Figura importante na política dos EUA, o ex-secretário de Defesa Robert S. McNamara é um americano patriota e insiste que os EUA se envolveram em vários conflitos mundiais por ideologia, mais do que por pura busca de poder.
Mas, ainda assim, corajosamente ele põe o dedo na ferida e faz nesse filme um contundente “mea culpa” a respeito de seu país, os EUA e dos excessos praticados por esse país em suas operações militares.
Bom, quase todo mundo está acostumado a consumir blockbuster atrás de blockbuster americano, pagando ingresso para isso.
Assim, quando o próprio cinema dos EUA lança um filme como esse aqui, acho que o não custa dar uma conferida.
Esse é um belo trabalho que mostra uma das faces mais "importantes" do país que te manda aqueles blockbusters todos; e tudo pela ótica do próprio McNamara, justamente um dos caras que jogou naquela “seleção campeã do mundo em guerras”.
Talvez, ao invés de pensar que o filme é "enrolado" demais, não seria melhor pensar que ele propõe um quebra cabeças, que na verdade honra a inteligência do espectador?
De qualquer forma, é um filme incrivelmente CORAJOSO, que mostra uma visão política das mais acuradas, realistas e desmitificadoras, entre as apresentadas no cinema americano nas últimas décadas.
Um filme que espelha a realidade acerca das intenções em torno do Oriente Médio e dos mecanismos de controle utilizados pelos mais poderosos do mundo, naquela região do globo.
Coisas imundas que são desconhecidas, ou pior, deliberadamente ignoradas por meio mundo afora, na hora de encher o tanque de gasolina, ou mesmo na hora de pagar um ingresso para ver um filme americano, mas que podem levar a consequências além dos piores pesadelos.
Grande obra do nosso cinema, infelizmente um bocado esquecida, que realmente é lembrada mais em aulas de História nos colégios, do que em ocasiões mais "nobres".
Mas eu acho que esse filme merecia ser considerado um marco e talvez não só do cinema nacional.
Trata-se daquela velha história de um homem branco perdido em meio aos nativos e do choque de culturas resultante. Mas aqui o tratamento é totalmente inusitado para a época e, eu diria até, revolucionário.
Não há paternalismo. Se filme já começa com uma sagaz ironia a respeito da hipocrisia do colonizador europeu, quando ele passa para o ambiente dos índios entretanto, não suaviza nada e não apela para condescendência de mostrar os nativos como "inocentes selvagens".
São selvagens sim. Agora, inocentes, de jeito nenhum. Essa maturidade de abordagem faz toda diferença, já separando o filme de um monte de produções de temática semelhante e colocando-o numa posição bem singular, talvez até mesmo dentro do panorama da produção mundial.
Já na exposição dos motivos e sentimentos dos personagens, a fita faz um contraste muito interessante e bonito, não apenas entre as diferenças culturais, como também entre o desejo de uma vida de amor e a aceitação de um destino sinistro, tudo pela simples vontade das tradições.
O francês no filme tem que adaptar seus hábitos aos modos dos índios, mas também tem que adaptar sua mente àquilo que o espera. Achei muito interessante esse contraponto, que de repente, que reforça a dificuldade - e a dor mesmo - de uma “assimilação” de costumes, idéias, de filosofia de vida mesmo.
Há que se dizer também, que o filme é uma tentativa séria de fazer o espectador “sentir” algo daquele mundo, que talvez hoje em dia esteja tão distante do nosso, quanto um ambiente de Ficção Científica.
É preciso lembrar que o filme é de 1970 e o tipo de autenticidade que o filme tenta construir, inclusive utilizando o idioma Tupi, era mais raro naquela época. Da minha parte, eu não consigo me lembrar de nenhum filme até então que tentasse tanta fidelidade, será que alguém consegue?
Agora, tente lembrar quantos filmes depois de 1970 assumiram uma tendência mais realista no relato de períodos históricos.
Compare por exemplo "Como Era Gostoso o Meu Francês" com o filme com "Dança com Lobos", que é justamente um filme sobre um branco que fica perdido no meio dos índios e tem os diálogos falados no idioma indígena.
"Dança com Lobos", como todo mundo deve saber, foi uma superprodução ganhadora do Oscar e que é até hoje considerada por muitos como uma tentativa “nobre” de fazer um retrato "fiel" da cultura indígena, através da história de um homem branco que absorve seus costumes.
Só que "Dança com Lobos" foi feito 20 anos depois de "Como era Gostoso o meu Francês" e, cá entre nós, qual dos dois parece mais “autêntico” e menos sentimental e paternalista?
Primeiro longa do Ridley Scott, acho que é difícil negar que é uma tentativa de emular o Barry Lyndon de Kubrick, lançado dois anos antes.
