Como se trata de Ferzan Ozpetek, não esperei algo descartável, e felizmente não é, mas começa bem e depois de uma hora dá vontade de ver na velocidade 1,5x (já que tem essa opção na plataforma), especialmente para quem já viu bastante filme classificado como "romance gay" masculino. Dentro do âmbito épico (que se passa em vários anos), ninguém se aproxima do que o Almodóvar já conseguiu fazer (e esperar algo próximo disso de um original Netflix, com tudo homogeneizado, desde a maquiagem até a fotografia seria demais). Tudo bem que há algum charme nos encontros, nas vivências e experiências físicas e emocionais das pessoas, mas que ligação forte ficou após a separação deles? Eu não consegui ver nenhuma, só se justifica se você acreditar em "almas gêmeas", e narrativas como essa tentam dobrar essa ideia a partir da separação pelos empecilhos que surgem, mas isso só serve para, entre outras coisas, trazer uma emoção não muito natural num reencontro e reforçar valores que não são exatamente positivos, como o preterimento nas relações (o marido e a esposa embora sejam mostrados de forma digna, não alçam um lugar de "amor da vida" e os amigos gays são destratados a todo momento) ou a despreocupação com questões coletivas, o suposto cuidado do cineasta com questões sociais não poderia parecer mais descabida (e o foco no contexto de classe média, de médico e cineasta BEM-SUCEDIDOS, apoia esse argumento). Também não havia diretores gays FAMOSOS fazendo ESPECIFICAMENTE romances gays em 1988 e enchendo salas de cinema, tinha? Esse mito em cima do amor romântico não faz tanto sentido sem novas abordagens em 2023, então a subjetividade fica na conclusão com respostas mistas (você escolhe a moral: as aparências que importam ou podemos ser autênticos ocasionalmente apesar da vida de aparências). Enfim, pelo menos, as personagens mulheres não são descartáveis, os atores estão bem, há belas cenas externas e uma bela homenagem à experiência de ir ao cinema, à Itália e os costumes e música de lá. Mas fica a questão, juntar-se à Netflix para produzir, lançar ou distribuir filmes já fez muito bem ao conjunto de obras de algum autor-diretor da era pré-streaming?
Quando a Suzane conta a versão dela, parece mais verossímil, então esse filme é fraco igual o outro com a versão dele. E é tudo muito raso, esses dois namoraram três anos, a mãe era bissexual, o pai era adúltero, o Andreas parece apaixonado pelo Daniel, esses filmes podiam explorar essas e outras coisas, mas não, fica só no que já está mais que público, um dos únicos momentos interessantes do outro filme que tem o Daniel contando é quando mostra a relação estranha da família rica, mas aqui parece que não há mais nada a ser dito. Para mostrar ela como a principal culpada, o que não há dúvida que seja, precisaria de um retrato mais sutil e profundo. As cenas de intimidação policial não podiam ser mais ridículas, mas meia estrela extra pela Bárbara Colen.
Surpreendeu demais, não pelo roteiro em si, já que tem muitas semelhanças com séries populares como Chucky, mas os filmes toscos da Shudder são infinitamente superiores aos da Netflix, misturou erotismo com comédia e terror muito bem, e o Judah Lewis está se tornando um ator sensacional.
O Nicolas Prattes estava ocupado demais com a Globo e não pôde estar em mais um filme do Diego Freitas, mas o Bruno Montaleone é um ator correto e inteligente, segurou bem o papel. Uma deliciosa desculpa para um festival de objetificação masculina, difícil que o preço a se pagar por isso seja aguentar Camilla de Lucas.
Essa aventura do Jay sem o Silent Bob pelo Brasil foi bem aleatória, conflitos e resoluções bem tanto faz, achei surpreendente como o filme consegue ser brilhante e bobo na mesma intensidade.
O filme começa bem com a montagem primorosa do ótimo arquivo (e a narração nem tanto), não pela vida do diretor em si, mas há um clima de mistério interessante, fica sonolento e labiríntico pelo meio, e não pareceu um projeto redondo, mas algo em que ideias iam sendo incorporadas, talvez por isso eu tenha sentido ao fim que podia ter sido mais fluido.
A personagem da Adèle com a profundidade de um pires, o personagem do Franz um feio narcisista e do Ben um sonso sem amor próprio, quê isso gente? E o silêncio dos fãs esnobes de cinema europeu e assinantes do MUBI sobre isso é ensurdecedor!
