A crítica que o filme faz não é nada de novo (é bem clichê, ao meu ver), mas a montagem e as imagens escolhidas trabalham bem com a ideia de sublime da natureza em contraposição ao progresso e desenvolvimentismo humano -- os quais tomam a natureza como um campo de dominação técnica/científica para a produção de valor --, e o quanto que essa dominação da natureza é insustentável. Porém o que me intrigou é que fazer um contraponto ao dito progresso através da ideia de sublime pode ser uma contradição, visto que o sublime é também uma criação humana a respeito de um espaço natural o qual a sociedade teme por não poder (ainda) controlar.
muito complicada a romantização de pedofilia. as situações de vulnerabilidade emocional e financeira da personagem Eliane, de 15 anos de idade, foram colocadas em segundo plano, enquanto o relacionamento se apresenta como uma forma de "libertação" do meio familiar (também abusivo) e de uma verdadeira "emancipação" daquela personagem.
politicamente, portanto, achei o filme muito problemático e superficial ao colocar esse tipo de situação desta forma; e esteticamente achei que em alguns momentos o filme traz alguns ângulos de câmera interessantes, edição bem feita e coisa e tal, mas fica como mera estetização vazia, sem tensionar a narrativa, sem sair do lugar-comum.
além de todos esses problemas, ainda tem uma propaganda subliminar da rede globo, rs. terrível.
uma análise crítica ao caso de Brandon (o que inclui o filme) acabou de ser traduzida, o artigo é da autoria de uma ativista, Carolyn Gage, e achei excelente para a discussão
adorei o filme. enquanto feminista e estudante/admiradora de artes e literatura, acabei pensando em alguns pontos sobre a narrativa e estética, e no comentário vão ter alguns spoilers
um dos aspectos que mais me chamou a atenção no filme foi o recurso de uma releitura de um texto bíblico (portanto, patriarcal) mesclando elementos da narrativa bíblica com elementos atuais (figurino, vocabulário, cenário, as cores lisérgicas e ângulos de câmera), e --- aí o que achei mais genial do filme --- quando ela faz essa mescla de diferentes épocas, interpreto como uma resolução estética para um conceito de história não-linear e não-positivista. ou seja: o patriarcado não está restrito à época de elaboração do mito; o patriarcado persiste na contemporaneidade, ainda está entre nós. o que é muito original, nunca tinha visto um filme feminista que utilizasse esse recurso estético para colocar ideologicamente a história das mulheres como um dos planos da narrativa.
além da subversão do desenrolar do mito: ao invés de uma Eva vista por um olhar misógino, enquanto culpada e manipuladora, no filme Eva "come a maçã" (isto é, perde a inocência) porque, enquanto mulher em um mundo patriarcal, ela não tem saída. a ignorância é um dos privilégios de quem já é privilegiado; mulheres não têm direito à ignorância sobre sua opressão, e mesmo que queiram estar alheias a sua condição, esta lhes é forçada continuamente.
o filme é cansativo, mas é extremamente original e pegou muito bem a estrutura narrativa de digressões, desmonte e estranhamento propostos por machado de assis.
pois neste filme as assassinas são mulheres de mais idade, e envolvidas com bruxaria, ou melhor, com a visão estereotipada de bruxaria. Estes dois elementos - "demonização" da mulher velha (a sogra, por exemplo) e a condenação de práticas ritualísticas associadas a mulheres (bruxaria) desde a Idade Média mostra uma visão patriarcal de temor às mulheres e ao "poder sobrenatural" que elas, na visão masculina, têm (para quem quiser ler algo sobre, recomendo "O segundo sexo" de Simone de Beauvoir, volume 1).
o livro é milhões de vezes melhor. o filme parece um National Geografic, tem belas imagens mas poderia explorar muito melhor o enredo, porque o filme é muito cansativo e deixa muito a desejar em comparação ao livro, que é genial e tem um tom muito diferente, não é contemplativo mas alucinado.
como em por exemplo partir do pressuposto de que uma mulher gostaria de ser estuprada - Ci, por exemplo. Não lembro se tem essa parte no livro do Mario de Andrade, mas em todo caso, me incomodou bastante.
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Mas é um filme que vale pela visão política, pela adaptação do livro modernista sem desvalorizar a obra, enfim, vale a pena assistir.
Só consegui assistir até o final por causa da atuação do Lázaro Ramos, da trilha sonora e do roteiro (que, aliás, seria realçado se as atuações do elenco adolescente não fossem tão sem graça e robóticas). Sem contar que apesar de o filme querer trazer à tona, indiretamente, a questão do racismo, acabou caindo em um sexismo mal disfarçado. Esperava bem mais do diretor, que já fez tantos curtas excelentes.
A atuação do Selton Mello é ótima como sempre, e a trilha sonora é ótima também. Mas achei um filme moralista nas entrelinhas, como se quisesse dar uma lição de moral em quem é usuário de drogas.