Scott foi claramente influenciado pelos adventos de Barry Lyndon quanto aos filmes históricos e, assim, tentou seguir nesse Os Duelistas, uma direção de arte e uma autenticidade visual, semelhantes à do filme do Kubrick, inclusive no uso da luz.
E as semelhanças nã param por aí, pois tanto Barry Lyndon como Os Duelistas se passam em épocas extremamente próximas e interligadas e visualmente bem semelhantes.
E pra completar, os dois filmes são meio épicos que contam as trajetórias de vida de homens-soldados, em que duelos têm um papel fundamental na história dos dois filmes e sua encenação em ambos, tem lugar de destaque.
Mas ainda assim, Scott se sai bem e consegue desenvolver sua própria maneira de se comunicar com o público, contando muito bem em menos de 2 horas, uma história que se alonga durante cerca de 15 anos.
Interessante notar que mesmo fortemente "influenciado" pelo filme de Kubrick, já dá pra notar algumas características do forte senso visual do Scott, como por exemplo a fotografia que realça os raios de luz que entram nos ambientes.
Um bom e bonito filme, que ganhou o prêmio de filme de estréia (de um diretor) no Festival de Cannes de 1977.
Uma história simples de mansão mal assombrada, que se transforma num verdadeiro marco do gênero, graças à maneira brilhante como é retratado o “macabro” na história.
Foi usada como locação uma magnífica mansão na Inglaterra e o ótimo diretor Robert Wise faz um grande trabalho, enchendo cada canto do casarão com trocentos objetos incômodos e “rançosos” e usando excepcional fotografia em P & B com uma rara habilidade de explorar claros, sombras, closes e ângulos.
Mas o maior mérito do diretor na “criação do sinistro” está na maneira como cria uma montagem sonora extremamente original em 1963, com pancadas, porradas, arranhões, passos e toda a sorte de ruídos que são o que cria a presença sobrenatural na história, mais do que todos os elementos da produção.
Certamente a inventidade sonora deste filme influenciou muito a posteridade a ele, que o diga o recente "Arraste-me para o Inferno", de Sam Raimi.
Filmaço de ação, seco e violento com cenas excitantes, tudo com base em tiros, porradas, explosões e colisões.
Como se não bastasse toda a ação, tem pelo menos um punhadinho de falas antológicas sobre o tráfico de drogas, como aquela em que o traficante que comanda tudo da cadeia explica pro Arnold que o "negócio" irá prosperar porque ele vende às pessoas o que elas querem e porque "não há fronteiras para a economia", quando a venda é certa.
Outra: quando o Arnold diz que os chineses resolveram "esse problema" fuzilando os traficantes e viciados, ao que o Belushi retruca: "mas os políticos não deixariam fazer isso aqui". E o Arnold responde: "Pois então atirem neles (nos políticos) primeiro".
E como se ainda não fosse o suficiente, o filme simplesmente tem a façanha de subverter o clichezão de Hollywood quanto ao conflito entre os russos e os americanos.
Nesse filme, Inferno Vermelho, simplesmente acontece que "o fodão" da história é o policial soviético, enquanto que o policial americano, vivido pelo Belushi, é o pateta.
Lançado no "último ano quente da guerra fria", a primeira intenção do filme é a óbvia metáfora do conflito entre EUA e URSS.
Mas, olhando bem esse trabalho hoje em dia, creio que ele também possa ser visto nas entrelinhas, como uma metáfora a respeito da homossexualidade. Caso bem raro, talvez o primeiro, em um um Sci-Fi.
Ademais, um show à parte é a direção de arte do filme, "retrô", que recorre à ilustração Sci-Fi dos anos 50 e início dos 60 para a concepção do futuro, ao invés de seguir os desenhos de produção em voga nos anos 80.
Por fim, não dá pra deixar de notar a incrível maquiagem que o Gosset Jr. usa pra caratecterizar o alienígena.
O único senão é que após a metade, o roteiro fica meio sem soluções e o filme desvirtua um bocado para um sentimentalismo lugar comum.
Mas no todo, os méritos garantem um resultado positivo e, mesmo, memorável.
Uma tentativa de fazer uma história de aventuras, sem dúvida influenciada pelas gangues que assaltaram as telas de cinema no início daquela década de 70, em Laranja Mecânica.
Acho que pode mesmo ser dito que "The Warriors" meio que pega o Laranja Mecânica e tira dele o que mais atraiu as platéias jovens da época, fazendo disso um filme de aventuras. Nesse sentido, é o filme que muita gente sempre quis ver.
Mas fica a pergunta: se em Laranja Mecânica é pra você ter nojo dessa gente, porque fazer um filme de aventuras em que o principal é o quebra quebra entre as gangues?
Talvez a resposta a esta pergunta esteja na câmera do filme do Kubrick, apontada diretamente para a cara do espectador.
MAS...