- Eu sou tão infeliz! - Eu não ligo. kkkkkk felizmente os atores entregam, porque se não seria nota negativa.
Infelizmente, sinto muito em dizer a quem ainda não se tocou, mas a culpa é toda dos homens héteros (ou "hétero-tizados"). E quem sofre por eles estará num ciclo de lutos sem fim enquanto ficar se incluindo nessa lógica misógina. A mulher com daddy issues busca validação que vai do pai até o homem que conhece do nada numa festa que resolveu ir do nada. As pessoas que fazem as coisas sem intenção saem por aí buscando validação, querendo reproduzir individualismo / sucesso (aparente) e acabam machucando deus e o mundo com a indecisão delas. Parece que o filme quer dar razão para os masculinistas encherem o saco em podcast, só pode. A mulher tem inveja do sucesso de homem, precisa se orgulhar de ser a "dominada" no ato sexual e não sabe expressar o que sente e quer verdadeiramente. O filme até teria algum desconto, se ela fosse de fato alguém diferente do resto, mas ela quer reproduzir todos os ideais capitalistas, mas na sua versão 2020, em que você não quer casar e ter filhos (obviamente porque muitas já se deram conta que as responsabilidades do casamento e de filhos caem todas no colo da mulher, em última análise, especialmente quando são deixadas), mas ter pets e plantas enquanto tem sucesso na carreira mesmo afundada em ansiedade e depressão, não quer ter amizades profundas (ela não tem amigas mulheres) e quer se envolver com homens apenas para que eles lhe deem prazer ou sejam devotos dela na vida e na cama (sendo que ela se odeia). Uma visão de uma mulher totalmente distorcida por homens. Ainda mostra um povo careta comendo cogumelo com intenção de se divertir, e tenta mostrar de uma forma negativa quem faz yoga, se preocupa com o meio ambiente, com investigação de histórico familiar, envolvido com experiências de expansão da consciência. A profecia autorrealizadora do início bate certinho com o que Aksel esperava da relação, ela poderia estar lá por ele perto da morte (e nem isso), ela fica sabendo ao acaso, o visita no leito e aborda temas desagradáveis pra ele, além de escolher não estar lá no fim. Resumindo, total desserviço para os transtornados se identificarem. Assistindo por cima em 2021, deixei passar tanta coisa, mas desde lá intuía que havia algo de bem errado com esse filme, e já achava que os capítulos finais não tinham essa força toda que o Trier deve achar que tem, é uma história que passa em vários anos, mas não tem nada de épica.
Uma comédia patrocinada pela MUBI feita sob medida para o amante do cinema independente mundial frequentador de festivais cheios de filmes europeus e carente de pênis e sexo explícito. Quem transa ou assiste pornô regularmente vai ver que sexo e nudez pouco importam aqui (ao todo, são poucos desmotivados minutos disso). Se o roteiro e direção fossem bons, todo mundo estaria falando dessa parte, não sobre piroca e pegação, né? Criticar a cultura branca de pegação gay da forma que o Sebastián faz é basicamente glorificar tudo. O filme tem cenas naturalmente divertidas nos primeiros quarenta minutos (e eu ri a cada flash da queda), mas a personagem da empregada já incomoda de cara, e depois disso se torna um equívoco absurdo, já que é uma espécie de Chaves (sim, o protagonista da série Chaves) mulher, atrapalhada e com intenções confusas (por vezes, a leitura é que ela é má mesmo). Em "A Criada", mentiram para o Silva que o cinema dele prestava, mas conforme foi construindo a carreira apoiado pelo privilégio branco, as críticas negativas vieram aos montes tentando reverter o mal lá do início. Tarde demais. Até filme interracial com atriz de Hollywood o pobre fez. Coitado. Para alegria dele, agora ele tem de novo os críticos ao seu lado porque traz de volta Catalina Saavedra (atriz de "A Criada") como Verónica (uma empregada, Sebas gênio), mas o papel só não é mais abominável que o tratamento que Mateo dá à ela e qualquer empregado(a). Nenhum comentário aqui vai chegar a nenhum grupo, mesmo os gays da cultura de pegação iludidos com suposta crítica estão vendo "representatividade" aqui. Nenhum influencer ou pessoa que acredita na cultura do instagram ou TikTok vai ver superficialidade nas suas práticas e, por fim, nenhum ser de classe média iluminado e assinante da MUBI vai reavaliar como trata seus empregados. Acaba sendo uma obra acrítica e desracializada, além de mostrar agressão a um animal de forma injustificável e violência trabalhista, e tudo segue no saldo negativo para o lado mais fraco,
Só quando me toquei que o protagonista é um hétero querendo fazer todo mundo se sentir culpado e desconfortável o tempo todo, entendi a mensagem por trás da enrolação. Se tivesse sido mais engraçado, ou explorado mais as possibilidades bissexuais estava valendo, o problema é que o diretor parece ter sofrido do mesmo mal do personagem insuportável para realizar essa chatice sem tamanho.
