esse, no qual não importa os meios tecnológicos aos quais temos acesso, certas memórias (que ela acumula nos vinis e cabelos) são relíquias inestimáveis, dinheiro nenhum há de comprar. O filme também mexe em conceitos de saúde e medo - como pode uma senhora dessa idade morar sozinha, de frente pro mar, com uma rede e plantinhas na varanda?! Achei a complexidade de reflexões extremamente necessárias a vida contemporânea dx brasileirx. A trilha sonora completa demais as cenas. Adorei cada uma das músicas, especialmente a psicodelia de Ave Sangria. E ah, pegaria fácil o sobrinho dela! haha amei ele!!
O "fenômeno familiar", colocado por outros usuários aqui chama-se capitalismo. Age da mesma maneira, sistemática e cruel, no oriente ou ocidente. Não podemos ser ingênuos e rasos de achar que isso é um mero retrato de empregadas domésticas. Por acaso alguém aqui sabe o que a patroa (mãe do Jiale) faz no trabalho além de escrever cartas de demissão? E o pai tentando ser mais um atravessador na cadeia de produção? O dinheiro frequentemente foi colocado como valor de maior prestígio e indicador de sucesso dentro e fora de casa. A crise, citada na história, é cíclica e previsível dentro do sistema capitalista, perguntem aos economistas. Pra mim o filme foi um relato bem direto de como esse sistema capitalista é irracional e não serve à sociedade e sim a poucos que, explorando a força de trabalho humana, lucram sendo donos dos meios de produção. Isso acontece em grande escala como em pequena (no salão de beleza, lembram da dona do salão dormindo enquanto as filipinas trabalhavam?). Pois é, nada é ao acaso no filme. Também percebi uma crítica contundente ao sistema de ensino, que não permitia violência entre os estudantes, mas humilha publica e violentamente um aluno frente aos demais. Só eu lembro de pelourinho vendo o Jiale tomar uma surra do diretor? Uma produção muito bem elaborada que nos traz importantes reflexões para os tempos atuais.
Várias mensagens recebidas através do filme. Fiquei bem contente de aceitar a indicação de uma amiga, que já leu o livro inclusive indicado pelos pais dela. Em termo de produção, é bem hollywodiano, então confesso que não me comove, mas pela mensagem vale assistir :)
Assim como um pântano, o longa é extremamente profundo e a direção feminina de fato nos faz enxergar da perspectiva das mães: os sons que nos trazem desconforto (gritos de crianças principalmente rs), aquele ritmo frenético em que vivem as mães, que fazem tudo, já que ninguém nem o telefone atende. Achei muito relevante, porém sutil, as atuações das filhas mais velhas. As duas cumprem a função de ajudar as mães (seja trocando os irmãos, cuidando da panela de pressão, ajudando a carregar as responsabilidades de forma geral) e não são reconhecidas por isso. A filha que vive de maiô toma as dores da mãe pelo acidente, fica a disposição total da mãe e, ainda assim, recebe ofensas (sobre o descuido com o cabelo, comportamentos etc) da mãe. Uma forma de opressão a nós mulheres bastante recorrente, não? Outra opressão muito bem retratada é a da filha da empregada, que sofre assédios da filha e do filho da patroa, dos homens no Carnaval e opressões (da patroa e da mãe). Ela também se sente mal, culpada pela briga que rolou no carnaval... mais uma vez (e desde de os tempos de Helena de Tróia) a beleza feminina é tida como causadora de conflitos. Os traços indígenas nas empregadas e traços espanhóis nos patrões são emblemáticos e nos trazem essa reflexão ao colonialismo da américa latina. Poderia divagar mais sobre as relações, mas isso iria longe rs. Então, por último acho importante pontuar a figura dos homens no filme. O esposo da mãe acidentada: um completo narcisista, fica se olhando no espelho e até esquece que sua esposa precisa ser levada ao hospital. O filho da mesma mãe: um garoto que não cresceu, procura na namorada a figura materna (inclusive comete a gafe de chamar a namo pelo nome da mãe ao telefone), se mete em briga, não se responsabiliza por nenhuma tarefa e assedia as mina. O outro pai: até compartilha as tarefas domésticas, mas tolhe a esposa quando ela resolve ir à Bolívia comprar material escolar, e a mãe, que aguenta as crianças o dia todo, quando chega em casa ainda tem de escutar do marido reclamações sobre o jeito como ela tem cuidado das crianças. Em vez dele só assumir o turno da criação e ficar de boa, ele culpa a mãe mais uma vez sobre os infortúnios.