De qualquer jeito, sendo mais "despreocupado" e esquecendo os significados intencionais ou não intencionais, na "superfície" Selvagens da Noite ainda é um GRANDE FILME DE AÇÃO, com certeza obrigatório pra quem aprecia e respeita o gênero.
Quando Ridley Scott lançou este filme, disseram que dava pra notar que por trás das câmeras, ele sabia o que estava fazendo, mas que não dava pra saber "o que ele estava pensando".
Realmente, embora seja muitíssimo bem feito, com incríveis cenas de batalha, montagem alucinante e fantástica edição sonora, não dá pra engolir o torto objetivo moral desse filme.
Fazendo uma analogia, é como se um bando de PLAYBOYS VICIADOS entrasse numa favela para livrar a população do crime, levasse uma sova dos traficantes e depois fosse chorar sua aventura "heróica" e dramática.
O original já se sustentava sozinho e, logicamente, esse aqui não tem o nível do primeiro filme.
Mas é a melhor das sequências da série, continua absolutamente pessimista e pra quem fica com vontade de "quero mais" depois de ver o primeiro, é bacana ver esse aqui logo em sequência.
O melhor do filme são as animações com os desenhos do Gerlad Scarfe.
Além disso, gosto muito do música, da narrativa, da força das cenas e da atmosfera.
Agora, como ponto negativo, acho que não dá pra "comprar" a choradeira do Roger Waters.
Simplesmente não dá pra engolir essa de "coitadinho de mim que tive uma mãe dominadora e hoje sou um astro de Rock idolatrado por meio mundo e podre, podre, podre de rico".
Mas esquecendo esse aspecto do ponto de vista do Waters, os méritos já fazem de The Wall um dos mais seminais filmes de Rock já realizados.
Só acho que tem uma certa dose de maniqueísmo, pois o dramaturgo vigiado é idealizado demais e o oficial superior do capião Gerd é praticamente uma caritura.
Isso não cai bem em um filme com esse assunto e com essa densidade. Acaba prejudicando um pouco o impacto da denúncia do filme.
Mas no todo, realmente um grande e memorável filme.
Esse foi o primeiro filme brasileiro de que eu gostei, quando o vi pela primeira vez, ainda garoto. Por vários motivos, hoje em dia Sargento Getúlio me lembra um bocado o “Alfredo Garcia” do Peckinpah.
Visceral, violento, intenso e altamente carregado emocional e politicamente.
Lima Duarte encarna aqui o violento ogro que, mesmo com sua incrível brutalidade, é o herói que coduz a história e personifica a própria revolta: confusa, saturada, desesperada e sem mais nada a perder.
Baita pedrada do nosso cinema e um grito muito bem dado esse filme. Merecia mais reconhecimento.
Um dos meus filmes favoritos, sem sombra de dúvida.
Nenhum filme parece tanto com a vida mesmo, quanto esse.
Não, não se trata de "realismo", mas sim da sensação que o filme transmite, de existir nesse mundo com toda a realidade e, ao mesmo tempo, com todo o mistério que ele guarda.
Viver é lidar com o real, o "palpável" e com muitas outras coisas que a gente não sabe o que é, mas sente, quer se acredite em "alguma coisa" ou em "alguma explicação".
Desde a concepção do filme, que não tem uma história propriamente, até os planos que parecem saltar da tela e o desempenho sensacional, principalmente da atriz principal do filme, tudo nesse filme é simplesmente "vida".
Perfeito demais!
PS.: Esse filme tem o plano sequência mais incrível que eu já vi, que parece que salta da tela.
E a cena em que a loura está com o galo na mão, ela simplesmente olha mesmo para você, ali do lado de fora da tela, como eu acho que ninguém no cinema fez antes ou depois!
Não sei pra que existe 3D, já existem os filmes do Tarkovsky.
É preciso saber discernir o verdadeiro objetivo crítico do filme, já que se trata de um trabalho "frio" que conta a história de um fenômeno recente e extremamente popular. Isso pode levar a uma "miopia" quanto ao verdadeiro - e humanista - cunho da película.
Mas o que acontece de fato, é que "A Rede Social" nos apresenta uma personalidade que age exatamente como um pilantra, um legítimo "171". Só que essa personalidade tem milhões de "amigos", conquistados através de um estratagema (o Facebook) e, por via de regra, conquista milhões e, depois, bilhões de dólares.
O lance é que o filme se vale muito bem do fato de que muitas pessoas se esquecem de que o que vale, acima de tudo, são as ações de uma pessoa e não o que a pessoa diz ou aparenta.
Assim, o filme simplesmente mostra ao público esse "pilantra 171" para ver quem é que ultrapassa todo o "hype" e percebe realmente que aquilo ali é mesmo um "pilantra 171", apesar de toda a importância que a obra dele(?) supostamente teria.