Podiam ter mirado mais alto, mas caso se esqueça que está diante de uma comédia de melhores amigos com todos os clichês (e que pouco importa se parte do público verá somente palavrões e subversões), talvez consiga apreciar as ideias objetivas, a edição, a dublagem e a aventura universal de combate às relações tóxicas.
Por mais que eu ame essa tentativa de filme, nessa última revisão, o que era mistério virou confusão. A edição e estilo do diretor são muito bons, mas o momento retratado num dos pôsteres que para o espectador é de reencontro dos protagonistas é abrupto e não é bem construído (ainda que pra quem prestou atenção nos diálogos, é revelado que eles já tinham se visto depois de "tudo" pelo menos uma vez). Mas o que é "tudo"? Se beneficiaria de mais explicação.
Como o irmão do Leo entrou na equação? Foi inventada uma mentira sobre suicídio? O que o Clémens estava presenciando de dentro do carro?
Por que aquele final? Só tenho meias respostas. De toda forma, tenta explicar nos mínimos detalhes as feridas de abandono e como o trauma pode comandar sua vida caso não saiba olhar com cuidado para ele, consegue ser orgânico ao intercalar as peças atuais e da infância, algo que em outras obras audiovisuais dificilmente funciona porque tratam como um mecanismo praticamente impossível de funcionar integralmente.
Depois de incontáveis revisões (mas a primeira em gloriosa restauração!), nenhum defeito muito saliente (pelo contrário, teve um frescor bem-vindo), pela primeira vez entendi a medicalização como uma questão que o filme traz, um retrato da psiquiatria naturalizada nessa virada de século e no contexto dessa família marcada por perdas, pelo peso do casamento para a mãe (com um trauma recente), a ausência do pai para os filhos e esposa, a misoginia sofrida pela filha e a fuga pela monogamia do filho (iniciando Mathieu num sofrimento psíquico jamais imaginado por ele), isso dentro do contexto patriarcal é estímulo suficiente para a saída pelos remédios (o pai nunca aparece, ele só liga e mal ouvimos a voz dele). As feridas dos apaixonados estão tão abertas que quando ameaças são trocadas no isolamento das ruínas, das praias e arredores da cidade nas noites de verão ou das luzes amarelas e tristes dos postes destacando o contorno de ambos estamos diante de duas feras alternando agressão e concessão (a primeira interação dos dois "com plateia" já anunciava que não poderia ser diferente). O desfecho fragmentado é o sofrimento aburguesado do protagonista, que não vê outra saída a não ser o descarte, como elabora em sua conversa quase moralista ao final, ele não pode ficar desconectado do que herdou da família adoecida dele, que se contaminou por valores deturpados por muito tempo e já internalizou a ideia de produtividade aliada à intervenção psiquiátrica. Fica a sentença, o transtorno mental afeta a todos do núcleo familiar, que é em si a doença, mas o pai segue se ausentando o máximo que pode, por que só ele tem direito a algum respiro?
A ideia de final feliz foi sequestrada pela monogamia há tempos, então mesmo em filmes que tentam questionar ou tenham finais abertos, a ideia não é dobrada para um lado exatamente diferente. E daí que ambos são bissexuais? Por que quem ela se interessa para sexo é o clichê da artista livre sem nada na cabeça? E daí que você não conseguir gozar com outra pessoa é um gesto sincero do seu corpo te dizendo algo? O conceito de ter comunicação numa relação é bem-vindo, mas é preciso ir além da terapeutização, reconhecer que há diferenças que nem a mais profunda das conversas vai aliviar e talvez seja hora de finalmente não ir pelo esperado socialmente. Tem algo de válido na tentativa, e tecnicamente faz bonito, mas é quase um A Pior Pessoa do Mundo "netflizado" e com um título internacional que é um spoiler.