Aumentando o número de pessoas envolvidas em um relacionamento, aumenta-se também sua complexidade. Isso é claro e bem retratado no filme, de cenário reduzido e de desenvolvimento lento, o que pra mim facilitou entender mais a fundo a personalidade de cada uma das personagens. Jose, como muitas mulheres, tenta agradar de todas as formas e genuinamente ama aos dois. Marcos, por ser o mais caladinho, me deixou um pouco na dúvida.. mas na minha concepção, ele parecia ser mais sensível e compassível com Jose. Enquanto, Jaime representa a mais pura imagem de um macho cheio de inseguranças. Por não estar, segundo o próprio Jaime "dentro do padrão de beleza" pelo qual se sente oprimido, Jaime acaba fazendo o mesmo com os parceiros. Ao fazer essa opressão, ele projeta neles a incapacidade de fazer Jose gozar (chamando-os de frígida e impotente). Ao perceber que os dois tem uma baita sintonia transando, sem que ele seja o ativo, isso fere o ego. E ego de macho inseguro ferido torna-se perigoso. Ele não consegue admitir aquilo. O sucesso de Marcos na galeria... o prazer que ele dava a Jose... E, na minha concepção, foi isso que levou ao fim a relação dos três. Triste né? Podia ter final feliz? Podia. Pois é. Ao mesmo tempo, achei bem real, porque é assim que muitos homens se comportam em suas vaidades.
Sinceramente, tive interesse em ver o filme pelo nome e na doce ignorância de achar q o diretor era uma mulher haha Com o decorrer das filmagens, vi o quanto são toscos os principais personagens. Os cara não sabe cola na mulherada e ainda quer ter a ilusão de achar q elas vão se arrepender de "não ter dado pra" uns cara desse.. que não se garante nem pra chega nas mina q eles admiram! Bossais. Foi uma eterna decepção saber que os egóicos tb são os diretores e roteristas. Nos créditos, a hora que mostra os nomes das atrizes e atores, nenhuma mina (além da musa inspiradora do Diego) tem nome próprio. É tudo menina da praia 1, 2, menina do carro... Fala sério... isso me incomoda bastante. Tirando isso adorei a trilha e os temas tratados tinham tudo pra ser bem aprofundados.. mas tudo bem, já desperta uma certa reflexão sobre o primeiro emprego, vícios, ambições q temos q tolir para ser contratado.. enfim Festival de Gramado mandou mal nesse ai.
Incrível! Conhecendo Agnes Varda por um baita filme! :) Adorei o jeito como foi usado o tempo. De início, achei que seria entendiante, com a Cleo muito parada... mas não! Em 2 horas ela encontrou e conheceu várias pessoas em paisagens variadas. Os ângulos que a câmera pegou durante os passeios de táxi foram incríveis, assim como das duas divas no conversível. Outra aspecto que achei interessante, é como a Agnes consegue abordar tantos assuntos polêmicos (como privilégios da protagonista em poder andar de táxi, assédios, os espaços - incluindo profissões - das mulheres na sociedade) somente nas ações e poucas falas. Um exemplo disso, é quando enquadra naquela caixa bizarra, que carrega um recém nascido dentro, soltando a frase de uma mãe que dá um depoimento positivo sobre a Uti Neonatal. Veja como, há tantos anos atrás, Agnes já discutia os caminhos por onde estamos conduzindo a maternidade. O uso de plano sequência foi bem bacana para acompanhar mais profundamente os passos, as entradas e saídas da Cleo. E o conflito psicológico em que Cleo se encontra, por estar preocupada com sua saúde e não ser levada a sério e parecer apenas uma boneca mimada com seus caprichos... me senti acolhida <3 Tanto se ouve do cinema Francês.. filmes de Godard, aquelas coisas.. foi bom ver a perspectiva feminina dessa francesada tão talentosa.
Mas eai... A história é toda real? Como saber o que é fantasia? =D Intrigante, cheio de cores e contrastes, que representam contrastes ideológicos também: matemática x poesia, limpa fossa x vendedora de perfumes, anarquismo x conservadorismo, estático x móvel. Genial. E importante relatar como, muitas das vezes, o estímulo para exercermos o que queremos não vem da família, da tradicional brasileira, ainda que haja o amor.