Cá entre nós, isso não é tão difícil assim de perceber...
Acho então que o filme é uma bela maneira de mostrar a falência moral de uma geração que valoriza a pessoa pelo seu nível de sucesso interpessoal e financeiro, a despeito do quão baixas possam ser as suas atitudes.
O fato de o personagem principal ser um fracasso com os relacionamentos mais próximos e um sucesso com os relacionamentos superficiais, só ilustra a falsidade da situação, acolhida de braços abertos pelo mundo todo através da maior rede de fofocas (superficialidades) do mundo.
O diretor John Boorman já havia tentado filmar o Rei Artur antes, mas os estúdios rejeitaram o projeto dele e lhe foi oferecido O Senhor dos Anéis para filar. Depois, como O Senhor dos Anéis foi considerado inviável na época, Boorman retornou ao Rei Artur e conseguiu realizá-lo.
A intenção do Boorman parece que era fazer tipo uma “síntese” da história do Rei, principalmente sob a ótica de Richard Wagner, que compôs 3 grandes óperas – ou dramas musicais – sobre histórias do ciclo arturiano.
De fato, Boorman fez um filme "inflamado", "apaixonado", que usa muito a música de Wagner. Mas, ainda assim seria incrivelmente difícil ele ser bem sucedido nessa pretensão de colocar as “loucuras” e “visionarismos” wagnerianos em um filme de 2 horas e 20 minutos.
E realmente, a sensação geral é de que é muito história pra ser contada e “muitas emoções” a serem vividas e o filme dá conta de mostrar apenas uma fração disso tudo.
Mas, de qualquer maneira, o resultado impressiona, por causa de alguns valorosos méritos.
Primeiro, mesmo sendo bem corrido, o filme consegue contar ao menos eficientemente nessas 2h e 20 min, uma das mais abrangentes leituras do Rei Artur, indo desde a ascensão de seu pai até a entrega da espada à dama do lago no fim de tudo.
Segundo, tem o visual. Excalibur foi filmado na Irlanda e a fotografia do filme é muito bonita. Os cenários e figurinos dão bastante vazão à fantasia e mesmo tendo ficado "carregadões”, produzindo um visual bem "flamboyant", ficou muito legal assim desse jeito mesmo, funciona muito bem.
Terceiro e talvez o mais legal de tudo, tem a visceralidade que a história e os personagens ganham nesse filme. Mesmo mostrados a toque de caixa, todos os eventos são pivotais na trajetória dos acontecimentos e parece que todo mundo ali está pronto a sacar a espada e decepar a cabeça de quem estiver pela frente. Preste atenção e você vai perceber que eles falam quase todas as linhas como se estivessem "cheios de sangue na cara".
De acordo com Boorman, esse filme preencheu tudo que ele imaginou a respeito de um filme de fantasia.
De minha parte, acho que ainda não foi feita (e talvez nem seja feita algum dia) "a versão definitiva" sobre o Rei Artur, mas dentre as que foram feitas, mesmo com prós e contras, Excalibur ainda parece ser a melhor.
Excelente. Bons atores, boa narrativa, sem heroismo ou condenações, e bela musica ao final. Conseguiu uma boa medida de thriller de ação com fundo histórico. \4/
Sob a Névoa da Guerra
4.0 32 Assista AgoraFigura importante na política dos EUA, o ex-secretário de Defesa Robert S. McNamara é um americano patriota e insiste que os EUA se envolveram em vários conflitos mundiais por ideologia, mais do que por pura busca de poder.
Mas, ainda assim, corajosamente ele põe o dedo na ferida e faz nesse filme um contundente “mea culpa” a respeito de seu país, os EUA e dos excessos praticados por esse país em suas operações militares.
Bom, quase todo mundo está acostumado a consumir blockbuster atrás de blockbuster americano, pagando ingresso para isso.
Assim, quando o próprio cinema dos EUA lança um filme como esse aqui, acho que o não custa dar uma conferida.
Esse é um belo trabalho que mostra uma das faces mais "importantes" do país que te manda aqueles blockbusters todos; e tudo pela ótica do próprio McNamara, justamente um dos caras que jogou naquela “seleção campeã do mundo em guerras”.
Syriana: A Indústria do Petróleo
3.3 125 Assista AgoraComplexo? Sim. Ininteligível? Absolutamente não!
Talvez, ao invés de pensar que o filme é "enrolado" demais, não seria melhor pensar que ele propõe um quebra cabeças, que na verdade honra a inteligência do espectador?
De qualquer forma, é um filme incrivelmente CORAJOSO, que mostra uma visão política das mais acuradas, realistas e desmitificadoras, entre as apresentadas no cinema americano nas últimas décadas.
Um filme que espelha a realidade acerca das intenções em torno do Oriente Médio e dos mecanismos de controle utilizados pelos mais poderosos do mundo, naquela região do globo.
