roteiro e atuações beirando o ridículo, o que salva é a produção e os números de dança. transformaram a peça em filme e esqueceram de readaptá-la. high school musical 3 é melhor que isso
não achei o final ruim ,só previsível... na falta do autor em entregar o projeto de um desfecho aceitável, os eventos se caminharam chegando até a obviedade. no final de um dos episódios um dos produtores comenta sobre
daenerys ter queimado a cidade. o poder de um dragão, que na temporada anterior vimos derrubando a muralha e a briga entre eles, agora comprovamos seu poder de fogo.
já tinha recebido um spoiler e minhas expectativas estavam cientes de uma possível decepção. porém, me incomodou por exemplo,
a imobilidade da cersei, jon snow vencendo o jogo dos tronos, preso, daenerys poderia não ter colocado fogo em tudo se cersei não tivesse matado missandei. algumas coisas foram muito ruins e forçadas. entretanto foi legal ver os personagens interagindo juntos, a preparação para consagrar a rainha mãe dos dragões e o segredo se espalhando de que jon e dany são irmãos. a equipe de produção investiu pesado na cena do bombardeio por dragon em king's land.
um dos prazeres que tive ao assistir a série foi perceber os investimentos de 15 a 20 milhões de dólares por episódio. querendo ou não, a série faz parte da cultura televisiva sobretudo devido sua potência em expressar os limites da natureza humana, talvez por isso que a última temporada tenha destoado tanto das primeiras. o dinheiro estava lá e a máquina do roteiro exposta, o mundo da rainha caindo aos pedaços e ela não aceitava.
mas o sino tocou, e mesmo assim daenerys não cessou de torrar toda a cidade. era como se toda a construção social tida até então se apagasse, mas havia ainda que dar uma conclusão para a história, pois em alguma hora haveria de chegar a paz entre os reinos.
não é como se nunca houvesse tido nenhuma série até 2007 que se passava em los angeles, mas é como se hank fosse o retrato fiel de uma cidade decadente de valores. claro que há vários comentários a serem feitos em virtude do olhar que temos sobre ela em 2021 (o escritor dorme com todas as garotas que tem contato, o caso pedofilia sendo relativizado, etc), até porque a intenção é mostrar como hank não é perfeito! ele é um homem complicado de l.a.
que ainda está apaixonado por sua ex-mulher e tenta conquistá-la, a mesma que lhe trai e se casa com um cara totalmente careta igual a bill. o final aponta para uma direção ambígua ao relacionar a cena da família reunida com a cena do começo do episódio, a do sonho com que que hank literalmente prevê o que acontece (dando ao espectador também a chance de somar uma peça ao quebra-cabeça da trama). o desfecho virá somente na segunda temporada, finalmente saberemos se karen terá escolhido ir embora e deixar tudo ou ficar o resto da vida casada com outro homem que também traiu.
eu costumava não mais que passar os olhos sobre as séries que passavam no sbt em dia de domingo, pois ainda não entendia de fato o que era uma cidade decadente, ou seja, não estava assistindo um produto audiovisual da minha faixa etária. se pararmos para analisar, é aí que se encontra a sacada da série: mesmo que o nova-iorquino não seja um recém-chegado na cidade, tudo parte do principio que nossas ações podem ser justificadas por uma perda da inocência. é por isso que acredito que californication tenha ficado tão datada. hank nunca é o culpado de nada, toda a merda que acontece na sua vida foi provocada pelas mulheres incontroláveis que lhe rodeia, uma pobre vítima do sistema com seu charme irresistível de escritor. não acho que seja de todo ruim, o roteiro tem várias sacadas inteligentes ("you think I wanted Sylvia Plath to come over here and go all fucking bell jar on me?"). vale a pena ser assistida, a boa atuação de David Duchovny e de todo o elenco torna tudo mais convincente. um retrato fiel da sociedade norte-americana.
