Engraçado como as expressões artísticas através do corpo humano e da música funcionam como estímulos para traduzir nossos sentimentos (tristeza, medo, frustração, alegria, amor, esperança). Se fosse um longa de 2h com certeza eu assistira.
Uma crítica de classes sendo estruturada de forma vertical e com os alimentos sendo fornecidos pelos de cima? Pra mim se for considerado apenas como crítica social é válido.
Para quem não sabe nada a respeito, é suficiente dizer que o filme é sobre os católicos (missionários jesuítas portugueses e convertidos japoneses, geralmente das classes mais baixas) sendo severamente perseguidos no Japão do século XVII pelas autoridades budistas. Um filme extremamente rico e pungente. Algumas observações interessantes sobre o filme: 1. O cristianismo do filme é inconfundivelmente católico. Não falo como algo a ser lamentado, nem para polemizar, mas o filme transmite de modo genial, por meio de inúmeros detalhes e sutilezas, o modo católico de interpretar a fé e o mundo. Não há sacerdócio universal, por exemplo, e essa ausência é tristemente eloquente e instrutiva. 2. Perseguição religiosa é um negócio pavoroso, sejam quais forem seu grau ou as religiões (ou irreligiões) envolvidas. Thomas Schirrmacher reclama com razão que cada tradição tende a valorizar seus perseguidos às custas da minimização dos alheios. É claro que há um sentido em que isso é perfeitamente legítimo. Mas as perversidades, sutilezas e subterfúgios envolvidos nesse tipo de questão são potencialmente ilimitados. O que aconteceu com os católicos japoneses no século XVII é profundamente lamentável, e nada que possa ser dito muda isso. 3. Ajuda muito a tornar o filme interessante o fato de ele retratar uma realidade histórica que conflita fortemente com os consensos de nossa (in)cultura. Já ouvi um amigo ateu dizendo que o mundo seria uma maravilha se todo mundo fosse adepto do budismo, uma religião pacífica que nunca perseguiu ninguém. (Ele não sabia nada sobre o budismo, passado ou presente.) Já ouvi outro amigo, um pouco mais bem informado, dizendo que os budistas japoneses estavam certos em matar os cristãos, pois eles estavam destruindo sua cultura. (Não sei por que ele considera culturas mais importantes que vidas humanas, nem se é a favor da execução de asiáticos que pregam o budismo no Ocidente, ameaçando destruir nossa cultura.) Os católicos em geral, e os jesuítas em particular, são vilões em todas as narrativas maniqueístas tradicionais (inclusive as protestantes), cabendo-lhes toda a crueldade, a vileza, a cegueira e a hipocrisia. Os budistas são sempre mocinhos, cabendo-lhes sempre a tolerância, a mansidão, a harmonia com a natureza e demais virtudes. Inverter isso de vez em quando faz bem a um melhor entendimento da natureza humana. 4. A pressão psicológica a que são submetidos os fiéis católicos no filme é apavorante, e o filme retrata isso com uma vividez que facilita bastante a empatia. Pode-se reprovar sinceramente os que apostataram em resposta a elas, mas não é justo nem sensato fazer isso moralisticamente ou com ar de superioridade. Para o cristão verdadeiro, o que ama Jesus de fato, trata-se de um filme de terror. Mas o fato positivo, que evita que o filme se torne mera pieguice martirológica, é que não há heróis nele. Refiro-me ao herói romântico, o da certeza inabalável e da vontade irresistível, tão abundante nos filmes. Felizmente, não há nenhum desses seres sobre-humanos em "Silêncio". 5. Em uma sociedade tão secularizada quanto a nossa, provavelmente passará despercebido a muitos o fato de que o filme é sobre a transcendência de Deus e as consequências que ela traz para aqueles que conhecem e amam Jesus e o representam neste mundo. É sobre a maneira dolorosa e não de todo inteligível com que ele nos trata em sua soberania. É sobre os modos pelos quais sofremos com Jesus e ele sofre conosco. É sobre o que ele requer de nós e não obtém, porque somos fracos, obtusos e maus, servos que não estão à altura de seu Senhor. E é sobre o fato de que, a despeito de tudo isso, ele nos acolhe com graça perdoadora, e seu amor triunfa no final.
Esse é a definição perfeita de filme sensorial. Você passa o filme todo recebendo anestesia de emoções e sensações, um paradoxo sinestésico! E que trilha minimalista do filme é essa..;
Quem enxergar a metáfora que vai muito além da função metalinguística explícita, da crítica à mídia, entre outras coisas, vai ver o filme com outros olhos...
A Lenda do Cavaleiro Verde
3.6 475 Assista AgoraFoge do propósito do livro, mas a fotografia é bonita.
Anima
4.2 124 Assista AgoraEngraçado como as expressões artísticas através do corpo humano e da música funcionam como estímulos para traduzir nossos sentimentos (tristeza, medo, frustração, alegria, amor, esperança). Se fosse um longa de 2h com certeza eu assistira.
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraUma crítica de classes sendo estruturada de forma vertical e com os alimentos sendo fornecidos pelos de cima? Pra mim se for considerado apenas como crítica social é válido.
Viveiro
3.2 767 Assista AgoraEsse filme tem um quê (ou um K) de Kafkaesque.