Coisas imundas que são desconhecidas, ou pior, deliberadamente ignoradas por meio mundo afora, na hora de encher o tanque de gasolina, ou mesmo na hora de pagar um ingresso para ver um filme americano, mas que podem levar a consequências além dos piores pesadelos.
ABSOLUTAMENTE ESSENCIAL para os dias que vivemos.
Como Era Gostoso o Meu Francês
3.6 51Grande obra do nosso cinema, infelizmente um bocado esquecida, que realmente é lembrada mais em aulas de História nos colégios, do que em ocasiões mais "nobres".
Mas eu acho que esse filme merecia ser considerado um marco e talvez não só do cinema nacional.
Trata-se daquela velha história de um homem branco perdido em meio aos nativos e do choque de culturas resultante. Mas aqui o tratamento é totalmente inusitado para a época e, eu diria até, revolucionário.
Não há paternalismo. Se filme já começa com uma sagaz ironia a respeito da hipocrisia do colonizador europeu, quando ele passa para o ambiente dos índios entretanto, não suaviza nada e não apela para condescendência de mostrar os nativos como "inocentes selvagens".
São selvagens sim. Agora, inocentes, de jeito nenhum. Essa maturidade de abordagem faz toda diferença, já separando o filme de um monte de produções de temática semelhante e colocando-o numa posição bem singular, talvez até mesmo dentro do panorama da produção mundial.
Já na exposição dos motivos e sentimentos dos personagens, a fita faz um contraste muito interessante e bonito, não apenas entre as diferenças culturais, como também entre o desejo de uma vida de amor e a aceitação de um destino sinistro, tudo pela simples vontade das tradições.
O francês no filme tem que adaptar seus hábitos aos modos dos índios, mas também tem que adaptar sua mente àquilo que o espera. Achei muito interessante esse contraponto, que de repente, que reforça a dificuldade - e a dor mesmo - de uma “assimilação” de costumes, idéias, de filosofia de vida mesmo.
Há que se dizer também, que o filme é uma tentativa séria de fazer o espectador “sentir” algo daquele mundo, que talvez hoje em dia esteja tão distante do nosso, quanto um ambiente de Ficção Científica.
É preciso lembrar que o filme é de 1970 e o tipo de autenticidade que o filme tenta construir, inclusive utilizando o idioma Tupi, era mais raro naquela época. Da minha parte, eu não consigo me lembrar de nenhum filme até então que tentasse tanta fidelidade, será que alguém consegue?
Agora, tente lembrar quantos filmes depois de 1970 assumiram uma tendência mais realista no relato de períodos históricos.
Compare por exemplo "Como Era Gostoso o Meu Francês" com o filme com "Dança com Lobos", que é justamente um filme sobre um branco que fica perdido no meio dos índios e tem os diálogos falados no idioma indígena.
"Dança com Lobos", como todo mundo deve saber, foi uma superprodução ganhadora do Oscar e que é até hoje considerada por muitos como uma tentativa “nobre” de fazer um retrato "fiel" da cultura indígena, através da história de um homem branco que absorve seus costumes.
Só que "Dança com Lobos" foi feito 20 anos depois de "Como era Gostoso o meu Francês" e, cá entre nós, qual dos dois parece mais “autêntico” e menos sentimental e paternalista?
Os Embalos de Sábado Continuam
3.0 133 Assista AgoraBem ruim.
Vale como retrato da (cafonice) da época - início dos 80.
Eureka
4.3 29Um filme muito bonito, poético e bem feito.
É tanto um filme sobre perda quanto sobre a redescoberta da vida. Creio que ele paga um belo tributo tanto a John Ford, quanto a Tarkovski.
Só acho que do meio para o final, o filme acaba se tornando um tanto indulgente. Se não fosse por isso...
Mas eu tenho pra mim que as incríveis qualidades desse filme já farão dele um marco do cinema japonês dos últimos anos.
Simplesmente notável.
Os Duelistas
3.8 56 Assista AgoraPrimeiro longa do Ridley Scott, acho que é difícil negar que é uma tentativa de emular o Barry Lyndon de Kubrick, lançado dois anos antes.
Scott foi claramente influenciado pelos adventos de Barry Lyndon quanto aos filmes históricos e, assim, tentou seguir nesse Os Duelistas, uma direção de arte e uma autenticidade visual, semelhantes à do filme do Kubrick, inclusive no uso da luz.
E as semelhanças nã param por aí, pois tanto Barry Lyndon como Os Duelistas se passam em épocas extremamente próximas e interligadas e visualmente bem semelhantes.
E pra completar, os dois filmes são meio épicos que contam as trajetórias de vida de homens-soldados, em que duelos têm um papel fundamental na história dos dois filmes e sua encenação em ambos, tem lugar de destaque.