assisti esse filme com alguns amigos que estavam passando pelos mesmos problemas que os personagens (eu incluso). em tempos de pandemia, damos outro valor ao compartilhamento de certas experiências, reconhecendo-se que há uma questão maior permeando nossas escolhas. em tempos de pandemia também, pelo o que me parece, nossa relação com as drogas se torna muito mais delicada. interessante a provocação que druk tenciona acerca dos limites da nossa passividade ante um mal que é quase inevitável: a fadiga. se entorpecer com celular, bebida, cigarro, ultimamente tem se tornado uma solução muito fácil, difícil mesmo é encarar os problemas sóbrio, com 0,00% de álcool no sangue. não que devamos parar de beber, fumar ou tomar remédios, mas questionar de onde vem nossa vontade ou necessidade de consumo é sempre importante. reunindo alguns clichês em torno da crise de meia idade, os professores percebem-se desgastados pelo tempo. dando a volta completa, engajando seus alunos mostrando a eles que conhecimento pode sim ser divertido, a bebida é às vezes posta como a responsável por dar a esse grupo de homens brancos e europeus uma nova roupagem para suas vidas. e de fato deu. questionar como e quando isso aconteceu, até que ponto chegou, e se há vida depois do amor, eis o que dá trabalho.
achei a parte da família patética demais, muito forçado, como se o documentário da netflix tivesse reafirmando positivamente as coisas as quais ele critica, como se a netflix não fizesse parte desse conglomerado de empresas por trás do "remodelamento da humanidade". todos vão achar um documentário mega informativo, concordo que nos momentos em que o esclarecimento sobre o funcionamento das tecnologias é eficaz ao detalhar a compra de propaganda por grupos que estão no poder. porém na forma como isso foi mostrado, vincent kartheiser personificando o funcionamento das novas máquinas, o contraste das entrevistas com as cenas da família parece querer já agrupar um tipo especifico de pessoa, um tipo específico de família, como se houvesse um acordo global em torno das leis e da compreensão em torno do que é a tecnologia por trás das redes sociais e como ela é usada em 2020. é claro que isso está acontecendo, não estou negando, pelo contrário, acho curioso delinear como isso é transpassado para nós por uma empresa que se diz global, como se ela mesma não tivesse transformado a relação que o grande público tem hoje com o audiovisual. se isso é positivo ou negativo...
penso que dois pontos são importantes quando analisamos filmes em que não observamos uma grande mudança na vida dos personagens: como o roteiro será carregado, quais entrelaçamentos os roteiristas escolheram para guiar a narrativa e como isso se dá em termos de mise-en-scene. eu particularmente odiei a fotografia, o zoom excessivo sugere ressaltar o ponto de vista único de elias: se por um lado esse "sufocamento" representa o que as minorias vivem no brasil, governado majoritariamente por homens brancos e heterossexuais, por outro, faltou sutileza para tratar certos temas e deixando muitas pontas abertas. dito isso, a produção do filme é sensacional, as atuações fluíram bem e muito naturalmente, um ponto positivo crucial. por mais que o filme não se desenrole no desenvolvimento dos acontecimentos, o carisma e a identificação de temas relacionados a juventude e a uma representação que ainda está longe de ser o ideal de pessoas negras e trans, tornam corpo elétrico um grande filme da nova safra do cinema contemporâneo brasileiro. talvez se as narrativas tivessem sido concluídas de forma mais clara, com desfechos sólidos, e não esquecidas ou deixadas de lado, o filme não terminaria com a sensação de estar faltando um ou dois planos.