Embora possam dizer o contrário, Sick está longe de parecer um slasher "vagabundo" e de baixo orçamento, a capacidade técnica e artística é admirável e fértil até demais diante da ação ineficaz dos inimigos fracos e da motivação ínfima deles.
É tão calculado que ambos têm profissões convenientes e só sofrem intelectualmente, há o medo de não conseguirem montar um quebra-cabeça do passado e tem as sessões de camarote redundantes do sofrimento dos amigos para a gente ter uma ideia do futuro dos dois, mas só há uma pequena amostra do que realmente acontece no final, e só é suficiente para arranhar a superfície.
Se essa é a ideia de diversão que os criadores dessa franquia têm para pessoas supostamente quietas que seguem as regras sociais temos mais confirmação de que o mundo está perdido. Uma produção insossa que caiu direto no streaming e tenta capitalizar em cima de compilação de supostas transgressões para nos momentos que todos estão mais distraídos reforçar ideais como meritocracia, além de estereótipos. Chega a ser quase inacreditável a capacidade que tiveram para fabricar coisas até elaboradas, mas não entregaram sequer um momento real para compensar.
Mesmo com um resultado não tão agradável, essa comédia pegou a fórmula de filme adolescente e adaptou com destreza admirável, pena que os atores que fazem os amigos do protagonista foram carismáticos demais para não terem narrativas mais elaboradas ou momentos que fossem além da coadjuvação (uma vez que o principal é mais uma ideia vaga de herói jovem de uma comunidade de São Paulo).
Cabana do Inferno 2
2.0 241Achei divertido, só não tem cabana nenhuma
Pete Holmes: I Am Not for Everyone
3.6 1 Assista AgoraChegou a entrar na Netflix? Aqui diz que dá pra assistir lá, mas só tem como marcar Lembrete.
Nuovo Olimpo
3.5 60 Assista AgoraComo se trata de Ferzan Ozpetek, não esperei algo descartável, e felizmente não é, mas começa bem e depois de uma hora dá vontade de ver na velocidade 1,5x (já que tem essa opção na plataforma), especialmente para quem já viu bastante filme classificado como "romance gay" masculino. Dentro do âmbito épico (que se passa em vários anos), ninguém se aproxima do que o Almodóvar já conseguiu fazer (e esperar algo próximo disso de um original Netflix, com tudo homogeneizado, desde a maquiagem até a fotografia seria demais). Tudo bem que há algum charme nos encontros, nas vivências e experiências físicas e emocionais das pessoas, mas que ligação forte ficou após a separação deles? Eu não consegui ver nenhuma, só se justifica se você acreditar em "almas gêmeas", e narrativas como essa tentam dobrar essa ideia a partir da separação pelos empecilhos que surgem, mas isso só serve para, entre outras coisas, trazer uma emoção não muito natural num reencontro e reforçar valores que não são exatamente positivos, como o preterimento nas relações (o marido e a esposa embora sejam mostrados de forma digna, não alçam um lugar de "amor da vida" e os amigos gays são destratados a todo momento) ou a despreocupação com questões coletivas, o suposto cuidado do cineasta com questões sociais não poderia parecer mais descabida (e o foco no contexto de classe média, de médico e cineasta BEM-SUCEDIDOS, apoia esse argumento). Também não havia diretores gays FAMOSOS fazendo ESPECIFICAMENTE romances gays em 1988 e enchendo salas de cinema, tinha? Esse mito em cima do amor romântico não faz tanto sentido sem novas abordagens em 2023, então a subjetividade fica na conclusão com respostas mistas (você escolhe a moral: as aparências que importam ou podemos ser autênticos ocasionalmente apesar da vida de aparências). Enfim, pelo menos, as personagens mulheres não são descartáveis, os atores estão bem, há belas cenas externas e uma bela homenagem à experiência de ir ao cinema, à Itália e os costumes e música de lá. Mas fica a questão, juntar-se à Netflix para produzir, lançar ou distribuir filmes já fez muito bem ao conjunto de obras de algum autor-diretor da era pré-streaming?