Mas ainda assim, Scott se sai bem e consegue desenvolver sua própria maneira de se comunicar com o público, contando muito bem em menos de 2 horas, uma história que se alonga durante cerca de 15 anos.
Interessante notar que mesmo fortemente "influenciado" pelo filme de Kubrick, já dá pra notar algumas características do forte senso visual do Scott, como por exemplo a fotografia que realça os raios de luz que entram nos ambientes.
Um bom e bonito filme, que ganhou o prêmio de filme de estréia (de um diretor) no Festival de Cannes de 1977.
Desafio do Além
3.7 138 Assista AgoraUma história simples de mansão mal assombrada, que se transforma num verdadeiro marco do gênero, graças à maneira brilhante como é retratado o “macabro” na história.
Foi usada como locação uma magnífica mansão na Inglaterra e o ótimo diretor Robert Wise faz um grande trabalho, enchendo cada canto do casarão com trocentos objetos incômodos e “rançosos” e usando excepcional fotografia em P & B com uma rara habilidade de explorar claros, sombras, closes e ângulos.
Mas o maior mérito do diretor na “criação do sinistro” está na maneira como cria uma montagem sonora extremamente original em 1963, com pancadas, porradas, arranhões, passos e toda a sorte de ruídos que são o que cria a presença sobrenatural na história, mais do que todos os elementos da produção.
Certamente a inventidade sonora deste filme influenciou muito a posteridade a ele, que o diga o recente "Arraste-me para o Inferno", de Sam Raimi.
Inferno Vermelho
3.1 133 Assista AgoraFilmaço de ação, seco e violento com cenas excitantes, tudo com base em tiros, porradas, explosões e colisões.
Como se não bastasse toda a ação, tem pelo menos um punhadinho de falas antológicas sobre o tráfico de drogas, como aquela em que o traficante que comanda tudo da cadeia explica pro Arnold que o "negócio" irá prosperar porque ele vende às pessoas o que elas querem e porque "não há fronteiras para a economia", quando a venda é certa.
Outra: quando o Arnold diz que os chineses resolveram "esse problema" fuzilando os traficantes e viciados, ao que o Belushi retruca: "mas os políticos não deixariam fazer isso aqui". E o Arnold responde: "Pois então atirem neles (nos políticos) primeiro".
E como se ainda não fosse o suficiente, o filme simplesmente tem a façanha de subverter o clichezão de Hollywood quanto ao conflito entre os russos e os americanos.
Nesse filme, Inferno Vermelho, simplesmente acontece que "o fodão" da história é o policial soviético, enquanto que o policial americano, vivido pelo Belushi, é o pateta.
Antológico, merecia mais reconhecimento.
Inimigo Meu
3.8 269 Assista AgoraLançado no "último ano quente da guerra fria", a primeira intenção do filme é a óbvia metáfora do conflito entre EUA e URSS.
Mas, olhando bem esse trabalho hoje em dia, creio que ele também possa ser visto nas entrelinhas, como uma metáfora a respeito da homossexualidade. Caso bem raro, talvez o primeiro, em um um Sci-Fi.
Ademais, um show à parte é a direção de arte do filme, "retrô", que recorre à ilustração Sci-Fi dos anos 50 e início dos 60 para a concepção do futuro, ao invés de seguir os desenhos de produção em voga nos anos 80.
Por fim, não dá pra deixar de notar a incrível maquiagem que o Gosset Jr. usa pra caratecterizar o alienígena.
O único senão é que após a metade, o roteiro fica meio sem soluções e o filme desvirtua um bocado para um sentimentalismo lugar comum.
Mas no todo, os méritos garantem um resultado positivo e, mesmo, memorável.
Vale a pena, com certeza.
Os Selvagens da Noite
4.0 597 Assista AgoraUma tentativa de fazer uma história de aventuras, sem dúvida influenciada pelas gangues que assaltaram as telas de cinema no início daquela década de 70, em Laranja Mecânica.
Acho que pode mesmo ser dito que "The Warriors" meio que pega o Laranja Mecânica e tira dele o que mais atraiu as platéias jovens da época, fazendo disso um filme de aventuras. Nesse sentido, é o filme que muita gente sempre quis ver.
Mas fica a pergunta: se em Laranja Mecânica é pra você ter nojo dessa gente, porque fazer um filme de aventuras em que o principal é o quebra quebra entre as gangues?
Talvez a resposta a esta pergunta esteja na câmera do filme do Kubrick, apontada diretamente para a cara do espectador.
MAS...
De qualquer jeito, sendo mais "despreocupado" e esquecendo os significados intencionais ou não intencionais, na "superfície" Selvagens da Noite ainda é um GRANDE FILME DE AÇÃO, com certeza obrigatório pra quem aprecia e respeita o gênero.