série surreal. larry david é muito fudido e estressado com tudo, me identifiquei porque também sou esquentado. o roteiro dos episódios são muito inteligentes, captam as nuances de um modo de vida estadunidense classe alta com eventos que permeiam o cotidiano comum. no ep affirmative action, larry escreve um roteiro que questiona o motivo dele não ter trabalhado com muitas pessoas negras em suas produções. acho que o sarcasmo nasce de um lugar consciente das reflexões que ele causa, tornando a série muito prazerosa de assistir e com pautas pertinentes até hoje
embora eu ache que a série seja uma propaganda do estilo de vida heterossexual branco e estadunidense, carregada de valores morais e patrióticos, reconheço que o papel do casal taylor na transformação dos jovens é algo muito bonito de se ver. além disso, aborda temas delicados como racismo e inclusão de pessoas com deficiência em pleno 2006. a trama é muito bem balanceada, mesmo com 22 episódios de 40 minutos cada, conseguiu me prender do inicio ao fim.
não concordo com o q disseram aqui sobre a korra ser chata ou não tão boa quanto ao aang, é fácil discordar disso: diferente da série que foi originada, korra tem uma camada muito mais complexa. os debates contrapostos até ali, a garota da tribo do sul ter derrotado vaatu e ter deixado aberto o portal para o mundo espiritual, não são nada quando zaheer, que após 13 anos preso, foi beneficiado pela convergência harmônica com a dominação de ar. ele foge da cadeia com a intenção de matar o avatar durante o estado de maior demonstração de força de seu poder, pois assim o ciclo se acaba. achei o cenário da luta final muito parecido com o da luta de aang com o senhor do fogo, seja a formação geológica ou misturando referências do mundo avatar. não considero isso como algo ruim, em parte, é a razão de continuar assistindo o show. as consequências das discussões iniciadas na lenda anterior são perpassadas por uma linha mais madura e "consciente". a complexificação dos conflitos entre as nações, depois de tanto tempo de guerra, agora na terceira temporada enfrenta um inimigo anarquista, que deseja instaurar o caos ao liquidar as autoridades.dos reinos e os novos nômades do ar. os desafios na lenda de korra são imediatos, ao contrário de um só inimigo comum na lenda de aang e requer demasiado esforço físico e espiritual. tanto que no final, percebe-se como o veneno reflete o esgotamento do seu corpo. a temporada é arrastada em alguns momentos, mas é boa no geral.
beyoncé é a uma das primeiras cantores a ter registros audiovisuais nas três maiores plataformas de streaming: hbo, netflix e agora com black is king, disney+. muito criticada por ter lançado um material sobre a áfrica num serviço inacessível para boa parte do continente, aponta-se como a lógica mesma do mercado atual considerar somente estados unidos e europa como os fomentadores da cultura ocidental. o restante dos países são a fonte de inspiração e exploração por parte de um modelo de mercado brutal, que agora em meio a crise do covid do 19, afunda-se cada dia mais. pois bem, embora os seus últimos trabalhos a cantora de houston tenha já abordado pautas sobre o empoderamento negro, vemos, usando canções do seu último álbum the gift, uma narrativa sobre "uma viagem", em que elementos do filme rei leão se misturam com outros vindos da tradição popular africana e histórias bíblicas (a trajetória de simba é quase a mesma de moisés). seja por meio das coreografias extremamente elaboradas como em "my power" ou "already" ou pelos figurinos exuberantes em cada plano, o filme é impecável visualmente. a mise-en-scène é delicadamente pensada e preenchida. acho que para além da estética e da temática, a promoção de um projeto desse porte é marcado sobretudo pela ambiguidade. que forças estão sendo postas em conflito? financiado pela maior conglomerado empresa de mídia e entretenimento do mundo, é sem dúvida um trabalho que ficará para as gerações futuras. não só pela identificação que o povo negro sente ao vê-la atingir tamanha maturidade artística, como por colocar em cheque o debate sobre de onde vem a hegemonia e como isso se intensifica e complexifica nesse mundo louco de 2020.
vamos tornar um oficial da polícia nazista alemã como alguém digno de receber amor, humaniza-lo, pois quem sabe assim seus crimes contra a humanidade não pareçam ser tão ruins. Lucien é bonito tanto quanto é ambíguo.