Irreverente na escolha da escala de cinza. Os morros redondos esculpidos pela chuva (já no final) não teriam a mesma beleza se fosse colorido. Através de um registro sagaz de imagens, é capaz de transmitir críticas fortes ao colonialismo europeu e a exploração de recursos naturais. Apesar de triste cena, muito me chamou a atenção a primeira vez que entram no missionário. A câmera passa lentamente pelo espaço e retrata uma berlinda e atrás crianças, cantando, sendo cristianizadas. Fora essa cena, que muito me marcou, os diálogos trazem uma visão interessante do que a Igreja achava dos povos originários da América, demonizando-os e inferiorizando o conhecimento ancestral. O resgate da memória de Karamakate ao decorrer da viagem é emocionante. Conforme vão passando as lembranças, é possível entender melhor os sentimentos de revolta da personagem.
Me deu asco do começo ao fim. Mesmo tendo um quê surrealista, fiquei em choque com os comportamentos e cenas asquerosas, essa é a palavra. Entretanto, isso não é motivo para desdenhar o filme, muito pelo contrário! Ele cumpre com o seu papel de afetar o telespectador. Creio que essa produção possa marcar de fato uma geração de jovens sem perspectiva que fugiam da realidade cinza da Escócia através da heroína. Muito inteligente! O uso das perspectivas, filmando a partir do carpete, como se enxergasse de perto o que é estar nesse vício.. o uso das cores refletindo o humor do protagonista.. a cena da água suja escorrendo pelo ralo enquanto ele aplica uma dose.. Tudo isso faz pensar. E, a última coisa que me dá vontade depois de assistir esse filme é aplicar heroína. E é importante que colocar em pauta esses assuntos, que ainda hoje podem ser tabus na família brasileira rs.
Amei a trilha toda! E o cenário com os lps.. <3 fiquei brincando de adivinhar os álbuns! Massa demais! E ah, ler a frase do poster "tudo na vida tem um lado a e um lado b" faz todo sentido agora.. rs
Intrigante. De início, me pareceu um filme machista, por usar muito do corpo feminino e colocar em mais de um personagem a mulher como um ser problemático e louco. Ao longo do filme, percebi que, por mais que houvesse a obstinação do protagonista pela conquista das mais variadas mulheres, ele não passava de um menino que não havia crescido (fala, inclusive, dita por um dos críticos da editora que recebeu seu livro. Pode-se dizer até que é esperado que um homem que lê essa história, não simpatize com o conquistador... rs). Um menino que buscava o afeto, o calor, o carinho maternal nas inúmeras mulheres que conhecia para suprir a falta da mãe (e isso está escrito nas entrelinhas do filme, o que deixa o filme mais inteligente). Os diálogos me pareceram um tanto superficiais, porém vão revelando aos poucos como o protagonista era frágil e dependente das mulheres para sobreviver, motivo o qual levou a sua morte. E apesar de ser um cara muuuito esquisito (pelo menos, é o que eu pensaria se o conhecesse), o filme consegue colocá-lo com um ar poético e suave, um homem com um semblante de admiração pela beleza feminina. Por fim, o longa presenta um ensinamento um tanto convencional, porém necessário aos tempos modernos sobre o amor. E por isso, considero um bom filme.