Babe, o Porquinho Atrapalhado
3.0 643 Assista AgoraDane-se que é um filme sobre um porco.
Dane-se que é um filme (também) pra crianças.
É um dos melhores do ano de 1995 e certamente melhor do que o egocêntrico Braveheart, que ganhou o Oscar daquele ano.
*MINHA OPINIÃO
Falcão Negro em Perigo
3.8 413 Assista AgoraQuando Ridley Scott lançou este filme, disseram que dava pra notar que por trás das câmeras, ele sabia o que estava fazendo, mas que não dava pra saber "o que ele estava pensando".
Realmente, embora seja muitíssimo bem feito, com incríveis cenas de batalha, montagem alucinante e fantástica edição sonora, não dá pra engolir o torto objetivo moral desse filme.
Fazendo uma analogia, é como se um bando de PLAYBOYS VICIADOS entrasse numa favela para livrar a população do crime, levasse uma sova dos traficantes e depois fosse chorar sua aventura "heróica" e dramática.
Conan, o Destruidor
3.2 173 Assista AgoraEm "Conan, o Bárbaro", tentaram evitar o ridículo e encheram de brutalidade.
Nesse aqui, "Conan o Destruidor", evitaram a brutalidade e encheram de ridículo.
De Volta ao Planeta dos Macacos
3.2 212 Assista AgoraO original já se sustentava sozinho e, logicamente, esse aqui não tem o nível do primeiro filme.
Mas é a melhor das sequências da série, continua absolutamente pessimista e pra quem fica com vontade de "quero mais" depois de ver o primeiro, é bacana ver esse aqui logo em sequência.
Pink Floyd - The Wall
4.4 702O melhor do filme são as animações com os desenhos do Gerlad Scarfe.
Além disso, gosto muito do música, da narrativa, da força das cenas e da atmosfera.
Agora, como ponto negativo, acho que não dá pra "comprar" a choradeira do Roger Waters.
Simplesmente não dá pra engolir essa de "coitadinho de mim que tive uma mãe dominadora e hoje sou um astro de Rock idolatrado por meio mundo e podre, podre, podre de rico".
Mas esquecendo esse aspecto do ponto de vista do Waters, os méritos já fazem de The Wall um dos mais seminais filmes de Rock já realizados.
Rubber
3.2 307Ou eu não entendi totalmente ou é um filme com pouco sentido além de querer "chocar", apelando para uma idéia "doida".
Mas ter uma idéia doida é (bem) fácil, o difícil é saber o que fazer com ela. Esse filme não sabe.
Mas ainda assim, pelo menos diverte.
A Vida dos Outros
4.3 645É um ótimo filme, com uma história tocante.
Só acho que tem uma certa dose de maniqueísmo, pois o dramaturgo vigiado é idealizado demais e o oficial superior do capião Gerd é praticamente uma caritura.
Isso não cai bem em um filme com esse assunto e com essa densidade. Acaba prejudicando um pouco o impacto da denúncia do filme.
Mas no todo, realmente um grande e memorável filme.
Sargento Getúlio
3.8 25Esse foi o primeiro filme brasileiro de que eu gostei, quando o vi pela primeira vez, ainda garoto. Por vários motivos, hoje em dia Sargento Getúlio me lembra um bocado o “Alfredo Garcia” do Peckinpah.
Visceral, violento, intenso e altamente carregado emocional e politicamente.
Lima Duarte encarna aqui o violento ogro que, mesmo com sua incrível brutalidade, é o herói que coduz a história e personifica a própria revolta: confusa, saturada, desesperada e sem mais nada a perder.
Baita pedrada do nosso cinema e um grito muito bem dado esse filme. Merecia mais reconhecimento.
O Espelho
4.3 264 Assista AgoraUm dos meus filmes favoritos, sem sombra de dúvida.
Nenhum filme parece tanto com a vida mesmo, quanto esse.
Não, não se trata de "realismo", mas sim da sensação que o filme transmite, de existir nesse mundo com toda a realidade e, ao mesmo tempo, com todo o mistério que ele guarda.
Viver é lidar com o real, o "palpável" e com muitas outras coisas que a gente não sabe o que é, mas sente, quer se acredite em "alguma coisa" ou em "alguma explicação".
Desde a concepção do filme, que não tem uma história propriamente, até os planos que parecem saltar da tela e o desempenho sensacional, principalmente da atriz principal do filme, tudo nesse filme é simplesmente "vida".
Perfeito demais!
PS.:
Esse filme tem o plano sequência mais incrível que eu já vi, que parece que salta da tela.
E a cena em que a loura está com o galo na mão, ela simplesmente olha mesmo para você, ali do lado de fora da tela, como eu acho que ninguém no cinema fez antes ou depois!
Não sei pra que existe 3D, já existem os filmes do Tarkovsky.