por um lado, o filme pode ser visto sendo uma paródia aos filmes de western, colocando o cowboy como idiota e o nativo-americano como o salvador e inteligente, por outro, acho que esconde a motivação de criar um mentor espiritual para William Blake que estivesse de acordo com determinadas convenções. tudo é usado como um pretexto para que o homem branco tivesse uma grande viagem filosófica. os diálogos são extremamente pedantes e pretensiosos. a música que inicialmente era boa, por ter sido tocada exaustivamente, acabou enjoando. não rolou pra mim.
primeiro que a mulher tem CINCO apartamentos, ela por si só é quase uma imobiliária. segundo, achei a construção do discurso do filme um tanto problemática. a personagem da Clara pra mim é um misto de ingenuidade e hipocrisia. todas as suas ações giram em torno de uma urgência, como se o espectador tivesse a obrigação de aplaudir tudo o que ela faz pra salvar o prédio. a enorme quantidade de cenas com zoom deixa isso em evidência, criando um ponto de vista arbitrário sem deixar qualquer espaço pra subjetividade. além do mais, a elite brasileira manda matar quem incomoda! o cupim foi uma resolução muito fácil. no geral, é um bom filme. o neto da construtora estar envolvido com a igreja foi uma sacada inteligente.
a relação entre os dois personagens principais serve como pano de fundo para abordar questões sobre a representação queer no brasil dos anos 80 e a ditadura civil militar.
além disso, as histórias dos filmes contados por Molina costuram alguns paralelos de como se dá o amor quando temos nossa liberdade limitada. se por um lado Leni faz parte da resistência francesa e se apaixona por um oficial nazista, Valetin tem um caso de amor com a própria personificação da burguesia que financiou o golpe. as contradições se amplificam nesse jogo de contrastes e os três personagens interpretados de Sônia Braga exemplificam bem isso. o final é primoroso ao entrelaçar Marta e a Spider Woman.
a obra peca, como já disseram, por ser em inglês, embora seja interessante perceber a reação dos atores ao serem submetidos a esse paradoxo.
Comprar Ingressos
Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.
Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.
The Wire (1ª Temporada)
4.6 170 Assista AgoraHauk: Fighting the war on drugs, one brutality case at a time.
Carver: You can't even call this shit a war.
Hauk: Why not?
Carver: Wars end.
Moonfall: Ameaça Lunar
2.4 550 Assista Agorafilme que serve como propaganda para o elon musk justificar a exploração de marte.
Amor, Sublime Amor
3.4 355 Assista Agoraroteiro e atuações beirando o ridículo, o que salva é a produção e os números de dança. transformaram a peça em filme e esqueceram de readaptá-la.
high school musical 3 é melhor que isso
Família Soprano (3ª Temporada)
4.6 139 Assista Agoraa neve representa a morte
aquele ep do chris e do paulie perdidos, o ponto alto da temporada
Game of Thrones (8ª Temporada)
3.0 2,2K Assista Agoranão achei o final ruim ,só previsível...
na falta do autor em entregar o projeto de um desfecho aceitável, os eventos se caminharam chegando até a obviedade. no final de um dos episódios um dos produtores comenta sobre
daenerys ter queimado a cidade. o poder de um dragão, que na temporada anterior vimos derrubando a muralha e a briga entre eles, agora comprovamos seu poder de fogo.
a imobilidade da cersei, jon snow vencendo o jogo dos tronos, preso, daenerys poderia não ter colocado fogo em tudo se cersei não tivesse matado missandei. algumas coisas foram muito ruins e forçadas. entretanto foi legal ver os personagens interagindo juntos, a preparação para consagrar a rainha mãe dos dragões e o segredo se espalhando de que jon e dany são irmãos. a equipe de produção investiu pesado na cena do bombardeio por dragon em king's land.
mas o sino tocou, e mesmo assim daenerys não cessou de torrar toda a cidade. era como se toda a construção social tida até então se apagasse, mas havia ainda que dar uma conclusão para a história, pois em alguma hora haveria de chegar a paz entre os reinos.