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraEsse filme é um daqueles filmes amorzinhos e que vai morar no coração pelo resto da vida
Silêncio
3.8 576Para quem não sabe nada a respeito, é suficiente dizer que o filme é sobre os católicos (missionários jesuítas portugueses e convertidos japoneses, geralmente das classes mais baixas) sendo severamente perseguidos no Japão do século XVII pelas autoridades budistas. Um filme extremamente rico e pungente. Algumas observações interessantes sobre o filme:
1. O cristianismo do filme é inconfundivelmente católico. Não falo como algo a ser lamentado, nem para polemizar, mas o filme transmite de modo genial, por meio de inúmeros detalhes e sutilezas, o modo católico de interpretar a fé e o mundo. Não há sacerdócio universal, por exemplo, e essa ausência é tristemente eloquente e instrutiva.
2. Perseguição religiosa é um negócio pavoroso, sejam quais forem seu grau ou as religiões (ou irreligiões) envolvidas. Thomas Schirrmacher reclama com razão que cada tradição tende a valorizar seus perseguidos às custas da minimização dos alheios. É claro que há um sentido em que isso é perfeitamente legítimo. Mas as perversidades, sutilezas e subterfúgios envolvidos nesse tipo de questão são potencialmente ilimitados. O que aconteceu com os católicos japoneses no século XVII é profundamente lamentável, e nada que possa ser dito muda isso.
3. Ajuda muito a tornar o filme interessante o fato de ele retratar uma realidade histórica que conflita fortemente com os consensos de nossa (in)cultura. Já ouvi um amigo ateu dizendo que o mundo seria uma maravilha se todo mundo fosse adepto do budismo, uma religião pacífica que nunca perseguiu ninguém. (Ele não sabia nada sobre o budismo, passado ou presente.) Já ouvi outro amigo, um pouco mais bem informado, dizendo que os budistas japoneses estavam certos em matar os cristãos, pois eles estavam destruindo sua cultura. (Não sei por que ele considera culturas mais importantes que vidas humanas, nem se é a favor da execução de asiáticos que pregam o budismo no Ocidente, ameaçando destruir nossa cultura.) Os católicos em geral, e os jesuítas em particular, são vilões em todas as narrativas maniqueístas tradicionais (inclusive as protestantes), cabendo-lhes toda a crueldade, a vileza, a cegueira e a hipocrisia. Os budistas são sempre mocinhos, cabendo-lhes sempre a tolerância, a mansidão, a harmonia com a natureza e demais virtudes. Inverter isso de vez em quando faz bem a um melhor entendimento da natureza humana.
4. A pressão psicológica a que são submetidos os fiéis católicos no filme é apavorante, e o filme retrata isso com uma vividez que facilita bastante a empatia. Pode-se reprovar sinceramente os que apostataram em resposta a elas, mas não é justo nem sensato fazer isso moralisticamente ou com ar de superioridade. Para o cristão verdadeiro, o que ama Jesus de fato, trata-se de um filme de terror. Mas o fato positivo, que evita que o filme se torne mera pieguice martirológica, é que não há heróis nele. Refiro-me ao herói romântico, o da certeza inabalável e da vontade irresistível, tão abundante nos filmes. Felizmente, não há nenhum desses seres sobre-humanos em "Silêncio".
5. Em uma sociedade tão secularizada quanto a nossa, provavelmente passará despercebido a muitos o fato de que o filme é sobre a transcendência de Deus e as consequências que ela traz para aqueles que conhecem e amam Jesus e o representam neste mundo. É sobre a maneira dolorosa e não de todo inteligível com que ele nos trata em sua soberania. É sobre os modos pelos quais sofremos com Jesus e ele sofre conosco. É sobre o que ele requer de nós e não obtém, porque somos fracos, obtusos e maus, servos que não estão à altura de seu Senhor. E é sobre o fato de que, a despeito de tudo isso, ele nos acolhe com graça perdoadora, e seu amor triunfa no final.
Demolição
3.8 448 Assista Agora"Destruction is a form of creation". Entendedores entenderão.
Veludo Azul
3.9 777 Assista Agora"It's a strange world". Jeffrey sobre a cabeça de Lynch.
Sentidos do Amor
4.1 1,2KEsse é a definição perfeita de filme sensorial. Você passa o filme todo recebendo anestesia de emoções e sensações, um paradoxo sinestésico! E que trilha minimalista do filme é essa..;
Apenas Deus Perdoa
3.0 632 Assista AgoraJulian, Crystal e Chang: personificação das três estruturas do aparelho psíquico.
A Juventude
4.0 342É um daqueles filmes que você sente na alma
Porta dos Fundos - Contrato Vitalício
2.0 352 Assista AgoraQuem enxergar a metáfora que vai muito além da função metalinguística explícita, da crítica à mídia, entre outras coisas, vai ver o filme com outros olhos...
Billions (1ª Temporada)
4.2 71 Assista AgoraO embate entre os discursos dos dois no season finale foi uma coisa que poucas vezes eu vi, foi realmente incrível e intenso.
Incêndios
4.5 1,9K Assista AgoraChocante e cru: "Um mais um pode ser um?"