Que angustia, tem a leveza do humor de como o personagem leva isso tudo (em nenhum momento cogita pegar a arma para quebrar esse ciclo).
Aquele momento que o policial bate palmas pra ele, eu pensei: nossa meu pai com os políticos que ele gosta quando eu falo qualquer coisa que foge do que ele escuta no Youtube. Só falta bater palma pra mim e falar que quase convenci ele. rsrs
É clara a presença de subjetividade em todo e qualquer assunto. Pois bem de acordo com a construção narrativa a minha interpretação foi a seguinte:
A vida do Zero só faz sentido a partir do momento que ele encontra alguém, fica sugestivo no curta que o significado de relevância social deixa de importar quando temos alguém para amar e compartilhar. Então já não interessa o número, se você é "0" ou se é "9".
"Todos nascemos da mesma matéria, no entanto, nem todos nascemos iguais"
De forma metafórica, os siameses não significaria que duas existência partilham o mesmo corpo e matéria e por isso nunca estarão só? Ou seja, eles representam o infinito da existência pois terão sempre um ao outro. (já que a vida do Zero só faz sentido a partir do momento que ele encontra alguém, essa interpretação tem muita coerência, não concorda?)
Se atente a pergunta que o curta faz no começo: "Então como nada, pode ser algo?"
Qual seria a resposta dessa pergunta? Eu diria que, como somos seres humanos que reconhecemos significado, só somos alguém, a partir do momento que é compartilhado conosco, conhecimento, cultura e sentimentos, caso contrário, se estivéssemos isolados, seriamos animais sem a capacidade de criar pensamentos complexos e reconhecer significados e valores.
Existe uma enorme diferença entre ser alguém e ser algo. (O que é ser alguém?). O curta critica exatamente a coisificação do ser humano, da forma com que nos organizamos, da importância que damos em ser algo, e acabamos gerando uma visão deturpada da sociedade e principalmente do que realmente somos, aliás, somos aos olhos de quem??!
Ao mostrar a desinclusão social do protagonista Zero, o curta denúncia que vivemos no que parece ser uma sociedade enfileirada em ordem decrescente de importância social, e pense bem, para uma organização social funcionar precisamos de pessoas que ocupem o cargo de faxineiro, açougueiro, médico, policial, entre outros funções, todas essas figuras são importante, certo? Então porque existe grau de importância, desigualdade, privilégio e desinclusão?
Se o Zero não tivesse sido tratado com desprezo e tivesse sido incluso na sociedade, ele não teria sido um "ninguém", mas vivemos numa sociedade competitiva, onde só existe espaço para os melhores, quem tem menos oportunidade fica para trás. Se todas as funções são importantes, o que determina o que realmente somos??!!
E sim, são dois zeros que nascem siameses e ao se juntarem formam o infinito, separados seriam também apenas um "0". Porque o diretor não teria esse cuidado em acabar gerando essa interpretação negativa? Não acredito que ele tenha feito alusão ao fato deles serem especiais. Pelo contrário, acho que ele usou isso como um recurso para potencializar sua crítica.
Lembre-se que segundo a professora os denominados de "0" não poderiam se multiplicar, e repare que antes do bebê nascer todos os moradores os olhavam com raiva e preconceito, mas a partir do momento que o bebê nasce todos os moradores da cidade adquirem um novo olhar, inclusive para o próprio Zero e sua esposa.
Essa foi uma inversão inteligente e metafórica que o diretor fez a uma sociedade que parou de julgar as pessoas pela sua importância social (números) e começou a se atentar a quem realmente somos enquanto seres humanos. Talvez eu esteja sendo equivocado, mas acredito que nesse momento o diretor separa o telespectador em dois: os que ainda tentarão encontrar uma importância social nos números e os que buscarão uma importância dentro do próprio ser, da subjetividade, da individualidade, do amor, da pureza e tudo aquilo que o Zero nunca deixou de acreditar.
"Zero nunca permitiu que situações embaraçosas o deprimissem, ele não queria se tornar um número negativo..."
Independente de quem se aproximar melhor do que o diretor realmente quis passar, haverá sempre os que enxergarão o infinito e os que enxergarão dois zeros. Simplesmente encantado!!