A Rede Social
3.6 3,1K Assista AgoraBom, muito bom até.
É preciso saber discernir o verdadeiro objetivo crítico do filme, já que se trata de um trabalho "frio" que conta a história de um fenômeno recente e extremamente popular. Isso pode levar a uma "miopia" quanto ao verdadeiro - e humanista - cunho da película.
Mas o que acontece de fato, é que "A Rede Social" nos apresenta uma personalidade que age exatamente como um pilantra, um legítimo "171". Só que essa personalidade tem milhões de "amigos", conquistados através de um estratagema (o Facebook) e, por via de regra, conquista milhões e, depois, bilhões de dólares.
O lance é que o filme se vale muito bem do fato de que muitas pessoas se esquecem de que o que vale, acima de tudo, são as ações de uma pessoa e não o que a pessoa diz ou aparenta.
Assim, o filme simplesmente mostra ao público esse "pilantra 171" para ver quem é que ultrapassa todo o "hype" e percebe realmente que aquilo ali é mesmo um "pilantra 171", apesar de toda a importância que a obra dele(?) supostamente teria.
Cá entre nós, isso não é tão difícil assim de perceber...
Acho então que o filme é uma bela maneira de mostrar a falência moral de uma geração que valoriza a pessoa pelo seu nível de sucesso interpessoal e financeiro, a despeito do quão baixas possam ser as suas atitudes.
O fato de o personagem principal ser um fracasso com os relacionamentos mais próximos e um sucesso com os relacionamentos superficiais, só ilustra a falsidade da situação, acolhida de braços abertos pelo mundo todo através da maior rede de fofocas (superficialidades) do mundo.
Bom trabalho do Fincher.
Excalibur
3.6 137 Assista AgoraO diretor John Boorman já havia tentado filmar o Rei Artur antes, mas os estúdios rejeitaram o projeto dele e lhe foi oferecido O Senhor dos Anéis para filar. Depois, como O Senhor dos Anéis foi considerado inviável na época, Boorman retornou ao Rei Artur e conseguiu realizá-lo.
A intenção do Boorman parece que era fazer tipo uma “síntese” da história do Rei, principalmente sob a ótica de Richard Wagner, que compôs 3 grandes óperas – ou dramas musicais – sobre histórias do ciclo arturiano.
De fato, Boorman fez um filme "inflamado", "apaixonado", que usa muito a música de Wagner. Mas, ainda assim seria incrivelmente difícil ele ser bem sucedido nessa pretensão de colocar as “loucuras” e “visionarismos” wagnerianos em um filme de 2 horas e 20 minutos.
E realmente, a sensação geral é de que é muito história pra ser contada e “muitas emoções” a serem vividas e o filme dá conta de mostrar apenas uma fração disso tudo.
Mas, de qualquer maneira, o resultado impressiona, por causa de alguns valorosos méritos.
Primeiro, mesmo sendo bem corrido, o filme consegue contar ao menos eficientemente nessas 2h e 20 min, uma das mais abrangentes leituras do Rei Artur, indo desde a ascensão de seu pai até a entrega da espada à dama do lago no fim de tudo.
Segundo, tem o visual. Excalibur foi filmado na Irlanda e a fotografia do filme é muito bonita. Os cenários e figurinos dão bastante vazão à fantasia e mesmo tendo ficado "carregadões”, produzindo um visual bem "flamboyant", ficou muito legal assim desse jeito mesmo, funciona muito bem.
Terceiro e talvez o mais legal de tudo, tem a visceralidade que a história e os personagens ganham nesse filme. Mesmo mostrados a toque de caixa, todos os eventos são pivotais na trajetória dos acontecimentos e parece que todo mundo ali está pronto a sacar a espada e decepar a cabeça de quem estiver pela frente. Preste atenção e você vai perceber que eles falam quase todas as linhas como se estivessem "cheios de sangue na cara".
De acordo com Boorman, esse filme preencheu tudo que ele imaginou a respeito de um filme de fantasia.
De minha parte, acho que ainda não foi feita (e talvez nem seja feita algum dia) "a versão definitiva" sobre o Rei Artur, mas dentre as que foram feitas, mesmo com prós e contras, Excalibur ainda parece ser a melhor.
O Lobo
3.7 17Excelente. Bons atores, boa narrativa, sem heroismo ou condenações, e bela musica ao final. Conseguiu uma boa medida de thriller de ação com fundo histórico. \4/
O Império dos Sentidos
3.3 306 Assista AgoraVisualmente belíssimo, é também um filme notoriamente corajoso e inabalável em todas as suas justas convicções.
Um tratado psicológico de força descomunal ao mesmo tempo em que uma forte análise da sociedade que retrata.
Cada imagem do filme é absolutamente necessária.
Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida
4.0 668 Assista AgoraMilagrosa aventura em todos os sentidos!