A Menina que Matou os Pais: A Confissão
3.1 218 Assista AgoraQuando a Suzane conta a versão dela, parece mais verossímil, então esse filme é fraco igual o outro com a versão dele. E é tudo muito raso, esses dois namoraram três anos, a mãe era bissexual, o pai era adúltero, o Andreas parece apaixonado pelo Daniel, esses filmes podiam explorar essas e outras coisas, mas não, fica só no que já está mais que público, um dos únicos momentos interessantes do outro filme que tem o Daniel contando é quando mostra a relação estranha da família rica, mas aqui parece que não há mais nada a ser dito. Para mostrar ela como a principal culpada, o que não há dúvida que seja, precisaria de um retrato mais sutil e profundo. As cenas de intimidação policial não podiam ser mais ridículas, mas meia estrela extra pela Bárbara Colen.
Suitable Flesh
2.5 18Surpreendeu demais, não pelo roteiro em si, já que tem muitas semelhanças com séries populares como Chucky, mas os filmes toscos da Shudder são infinitamente superiores aos da Netflix, misturou erotismo com comédia e terror muito bem, e o Judah Lewis está se tornando um ator sensacional.
O Lado Bom de Ser Traída
1.8 145O Nicolas Prattes estava ocupado demais com a Globo e não pôde estar em mais um filme do Diego Freitas, mas o Bruno Montaleone é um ator correto e inteligente, segurou bem o papel. Uma deliciosa desculpa para um festival de objetificação masculina, difícil que o preço a se pagar por isso seja aguentar Camilla de Lucas.
Coração de Neon
3.0 9Essa aventura do Jay sem o Silent Bob pelo Brasil foi bem aleatória, conflitos e resoluções bem tanto faz, achei surpreendente como o filme consegue ser brilhante e bobo na mesma intensidade.
Retratos Fantasmas
4.2 231 Assista AgoraO filme começa bem com a montagem primorosa do ótimo arquivo (e a narração nem tanto), não pela vida do diretor em si, mas há um clima de mistério interessante, fica sonolento e labiríntico pelo meio, e não pareceu um projeto redondo, mas algo em que ideias iam sendo incorporadas, talvez por isso eu tenha sentido ao fim que podia ter sido mais fluido.
Passagens
3.4 81 Assista AgoraA personagem da Adèle com a profundidade de um pires, o personagem do Franz um feio narcisista e do Ben um sonso sem amor próprio, quê isso gente? E o silêncio dos fãs esnobes de cinema europeu e assinantes do MUBI sobre isso é ensurdecedor!
- Eu sou tão infeliz!
- Eu não ligo.
kkkkkk felizmente os atores entregam, porque se não seria nota negativa.
O Monstro que Vive em Mim
2.6 41 Assista AgoraA carreira da Monica Iozzi deslanchando, ela merece. Esse é só pra quem é inteligente, favor não tumultuar.
A Pior Pessoa do Mundo
4.0 602 Assista AgoraInfelizmente, sinto muito em dizer a quem ainda não se tocou, mas a culpa é toda dos homens héteros (ou "hétero-tizados"). E quem sofre por eles estará num ciclo de lutos sem fim enquanto ficar se incluindo nessa lógica misógina. A mulher com daddy issues busca validação que vai do pai até o homem que conhece do nada numa festa que resolveu ir do nada. As pessoas que fazem as coisas sem intenção saem por aí buscando validação, querendo reproduzir individualismo / sucesso (aparente) e acabam machucando deus e o mundo com a indecisão delas. Parece que o filme quer dar razão para os masculinistas encherem o saco em podcast, só pode. A mulher tem inveja do sucesso de homem, precisa se orgulhar de ser a "dominada" no ato sexual e não sabe expressar o que sente e quer verdadeiramente. O filme até teria algum desconto, se ela fosse de fato alguém diferente do resto, mas ela quer reproduzir todos os ideais capitalistas, mas na sua versão 2020, em que você não quer casar e ter filhos (obviamente porque muitas já se deram conta que as responsabilidades do casamento e de filhos caem todas no colo da mulher, em última análise, especialmente quando são deixadas), mas ter pets e plantas enquanto tem sucesso na carreira mesmo afundada em ansiedade e depressão, não quer ter amizades profundas (ela não tem amigas mulheres) e quer se envolver com homens apenas para que eles lhe deem prazer ou sejam devotos dela na vida e na cama (sendo que ela se odeia). Uma visão de uma mulher totalmente distorcida por homens. Ainda mostra um povo careta comendo cogumelo com intenção de se divertir, e tenta mostrar de uma forma negativa quem faz yoga, se preocupa com o meio ambiente, com investigação de histórico familiar, envolvido com experiências de expansão da consciência. A profecia autorrealizadora do início bate certinho com o que Aksel esperava da relação, ela poderia estar lá por ele perto da morte (e nem isso), ela fica sabendo ao acaso, o visita no leito e aborda temas desagradáveis pra ele, além de escolher não estar lá no fim. Resumindo, total desserviço para os transtornados se identificarem. Assistindo por cima em 2021, deixei passar tanta coisa, mas desde lá intuía que havia algo de bem errado com esse filme, e já achava que os capítulos finais não tinham essa força toda que o Trier deve achar que tem, é uma história que passa em vários anos, mas não tem nada de épica.