Californication (1ª Temporada)
4.3 159não é como se nunca houvesse tido nenhuma série até 2007 que se passava em los angeles, mas é como se hank fosse o retrato fiel de uma cidade decadente de valores. claro que há vários comentários a serem feitos em virtude do olhar que temos sobre ela em 2021 (o escritor dorme com todas as garotas que tem contato, o caso pedofilia sendo relativizado, etc), até porque a intenção é mostrar como hank não é perfeito! ele é um homem complicado de l.a.
que ainda está apaixonado por sua ex-mulher e tenta conquistá-la, a mesma que lhe trai e se casa com um cara totalmente careta igual a bill. o final aponta para uma direção ambígua ao relacionar a cena da família reunida com a cena do começo do episódio, a do sonho com que que hank literalmente prevê o que acontece (dando ao espectador também a chance de somar uma peça ao quebra-cabeça da trama). o desfecho virá somente na segunda temporada, finalmente saberemos se karen terá escolhido ir embora e deixar tudo ou ficar o resto da vida casada com outro homem que também traiu.
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 798 Assista Agoraassisti esse filme com alguns amigos que estavam passando pelos mesmos problemas que os personagens (eu incluso). em tempos de pandemia, damos outro valor ao compartilhamento de certas experiências, reconhecendo-se que há uma questão maior permeando nossas escolhas. em tempos de pandemia também, pelo o que me parece, nossa relação com as drogas se torna muito mais delicada. interessante a provocação que druk tenciona acerca dos limites da nossa passividade ante um mal que é quase inevitável: a fadiga. se entorpecer com celular, bebida, cigarro, ultimamente tem se tornado uma solução muito fácil, difícil mesmo é encarar os problemas sóbrio, com 0,00% de álcool no sangue. não que devamos parar de beber, fumar ou tomar remédios, mas questionar de onde vem nossa vontade ou necessidade de consumo é sempre importante. reunindo alguns clichês em torno da crise de meia idade, os professores percebem-se desgastados pelo tempo. dando a volta completa, engajando seus alunos mostrando a eles que conhecimento pode sim ser divertido, a bebida é às vezes posta como a responsável por dar a esse grupo de homens brancos e europeus uma nova roupagem para suas vidas. e de fato deu. questionar como e quando isso aconteceu, até que ponto chegou, e se há vida depois do amor, eis o que dá trabalho.
O Dilema das Redes
4.0 594 Assista Agoraachei a parte da família patética demais, muito forçado, como se o documentário da netflix tivesse reafirmando positivamente as coisas as quais ele critica, como se a netflix não fizesse parte desse conglomerado de empresas por trás do "remodelamento da humanidade". todos vão achar um documentário mega informativo, concordo que nos momentos em que o esclarecimento sobre o funcionamento das tecnologias é eficaz ao detalhar a compra de propaganda por grupos que estão no poder. porém na forma como isso foi mostrado, vincent kartheiser personificando o funcionamento das novas máquinas, o contraste das entrevistas com as cenas da família parece querer já agrupar um tipo especifico de pessoa, um tipo específico de família, como se houvesse um acordo global em torno das leis e da compreensão em torno do que é a tecnologia por trás das redes sociais e como ela é usada em 2020. é claro que isso está acontecendo, não estou negando, pelo contrário, acho curioso delinear como isso é transpassado para nós por uma empresa que se diz global, como se ela mesma não tivesse transformado a relação que o grande público tem hoje com o audiovisual. se isso é positivo ou negativo...