Genial e super transgressor para a época e para os dias de hoje também! I-ma-gina o que deve ter sido gravar essas cenas nos anos 70 em vias PÚBLICAS... Muito ousado, porém muito inteligente, com personagens caricatos e profundos, críticas aos modelos sociais bem colocadas (e que chegam a provocar um certo asco), erotismo independente do gênero (aliás, pra todos os gotos), fotografia linda com o colorido dos carros e das roupas... Enfim, um filme com produção musical do Gil (inconfundível voz abençoada) não poderia ter fascinado menos.. <3 Termino citando uma fala do filme: "O Brasil é o país mais rico do mundo. Seus rios, seus minérios, suas imensas florestas fazem dele o paraíso da Terra, mas parece ser exatamente sua riqueza a causa de tanta miséria. Precisamos acabar com esses miseráveis traiçoeiros, enlouquecidos pelo sol, pelo azar e pale fome. Cinco fanáticos cangaceiros saíram pelo Brasil a queimar fábricas e fazendas e distribuir terras. E esse sol de Copacabana, enlouquecendo e estragando o juízo. Tirando o controle da população desequilibrada pelo sol do oceano Atlântico (enquanto andava sobre a famosa varanda do Hotel Glória). Nós não podemos pensar, a inteligência faz mal ao brasileiro. É preciso a polícia, para não deixar esse mundo sujo e o povo louco correrem por água abaixo... sem a polícia, a fome ia ser maior ainda. A policia salva o Brasil do desastre e do comunismo." Escraaaacho total!! Adorei <3
Foi de rasgar o coração!!! <3 não sei porque têm gente decepcionada.. mas achei incrível e também com discussões muito atuais. Um filme em que pouco se fala, simbolizando a opressão velada de uma sociedade moralista, e muito se representa através da força de vontade de mulheres como as sufragistas. Ver a compaixão que há entre as manas, o sentimento de união quando se encontram
(a cena em que mostra as milhares de fotos de sufragistas no mural do investigador é ótima <3
), a firmeza das frases de Maud, a perseverança no discurso da Mrs. Pankhurst, os sacrifícios que passaram ao abdicar dos seus maiores amores (e que teriam por direito) foi lindo de ver. Reacendeu a importância do feminismo para maior representatividade das [ainda] minorias políticas. P.S. E ainda acho um absurdo o filme não ter sido exibido numas das maiores cidades do estado de são paulo, campinas. Esse filme deve ir além dos cinemas! Em direção às praças, escolas, feiras, parques, ruas etc!
"É difícil usar essa palavra sofrimento... mas isso foi compensador do ponto de vista é... me recuperar no sentido mais absoluto que eu era. Então nesse sentido, por um lado pode-se dizer que eu fui podado. Que era época de sei lá... outono! Nem sei! rs Devia ter algumas folhas secas né. Demoraram mas caíram." <3
Genial!!! Von Trier não podia ter escolhido pessoa melhor para o papel da Joe, que trata de tantos tabus, se não a filha de Gainsbourg! Adorei! Muitas das falas nos dois filmes são questionamentos que devemos fazer pra vida! Como forma de enxergar por outro ponto de vista os padrões sociais de maneira geral: diversas formas de expressar nossa sexualidade, abuso sexual, criminalidade, maternidade... Enfim! E o final também não poderia ser mais perfeito! E olha que nem assim algumas pessoas entenderão que o consentimento é tudo no sexo! rs
Moana: Um Mar de Aventuras
4.1 1,5KTransborda a caixinha de conceitos de princesas Disney.
Uma moça que, contrariando os costumes familiares e ouvindo sua intuição, atravessa barreiras e paradigmas pelo bem coletivo com muita valentia e fé, apesar das dúvidas do caminho.
A representação valiosa do conhecimento ancestral e tradicional de sua comunidade (principalmente na imagem da avó, que me emocionou bastante) nos faz refletir sobre quem são nossas referências em nossos lares, bairros e cidades...
E a relação com o "homem herói" é genial também. Moana é destemida e forte assim com o semi deus, e Maui a princípio a menospreza por não querer compartilhar o prestígio (como muitos homens ainda fazem). Moana não se intimida com a pose egóica e cativa carinhosamente Maui, aprendendo com ele.
O coração de Tefiti roubado - por um homem pretencioso - desencadear na criação de uma monstra de lava que destrói tudo por onde passa tb é bastante emblemático. E ai, me veio a mensagem: a reconexão com seu coração cura. Cura a terra, os peixes, as aves, as plantas... o ser inteiro. E cabe aos homens que erram, que cagam no sentimento alheio, assumirem seus próprios BOs sem fugir.
Muitos ensinamentos numa só animação. Adorei!
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraNão sei nem por onde começar os elogios. Sai extremamente tocada da sessão :)
Das reflexões que me trouxeram, me chamou a atenção a crítica feita a tão, e infelizmente recorrente, especulação imobiliária da perspectiva de uma mulher forte, destemida, valente e, por isso, uma mulher admirável <3 Quero ser a Clara quando crescer.