Rotting in the Sun
3.5 85 Assista AgoraUma comédia patrocinada pela MUBI feita sob medida para o amante do cinema independente mundial frequentador de festivais cheios de filmes europeus e carente de pênis e sexo explícito. Quem transa ou assiste pornô regularmente vai ver que sexo e nudez pouco importam aqui (ao todo, são poucos desmotivados minutos disso). Se o roteiro e direção fossem bons, todo mundo estaria falando dessa parte, não sobre piroca e pegação, né? Criticar a cultura branca de pegação gay da forma que o Sebastián faz é basicamente glorificar tudo. O filme tem cenas naturalmente divertidas nos primeiros quarenta minutos (e eu ri a cada flash da queda), mas a personagem da empregada já incomoda de cara, e depois disso se torna um equívoco absurdo, já que é uma espécie de Chaves (sim, o protagonista da série Chaves) mulher, atrapalhada e com intenções confusas (por vezes, a leitura é que ela é má mesmo). Em "A Criada", mentiram para o Silva que o cinema dele prestava, mas conforme foi construindo a carreira apoiado pelo privilégio branco, as críticas negativas vieram aos montes tentando reverter o mal lá do início. Tarde demais. Até filme interracial com atriz de Hollywood o pobre fez. Coitado. Para alegria dele, agora ele tem de novo os críticos ao seu lado porque traz de volta Catalina Saavedra (atriz de "A Criada") como Verónica (uma empregada, Sebas gênio), mas o papel só não é mais abominável que o tratamento que Mateo dá à ela e qualquer empregado(a). Nenhum comentário aqui vai chegar a nenhum grupo, mesmo os gays da cultura de pegação iludidos com suposta crítica estão vendo "representatividade" aqui. Nenhum influencer ou pessoa que acredita na cultura do instagram ou TikTok vai ver superficialidade nas suas práticas e, por fim, nenhum ser de classe média iluminado e assinante da MUBI vai reavaliar como trata seus empregados. Acaba sendo uma obra acrítica e desracializada, além de mostrar agressão a um animal de forma injustificável e violência trabalhista, e tudo segue no saldo negativo para o lado mais fraco,
ou devemos vibrar que a Verónica não é presa no final?
Caminhos Tortos
3.1 11 Assista AgoraA casa dele totalmente arrumada e a cabeça incrivelmente perturbada.
Landscape with Invisible Hand
3.0 8 Assista AgoraO diretor tem algo valioso em mãos, mas a realização é muito frouxa para causar maior impacto.
Afire
3.8 51 Assista AgoraSó quando me toquei que o protagonista é um hétero querendo fazer todo mundo se sentir culpado e desconfortável o tempo todo, entendi a mensagem por trás da enrolação. Se tivesse sido mais engraçado, ou explorado mais as possibilidades bissexuais estava valendo, o problema é que o diretor parece ter sofrido do mesmo mal do personagem insuportável para realizar essa chatice sem tamanho.
Poder Sem Limites
3.4 1,7K Assista AgoraQue lindo o mundo seria livre da masculinidade tóxica.
Ruim Pra Cachorro
3.2 67Podiam ter mirado mais alto, mas caso se esqueça que está diante de uma comédia de melhores amigos com todos os clichês (e que pouco importa se parte do público verá somente palavrões e subversões), talvez consiga apreciar as ideias objetivas, a edição, a dublagem e a aventura universal de combate às relações tóxicas.
Sugar Orange
3.0 2Por mais que eu ame essa tentativa de filme, nessa última revisão, o que era mistério virou confusão. A edição e estilo do diretor são muito bons, mas o momento retratado num dos pôsteres que para o espectador é de reencontro dos protagonistas é abrupto e não é bem construído (ainda que pra quem prestou atenção nos diálogos, é revelado que eles já tinham se visto depois de "tudo" pelo menos uma vez). Mas o que é "tudo"? Se beneficiaria de mais explicação.