Corpo Elétrico
3.5 216penso que dois pontos são importantes quando analisamos filmes em que não observamos uma grande mudança na vida dos personagens: como o roteiro será carregado, quais entrelaçamentos os roteiristas escolheram para guiar a narrativa e como isso se dá em termos de mise-en-scene. eu particularmente odiei a fotografia, o zoom excessivo sugere ressaltar o ponto de vista único de elias: se por um lado esse "sufocamento" representa o que as minorias vivem no brasil, governado majoritariamente por homens brancos e heterossexuais, por outro, faltou sutileza para tratar certos temas e deixando muitas pontas abertas. dito isso, a produção do filme é sensacional, as atuações fluíram bem e muito naturalmente, um ponto positivo crucial. por mais que o filme não se desenrole no desenvolvimento dos acontecimentos, o carisma e a identificação de temas relacionados a juventude e a uma representação que ainda está longe de ser o ideal de pessoas negras e trans, tornam corpo elétrico um grande filme da nova safra do cinema contemporâneo brasileiro. talvez se as narrativas tivessem sido concluídas de forma mais clara, com desfechos sólidos, e não esquecidas ou deixadas de lado, o filme não terminaria com a sensação de estar faltando um ou dois planos.
Segura a Onda (1ª Temporada)
4.3 46 Assista Agorasérie surreal. larry david é muito fudido e estressado com tudo, me identifiquei porque também sou esquentado. o roteiro dos episódios são muito inteligentes, captam as nuances de um modo de vida estadunidense classe alta com eventos que permeiam o cotidiano comum. no ep affirmative action, larry escreve um roteiro que questiona o motivo dele não ter trabalhado com muitas pessoas negras em suas produções. acho que o sarcasmo nasce de um lugar consciente das reflexões que ele causa, tornando a série muito prazerosa de assistir e com pautas pertinentes até hoje
Friday Night Lights (1ª Temporada)
4.6 40 Assista Agoraembora eu ache que a série seja uma propaganda do estilo de vida heterossexual branco e estadunidense, carregada de valores morais e patrióticos, reconheço que o papel do casal taylor na transformação dos jovens é algo muito bonito de se ver. além disso, aborda temas delicados como racismo e inclusão de pessoas com deficiência em pleno 2006. a trama é muito bem balanceada, mesmo com 22 episódios de 40 minutos cada, conseguiu me prender do inicio ao fim.
Avatar: A Lenda de Korra (3ª Temporada)
4.4 168não concordo com o q disseram aqui sobre a korra ser chata ou não tão boa quanto ao aang, é fácil discordar disso: diferente da série que foi originada, korra tem uma camada muito mais complexa. os debates contrapostos até ali, a garota da tribo do sul ter derrotado vaatu e ter deixado aberto o portal para o mundo espiritual, não são nada quando zaheer, que após 13 anos preso, foi beneficiado pela convergência harmônica com a dominação de ar. ele foge da cadeia com a intenção de matar o avatar durante o estado de maior demonstração de força de seu poder, pois assim o ciclo se acaba. achei o cenário da luta final muito parecido com o da luta de aang com o senhor do fogo, seja a formação geológica ou misturando referências do mundo avatar. não considero isso como algo ruim, em parte, é a razão de continuar assistindo o show. as consequências das discussões iniciadas na lenda anterior são perpassadas por uma linha mais madura e "consciente". a complexificação dos conflitos entre as nações, depois de tanto tempo de guerra, agora na terceira temporada enfrenta um inimigo anarquista, que deseja instaurar o caos ao liquidar as autoridades.dos reinos e os novos nômades do ar. os desafios na lenda de korra são imediatos, ao contrário de um só inimigo comum na lenda de aang e requer demasiado esforço físico e espiritual. tanto que no final, percebe-se como o veneno reflete o esgotamento do seu corpo. a temporada é arrastada em alguns momentos, mas é boa no geral.