Além disso, traz um olhar sensível de quem está numa classe privilegiada [Não sei o quanto esse conceito se esclarece para xs usuárixs aqui presentes, mas ricos também podem pensar, ter visão e atuação crítica, o dinheiro não os tornam automaticamente "hipócritas", vamo aprofundar isso ai] e nem por isso trata a classe trabalhadora com menos nobreza e respeito, através desse comportamento ela inclusive consegue importantes informações dos ex funcionários da empreiteira. No decorrer da história mostra alguns choques entre a realidade dessas classes (a sombra dos prédios sobre a favela, a festa na laje cercada de prédios, a família de Clara vendo álbum de fotografias quando chega Ladjane mostrando a 3x4 de seu filho assassinado...) Essas contradições enriquecem demais o conteúdo, na minha mera opinião de leiga rs
A composição de coresss... Muito oceânica e alguns tons terrosos, me agradou muito as combinações. Fiquei fascinada pelo cenário do apartamento, quero um dia poder morar num espaço tão rico de histórias como esse, no qual não importa os meios tecnológicos aos quais temos acesso, certas memórias (que ela acumula nos vinis e cabelos) são relíquias inestimáveis, dinheiro nenhum há de comprar.
O filme também mexe em conceitos de saúde e medo - como pode uma senhora dessa idade morar sozinha, de frente pro mar, com uma rede e plantinhas na varanda?! Achei a complexidade de reflexões extremamente necessárias a vida contemporânea dx brasileirx.
A trilha sonora completa demais as cenas. Adorei cada uma das músicas, especialmente a psicodelia de Ave Sangria.
E ah, pegaria fácil o sobrinho dela! haha amei ele!!
[spoiler][/spoiler]
Quando Meus Pais Não Estão em Casa
3.7 47 Assista AgoraO "fenômeno familiar", colocado por outros usuários aqui chama-se capitalismo.
Age da mesma maneira, sistemática e cruel, no oriente ou ocidente. Não podemos ser ingênuos e rasos de achar que isso é um mero retrato de empregadas domésticas. Por acaso alguém aqui sabe o que a patroa (mãe do Jiale) faz no trabalho além de escrever cartas de demissão? E o pai tentando ser mais um atravessador na cadeia de produção? O dinheiro frequentemente foi colocado como valor de maior prestígio e indicador de sucesso dentro e fora de casa.
A crise, citada na história, é cíclica e previsível dentro do sistema capitalista, perguntem aos economistas.
Pra mim o filme foi um relato bem direto de como esse sistema capitalista é irracional e não serve à sociedade e sim a poucos que, explorando a força de trabalho humana, lucram sendo donos dos meios de produção. Isso acontece em grande escala como em pequena (no salão de beleza, lembram da dona do salão dormindo enquanto as filipinas trabalhavam?). Pois é, nada é ao acaso no filme.
Também percebi uma crítica contundente ao sistema de ensino, que não permitia violência entre os estudantes, mas humilha publica e violentamente um aluno frente aos demais. Só eu lembro de pelourinho vendo o Jiale tomar uma surra do diretor?
Uma produção muito bem elaborada que nos traz importantes reflexões para os tempos atuais.
A Cabana
3.6 828 Assista AgoraVárias mensagens recebidas através do filme.
Fiquei bem contente de aceitar a indicação de uma amiga, que já leu o livro inclusive indicado pelos pais dela.
Em termo de produção, é bem hollywodiano, então confesso que não me comove, mas pela mensagem vale assistir :)
O Pântano
3.8 94 Assista AgoraAssim como um pântano, o longa é extremamente profundo e a direção feminina de fato nos faz enxergar da perspectiva das mães: os sons que nos trazem desconforto (gritos de crianças principalmente rs), aquele ritmo frenético em que vivem as mães, que fazem tudo, já que ninguém nem o telefone atende.
Achei muito relevante, porém sutil, as atuações das filhas mais velhas. As duas cumprem a função de ajudar as mães (seja trocando os irmãos, cuidando da panela de pressão, ajudando a carregar as responsabilidades de forma geral) e não são reconhecidas por isso. A filha que vive de maiô toma as dores da mãe pelo acidente, fica a disposição total da mãe e, ainda assim, recebe ofensas (sobre o descuido com o cabelo, comportamentos etc) da mãe. Uma forma de opressão a nós mulheres bastante recorrente, não?