Como o irmão do Leo entrou na equação? Foi inventada uma mentira sobre suicídio? O que o Clémens estava presenciando de dentro do carro?
Primeiro Verão
3.0 44Depois de incontáveis revisões (mas a primeira em gloriosa restauração!), nenhum defeito muito saliente (pelo contrário, teve um frescor bem-vindo), pela primeira vez entendi a medicalização como uma questão que o filme traz, um retrato da psiquiatria naturalizada nessa virada de século e no contexto dessa família marcada por perdas, pelo peso do casamento para a mãe (com um trauma recente), a ausência do pai para os filhos e esposa, a misoginia sofrida pela filha e a fuga pela monogamia do filho (iniciando Mathieu num sofrimento psíquico jamais imaginado por ele), isso dentro do contexto patriarcal é estímulo suficiente para a saída pelos remédios (o pai nunca aparece, ele só liga e mal ouvimos a voz dele). As feridas dos apaixonados estão tão abertas que quando ameaças são trocadas no isolamento das ruínas, das praias e arredores da cidade nas noites de verão ou das luzes amarelas e tristes dos postes destacando o contorno de ambos estamos diante de duas feras alternando agressão e concessão (a primeira interação dos dois "com plateia" já anunciava que não poderia ser diferente). O desfecho fragmentado é o sofrimento aburguesado do protagonista, que não vê outra saída a não ser o descarte, como elabora em sua conversa quase moralista ao final, ele não pode ficar desconectado do que herdou da família adoecida dele, que se contaminou por valores deturpados por muito tempo e já internalizou a ideia de produtividade aliada à intervenção psiquiátrica. Fica a sentença, o transtorno mental afeta a todos do núcleo familiar, que é em si a doença, mas o pai segue se ausentando o máximo que pode, por que só ele tem direito a algum respiro?
Um Clímax Entre Nós
2.7 15 Assista AgoraA ideia de final feliz foi sequestrada pela monogamia há tempos, então mesmo em filmes que tentam questionar ou tenham finais abertos, a ideia não é dobrada para um lado exatamente diferente. E daí que ambos são bissexuais? Por que quem ela se interessa para sexo é o clichê da artista livre sem nada na cabeça? E daí que você não conseguir gozar com outra pessoa é um gesto sincero do seu corpo te dizendo algo? O conceito de ter comunicação numa relação é bem-vindo, mas é preciso ir além da terapeutização, reconhecer que há diferenças que nem a mais profunda das conversas vai aliviar e talvez seja hora de finalmente não ir pelo esperado socialmente. Tem algo de válido na tentativa, e tecnicamente faz bonito, mas é quase um A Pior Pessoa do Mundo "netflizado" e com um título internacional que é um spoiler.
Isolamento Mortal
3.3 195 Assista AgoraEmbora possam dizer o contrário, Sick está longe de parecer um slasher "vagabundo" e de baixo orçamento, a capacidade técnica e artística é admirável e fértil até demais diante da ação ineficaz dos inimigos fracos e da motivação ínfima deles.
Memórias de um Amor
3.8 52 Assista AgoraÉ tão calculado que ambos têm profissões convenientes e só sofrem intelectualmente, há o medo de não conseguirem montar um quebra-cabeça do passado e tem as sessões de camarote redundantes do sofrimento dos amigos para a gente ter uma ideia do futuro dos dois, mas só há uma pequena amostra do que realmente acontece no final, e só é suficiente para arranhar a superfície.
Amizade de Férias 2
2.4 18Se essa é a ideia de diversão que os criadores dessa franquia têm para pessoas supostamente quietas que seguem as regras sociais temos mais confirmação de que o mundo está perdido. Uma produção insossa que caiu direto no streaming e tenta capitalizar em cima de compilação de supostas transgressões para nos momentos que todos estão mais distraídos reforçar ideais como meritocracia, além de estereótipos. Chega a ser quase inacreditável a capacidade que tiveram para fabricar coisas até elaboradas, mas não entregaram sequer um momento real para compensar.
Escola de Quebrada
2.1 6Mesmo com um resultado não tão agradável, essa comédia pegou a fórmula de filme adolescente e adaptou com destreza admirável, pena que os atores que fazem os amigos do protagonista foram carismáticos demais para não terem narrativas mais elaboradas ou momentos que fossem além da coadjuvação (uma vez que o principal é mais uma ideia vaga de herói jovem de uma comunidade de São Paulo).