Dois Estranhos
4.2 291 Assista AgoraQue angustia, tem a leveza do humor de como o personagem leva isso tudo (em nenhum momento cogita pegar a arma para quebrar esse ciclo).
Aquele momento que o policial bate palmas pra ele, eu pensei: nossa meu pai com os políticos que ele gosta quando eu falo qualquer coisa que foge do que ele escuta no Youtube. Só falta bater palma pra mim e falar que quase convenci ele. rsrs
Zero
4.3 137É clara a presença de subjetividade em todo e qualquer assunto. Pois bem de acordo com a construção narrativa a minha interpretação foi a seguinte:
A vida do Zero só faz sentido a partir do momento que ele encontra alguém, fica sugestivo no curta que o significado de relevância social deixa de importar quando temos alguém para amar e compartilhar. Então já não interessa o número, se você é "0" ou se é "9".
"Todos nascemos da mesma matéria, no entanto, nem todos nascemos iguais"
De forma metafórica, os siameses não significaria que duas existência partilham o mesmo corpo e matéria e por isso nunca estarão só? Ou seja, eles representam o infinito da existência pois terão sempre um ao outro. (já que a vida do Zero só faz sentido a partir do momento que ele encontra alguém, essa interpretação tem muita coerência, não concorda?)
Se atente a pergunta que o curta faz no começo: "Então como nada, pode ser algo?"
Qual seria a resposta dessa pergunta? Eu diria que, como somos seres humanos que reconhecemos significado, só somos alguém, a partir do momento que é compartilhado conosco, conhecimento, cultura e sentimentos, caso contrário, se estivéssemos isolados, seriamos animais sem a capacidade de criar pensamentos complexos e reconhecer significados e valores.
Existe uma enorme diferença entre ser alguém e ser algo. (O que é ser alguém?). O curta critica exatamente a coisificação do ser humano, da forma com que nos organizamos, da importância que damos em ser algo, e acabamos gerando uma visão deturpada da sociedade e principalmente do que realmente somos, aliás, somos aos olhos de quem??!
Ao mostrar a desinclusão social do protagonista Zero, o curta denúncia que vivemos no que parece ser uma sociedade enfileirada em ordem decrescente de importância social, e pense bem, para uma organização social funcionar precisamos de pessoas que ocupem o cargo de faxineiro, açougueiro, médico, policial, entre outros funções, todas essas figuras são importante, certo? Então porque existe grau de importância, desigualdade, privilégio e desinclusão?
Se o Zero não tivesse sido tratado com desprezo e tivesse sido incluso na sociedade, ele não teria sido um "ninguém", mas vivemos numa sociedade competitiva, onde só existe espaço para os melhores, quem tem menos oportunidade fica para trás. Se todas as funções são importantes, o que determina o que realmente somos??!!
E sim, são dois zeros que nascem siameses e ao se juntarem formam o infinito, separados seriam também apenas um "0". Porque o diretor não teria esse cuidado em acabar gerando essa interpretação negativa? Não acredito que ele tenha feito alusão ao fato deles serem especiais. Pelo contrário, acho que ele usou isso como um recurso para potencializar sua crítica.
Lembre-se que segundo a professora os denominados de "0" não poderiam se multiplicar, e repare que antes do bebê nascer todos os moradores os olhavam com raiva e preconceito, mas a partir do momento que o bebê nasce todos os moradores da cidade adquirem um novo olhar, inclusive para o próprio Zero e sua esposa.
Essa foi uma inversão inteligente e metafórica que o diretor fez a uma sociedade que parou de julgar as pessoas pela sua importância social (números) e começou a se atentar a quem realmente somos enquanto seres humanos. Talvez eu esteja sendo equivocado, mas acredito que nesse momento o diretor separa o telespectador em dois: os que ainda tentarão encontrar uma importância social nos números e os que buscarão uma importância dentro do próprio ser, da subjetividade, da individualidade, do amor, da pureza e tudo aquilo que o Zero nunca deixou de acreditar.
"Zero nunca permitiu que situações embaraçosas o deprimissem, ele não queria se tornar um número negativo..."
Independente de quem se aproximar melhor do que o diretor realmente quis passar, haverá sempre os que enxergarão o infinito e os que enxergarão dois zeros. Simplesmente encantado!!