Outra opressão muito bem retratada é a da filha da empregada, que sofre assédios da filha e do filho da patroa, dos homens no Carnaval e opressões (da patroa e da mãe). Ela também se sente mal, culpada pela briga que rolou no carnaval... mais uma vez (e desde de os tempos de Helena de Tróia) a beleza feminina é tida como causadora de conflitos. Os traços indígenas nas empregadas e traços espanhóis nos patrões são emblemáticos e nos trazem essa reflexão ao colonialismo da américa latina.
Poderia divagar mais sobre as relações, mas isso iria longe rs. Então, por último acho importante pontuar a figura dos homens no filme. O esposo da mãe acidentada: um completo narcisista, fica se olhando no espelho e até esquece que sua esposa precisa ser levada ao hospital. O filho da mesma mãe: um garoto que não cresceu, procura na namorada a figura materna (inclusive comete a gafe de chamar a namo pelo nome da mãe ao telefone), se mete em briga, não se responsabiliza por nenhuma tarefa e assedia as mina. O outro pai: até compartilha as tarefas domésticas, mas tolhe a esposa quando ela resolve ir à Bolívia comprar material escolar, e a mãe, que aguenta as crianças o dia todo, quando chega em casa ainda tem de escutar do marido reclamações sobre o jeito como ela tem cuidado das crianças. Em vez dele só assumir o turno da criação e ficar de boa, ele culpa a mãe mais uma vez sobre os infortúnios.
Castelos de Papel
3.0 17Aumentando o número de pessoas envolvidas em um relacionamento, aumenta-se também sua complexidade.
Isso é claro e bem retratado no filme, de cenário reduzido e de desenvolvimento lento, o que pra mim facilitou entender mais a fundo a personalidade de cada uma das personagens.
Jose, como muitas mulheres, tenta agradar de todas as formas e genuinamente ama aos dois. Marcos, por ser o mais caladinho, me deixou um pouco na dúvida.. mas na minha concepção, ele parecia ser mais sensível e compassível com Jose. Enquanto, Jaime representa a mais pura imagem de um macho cheio de inseguranças. Por não estar, segundo o próprio Jaime "dentro do padrão de beleza" pelo qual se sente oprimido, Jaime acaba fazendo o mesmo com os parceiros. Ao fazer essa opressão, ele projeta neles a incapacidade de fazer Jose gozar (chamando-os de frígida e impotente). Ao perceber que os dois tem uma baita sintonia transando, sem que ele seja o ativo, isso fere o ego. E ego de macho inseguro ferido torna-se perigoso. Ele não consegue admitir aquilo. O sucesso de Marcos na galeria... o prazer que ele dava a Jose...
E, na minha concepção, foi isso que levou ao fim a relação dos três. Triste né? Podia ter final feliz? Podia.
Pois é. Ao mesmo tempo, achei bem real, porque é assim que muitos homens se comportam em suas vaidades.
A Bruta Flor do Querer
2.7 46Sinceramente, tive interesse em ver o filme pelo nome e na doce ignorância de achar q o diretor era uma mulher haha
Com o decorrer das filmagens, vi o quanto são toscos os principais personagens. Os cara não sabe cola na mulherada e ainda quer ter a ilusão de achar q elas vão se arrepender de "não ter dado pra" uns cara desse.. que não se garante nem pra chega nas mina q eles admiram!
Bossais.
Foi uma eterna decepção saber que os egóicos tb são os diretores e roteristas.
Nos créditos, a hora que mostra os nomes das atrizes e atores, nenhuma mina (além da musa inspiradora do Diego) tem nome próprio. É tudo menina da praia 1, 2, menina do carro... Fala sério... isso me incomoda bastante.
Tirando isso adorei a trilha e os temas tratados tinham tudo pra ser bem aprofundados.. mas tudo bem, já desperta uma certa reflexão sobre o primeiro emprego, vícios, ambições q temos q tolir para ser contratado.. enfim Festival de Gramado mandou mal nesse ai.
Cléo das 5 às 7
4.2 200 Assista AgoraIncrível!
Conhecendo Agnes Varda por um baita filme! :)
Adorei o jeito como foi usado o tempo. De início, achei que seria entendiante, com a Cleo muito parada... mas não! Em 2 horas ela encontrou e conheceu várias pessoas em paisagens variadas.