BLACK IS KING: Um Filme de Beyoncé
4.5 198 Assista Agorabeyoncé é a uma das primeiras cantores a ter registros audiovisuais nas três maiores plataformas de streaming: hbo, netflix e agora com black is king, disney+. muito criticada por ter lançado um material sobre a áfrica num serviço inacessível para boa parte do continente, aponta-se como a lógica mesma do mercado atual considerar somente estados unidos e europa como os fomentadores da cultura ocidental. o restante dos países são a fonte de inspiração e exploração por parte de um modelo de mercado brutal, que agora em meio a crise do covid do 19, afunda-se cada dia mais. pois bem, embora os seus últimos trabalhos a cantora de houston tenha já abordado pautas sobre o empoderamento negro, vemos, usando canções do seu último álbum the gift, uma narrativa sobre "uma viagem", em que elementos do filme rei leão se misturam com outros vindos da tradição popular africana e histórias bíblicas (a trajetória de simba é quase a mesma de moisés). seja por meio das coreografias extremamente elaboradas como em "my power" ou "already" ou pelos figurinos exuberantes em cada plano, o filme é impecável visualmente. a mise-en-scène é delicadamente pensada e preenchida. acho que para além da estética e da temática, a promoção de um projeto desse porte é marcado sobretudo pela ambiguidade. que forças estão sendo postas em conflito? financiado pela maior conglomerado empresa de mídia e entretenimento do mundo, é sem dúvida um trabalho que ficará para as gerações futuras. não só pela identificação que o povo negro sente ao vê-la atingir tamanha maturidade artística, como por colocar em cheque o debate sobre de onde vem a hegemonia e como isso se intensifica e complexifica nesse mundo louco de 2020.
Lacombe Lucien
3.8 36vamos tornar um oficial da polícia nazista alemã como alguém digno de receber amor, humaniza-lo, pois quem sabe assim seus crimes contra a humanidade não pareçam ser tão ruins. Lucien é bonito tanto quanto é ambíguo.
Homem Morto
3.8 203 Assista Agorapor um lado, o filme pode ser visto sendo uma paródia aos filmes de western, colocando o cowboy como idiota e o nativo-americano como o salvador e inteligente, por outro, acho que esconde a motivação de criar um mentor espiritual para William Blake que estivesse de acordo com determinadas convenções. tudo é usado como um pretexto para que o homem branco tivesse uma grande viagem filosófica. os diálogos são extremamente pedantes e pretensiosos. a música que inicialmente era boa, por ter sido tocada exaustivamente, acabou enjoando. não rolou pra mim.
Aquarius
4.2 1,9K Assista Agoraprimeiro que a mulher tem CINCO apartamentos, ela por si só é quase uma imobiliária. segundo, achei a construção do discurso do filme um tanto problemática. a personagem da Clara pra mim é um misto de ingenuidade e hipocrisia. todas as suas ações giram em torno de uma urgência, como se o espectador tivesse a obrigação de aplaudir tudo o que ela faz pra salvar o prédio. a enorme quantidade de cenas com zoom deixa isso em evidência, criando um ponto de vista arbitrário sem deixar qualquer espaço pra subjetividade. além do mais, a elite brasileira manda matar quem incomoda! o cupim foi uma resolução muito fácil. no geral, é um bom filme. o neto da construtora estar envolvido com a igreja foi uma sacada inteligente.
O Beijo da Mulher-Aranha
3.9 256 Assista Agoraa relação entre os dois personagens principais serve como pano de fundo para abordar questões sobre a representação queer no brasil dos anos 80 e a ditadura civil militar.
além disso, as histórias dos filmes contados por Molina costuram alguns paralelos de como se dá o amor quando temos nossa liberdade limitada. se por um lado Leni faz parte da resistência francesa e se apaixona por um oficial nazista, Valetin tem um caso de amor com a própria personificação da burguesia que financiou o golpe. as contradições se amplificam nesse jogo de contrastes e os três personagens interpretados de Sônia Braga exemplificam bem isso. o final é primoroso ao entrelaçar Marta e a Spider Woman.
a obra peca, como já disseram, por ser em inglês, embora seja interessante perceber a reação dos atores ao serem submetidos a esse paradoxo.