Os ângulos que a câmera pegou durante os passeios de táxi foram incríveis, assim como das duas divas no conversível. Outra aspecto que achei interessante, é como a Agnes consegue abordar tantos assuntos polêmicos (como privilégios da protagonista em poder andar de táxi, assédios, os espaços - incluindo profissões - das mulheres na sociedade) somente nas ações e poucas falas.
Um exemplo disso, é quando enquadra naquela caixa bizarra, que carrega um recém nascido dentro, soltando a frase de uma mãe que dá um depoimento positivo sobre a Uti Neonatal. Veja como, há tantos anos atrás, Agnes já discutia os caminhos por onde estamos conduzindo a maternidade.
O uso de plano sequência foi bem bacana para acompanhar mais profundamente os passos, as entradas e saídas da Cleo.
E o conflito psicológico em que Cleo se encontra, por estar preocupada com sua saúde e não ser levada a sério e parecer apenas uma boneca mimada com seus caprichos... me senti acolhida <3
Tanto se ouve do cinema Francês.. filmes de Godard, aquelas coisas.. foi bom ver a perspectiva feminina dessa francesada tão talentosa.
Big Jato
3.4 76Mas eai... A história é toda real?
Como saber o que é fantasia? =D
Intrigante, cheio de cores e contrastes, que representam contrastes ideológicos também: matemática x poesia, limpa fossa x vendedora de perfumes, anarquismo x conservadorismo, estático x móvel. Genial.
E importante relatar como, muitas das vezes, o estímulo para exercermos o que queremos não vem da família, da tradicional brasileira, ainda que haja o amor.
O Abraço da Serpente
4.4 237 Assista AgoraIrreverente na escolha da escala de cinza. Os morros redondos esculpidos pela chuva (já no final) não teriam a mesma beleza se fosse colorido.
Através de um registro sagaz de imagens, é capaz de transmitir críticas fortes ao colonialismo europeu e a exploração de recursos naturais.
Apesar de triste cena, muito me chamou a atenção a primeira vez que entram no missionário. A câmera passa lentamente pelo espaço e retrata uma berlinda e atrás crianças, cantando, sendo cristianizadas.
Fora essa cena, que muito me marcou, os diálogos trazem uma visão interessante do que a Igreja achava dos povos originários da América, demonizando-os e inferiorizando o conhecimento ancestral.
O resgate da memória de Karamakate ao decorrer da viagem é emocionante. Conforme vão passando as lembranças, é possível entender melhor os sentimentos de revolta da personagem.
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Trainspotting: Sem Limites
4.2 1,9K Assista AgoraMe deu asco do começo ao fim.
Mesmo tendo um quê surrealista, fiquei em choque com os comportamentos e cenas asquerosas, essa é a palavra. Entretanto, isso não é motivo para desdenhar o filme, muito pelo contrário! Ele cumpre com o seu papel de afetar o telespectador.
Creio que essa produção possa marcar de fato uma geração de jovens sem perspectiva que fugiam da realidade cinza da Escócia através da heroína.
Muito inteligente! O uso das perspectivas, filmando a partir do carpete, como se enxergasse de perto o que é estar nesse vício.. o uso das cores refletindo o humor do protagonista.. a cena da água suja escorrendo pelo ralo enquanto ele aplica uma dose.. Tudo isso faz pensar.
E, a última coisa que me dá vontade depois de assistir esse filme é aplicar heroína. E é importante que colocar em pauta esses assuntos, que ainda hoje podem ser tabus na família brasileira rs.
[spoiler][/spoiler]
Durval Discos
3.7 335 Assista AgoraAmei a trilha toda! E o cenário com os lps.. <3 fiquei brincando de adivinhar os álbuns! Massa demais!
E ah, ler a frase do poster "tudo na vida tem um lado a e um lado b" faz todo sentido agora.. rs
Os Doces Bárbaros
4.4 51Ouvi tantas vezes o álbum, mas nunca tinha reparado em todas essas performances apaixonantes. E a sintonia deles no palco é mesmo linda de ver :)
O Homem que Amava as Mulheres
4.0 102Intrigante.
De início, me pareceu um filme machista, por usar muito do corpo feminino e colocar em mais de um personagem a mulher como um ser problemático e louco. Ao longo do filme, percebi que, por mais que houvesse a obstinação do protagonista pela conquista das mais variadas mulheres, ele não passava de um menino que não havia crescido (fala, inclusive, dita por um dos críticos da editora que recebeu seu livro. Pode-se dizer até que é esperado que um homem que lê essa história, não simpatize com o conquistador... rs). Um menino que buscava o afeto, o calor, o carinho maternal nas inúmeras mulheres que conhecia para suprir a falta da mãe (e isso está escrito nas entrelinhas do filme, o que deixa o filme mais inteligente). Os diálogos me pareceram um tanto superficiais, porém vão revelando aos poucos como o protagonista era frágil e dependente das mulheres para sobreviver, motivo o qual levou a sua morte.
E apesar de ser um cara muuuito esquisito (pelo menos, é o que eu pensaria se o conhecesse), o filme consegue colocá-lo com um ar poético e suave, um homem com um semblante de admiração pela beleza feminina.
Por fim, o longa presenta um ensinamento um tanto convencional, porém necessário aos tempos modernos sobre o amor. E por isso, considero um bom filme.
[/spoiler]
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Copacabana Mon Amour
3.9 77Genial e super transgressor para a época e para os dias de hoje também!
I-ma-gina o que deve ter sido gravar essas cenas nos anos 70 em vias PÚBLICAS... Muito ousado, porém muito inteligente, com personagens caricatos e profundos, críticas aos modelos sociais bem colocadas (e que chegam a provocar um certo asco), erotismo independente do gênero (aliás, pra todos os gotos), fotografia linda com o colorido dos carros e das roupas... Enfim, um filme com produção musical do Gil (inconfundível voz abençoada) não poderia ter fascinado menos.. <3 Termino citando uma fala do filme:
"O Brasil é o país mais rico do mundo. Seus rios, seus minérios, suas imensas florestas fazem dele o paraíso da Terra, mas parece ser exatamente sua riqueza a causa de tanta miséria. Precisamos acabar com esses miseráveis traiçoeiros, enlouquecidos pelo sol, pelo azar e pale fome. Cinco fanáticos cangaceiros saíram pelo Brasil a queimar fábricas e fazendas e distribuir terras. E esse sol de Copacabana, enlouquecendo e estragando o juízo. Tirando o controle da população desequilibrada pelo sol do oceano Atlântico (enquanto andava sobre a famosa varanda do Hotel Glória). Nós não podemos pensar, a inteligência faz mal ao brasileiro. É preciso a polícia, para não deixar esse mundo sujo e o povo louco correrem por água abaixo... sem a polícia, a fome ia ser maior ainda. A policia salva o Brasil do desastre e do comunismo." Escraaaacho total!! Adorei <3
As Sufragistas
4.1 778 Assista AgoraFoi de rasgar o coração!!! <3 não sei porque têm gente decepcionada.. mas achei incrível e também com discussões muito atuais. Um filme em que pouco se fala, simbolizando a opressão velada de uma sociedade moralista, e muito se representa através da força de vontade de mulheres como as sufragistas. Ver a compaixão que há entre as manas, o sentimento de união quando se encontram
(a cena em que mostra as milhares de fotos de sufragistas no mural do investigador é ótima <3
P.S. E ainda acho um absurdo o filme não ter sido exibido numas das maiores cidades do estado de são paulo, campinas. Esse filme deve ir além dos cinemas! Em direção às praças, escolas, feiras, parques, ruas etc!
Loki
4.4 180 Assista Agora"É difícil usar essa palavra sofrimento... mas isso foi compensador do ponto de vista é... me recuperar no sentido mais absoluto que eu era. Então nesse sentido, por um lado pode-se dizer que eu fui podado. Que era época de sei lá... outono! Nem sei! rs Devia ter algumas folhas secas né. Demoraram mas caíram." <3
Os Sonhadores
4.1 1,9K Assista AgoraExeleeente trilha sonora!
O uso de dois planos de filmagem com espelhos e janelas também fico genial!
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraGenial!!!
Von Trier não podia ter escolhido pessoa melhor para o papel da Joe, que trata de tantos tabus, se não a filha de Gainsbourg! Adorei!
Muitas das falas nos dois filmes são questionamentos que devemos fazer pra vida! Como forma de enxergar por outro ponto de vista os padrões sociais de maneira geral: diversas formas de expressar nossa sexualidade, abuso sexual, criminalidade, maternidade...
Enfim! E o final também não poderia ser mais perfeito! E olha que nem assim algumas pessoas entenderão que o consentimento é tudo no sexo! rs
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