Koyaanisqatsi - Uma Vida Fora de Equilíbrio
4.4 236 Assista AgoraA crítica que o filme faz não é nada de novo (é bem clichê, ao meu ver), mas a montagem e as imagens escolhidas trabalham bem com a ideia de sublime da natureza em contraposição ao progresso e desenvolvimentismo humano -- os quais tomam a natureza como um campo de dominação técnica/científica para a produção de valor --, e o quanto que essa dominação da natureza é insustentável. Porém o que me intrigou é que fazer um contraponto ao dito progresso através da ideia de sublime pode ser uma contradição, visto que o sublime é também uma criação humana a respeito de um espaço natural o qual a sociedade teme por não poder (ainda) controlar.
O Teorema Zero
3.1 224 Assista Agoraa melhor parte desse filme é que eventualmente ele acaba
Com Licença, Eu Vou à Luta
3.3 35muito complicada a romantização de pedofilia. as situações de vulnerabilidade emocional e financeira da personagem Eliane, de 15 anos de idade, foram colocadas em segundo plano, enquanto o relacionamento se apresenta como uma forma de "libertação" do meio familiar (também abusivo) e de uma verdadeira "emancipação" daquela personagem.
politicamente, portanto, achei o filme muito problemático e superficial ao colocar esse tipo de situação desta forma; e esteticamente achei que em alguns momentos o filme traz alguns ângulos de câmera interessantes, edição bem feita e coisa e tal, mas fica como mera estetização vazia, sem tensionar a narrativa, sem sair do lugar-comum.
além de todos esses problemas, ainda tem uma propaganda subliminar da rede globo, rs. terrível.
Coração de Cachorro
4.0 26Um dos filmes mais delicados e inteligentes que já vi. Mais uma obra de alto nível da Laurie Anderson
Meninos Não Choram
4.2 1,4K Assista Agorauma análise crítica ao caso de Brandon (o que inclui o filme) acabou de ser traduzida, o artigo é da autoria de uma ativista, Carolyn Gage, e achei excelente para a discussão
https://vulvarevolucao.wordpress.com/2015/02/03/a-verdade-inconveniente-sobre-teena-brandon/
Seven Women, Seven Sins
3.6 2parece que só tem o Superbia da Ulrike Ottinger para baixar desse filme... alguém tem o filme completo disponível?
Freak Orlando
3.9 8 Assista Agorahttp://cinemacultdownloads.blogspot.com.br/2013/08/freak-orlando-freak-orlando-1981.html
Grandes Esperanças
3.8 263protagonista péssimo, roteiro fraco e ideologicamente suspeito
Lefties: Angry Wimmin
4.4 2https://www.youtube.com/watch?v=nmm_hYhs1RM
Fruto do Paraíso
4.1 33 Assista Agoraadorei o filme. enquanto feminista e estudante/admiradora de artes e literatura, acabei pensando em alguns pontos sobre a narrativa e estética, e no comentário vão ter alguns spoilers
um dos aspectos que mais me chamou a atenção no filme foi o recurso de uma releitura de um texto bíblico (portanto, patriarcal) mesclando elementos da narrativa bíblica com elementos atuais (figurino, vocabulário, cenário, as cores lisérgicas e ângulos de câmera), e --- aí o que achei mais genial do filme --- quando ela faz essa mescla de diferentes épocas, interpreto como uma resolução estética para um conceito de história não-linear e não-positivista. ou seja: o patriarcado não está restrito à época de elaboração do mito; o patriarcado persiste na contemporaneidade, ainda está entre nós. o que é muito original, nunca tinha visto um filme feminista que utilizasse esse recurso estético para colocar ideologicamente a história das mulheres como um dos planos da narrativa.
além da subversão do desenrolar do mito: ao invés de uma Eva vista por um olhar misógino, enquanto culpada e manipuladora, no filme Eva "come a maçã" (isto é, perde a inocência) porque, enquanto mulher em um mundo patriarcal, ela não tem saída. a ignorância é um dos privilégios de quem já é privilegiado; mulheres não têm direito à ignorância sobre sua opressão, e mesmo que queiram estar alheias a sua condição, esta lhes é forçada continuamente.
Brás Cubas
3.3 18o filme é cansativo, mas é extremamente original e pegou muito bem a estrutura narrativa de digressões, desmonte e estranhamento propostos por machado de assis.
Alphaville
3.9 177 Assista Agoraas respostas do protagonista às perguntas do Alpha 60 são incríveis.
o filme merece ser revisto e as falas, anotadas :)
Atividade Paranormal 3
2.9 1,9K Assista Agoraos filmes de terror em geral (ou pelo menos os que eu assisti) têm uma base patriarcal muito interessante
pois neste filme as assassinas são mulheres de mais idade, e envolvidas com bruxaria, ou melhor, com a visão estereotipada de bruxaria. Estes dois elementos - "demonização" da mulher velha (a sogra, por exemplo) e a condenação de práticas ritualísticas associadas a mulheres (bruxaria) desde a Idade Média mostra uma visão patriarcal de temor às mulheres e ao "poder sobrenatural" que elas, na visão masculina, têm (para quem quiser ler algo sobre, recomendo "O segundo sexo" de Simone de Beauvoir, volume 1).
Ensaio Sobre a Cegueira
4.0 2,5Kachei o filme bem fraco, o livro deve ser mil vezes melhor
Ex isto
3.6 44o livro é milhões de vezes melhor. o filme parece um National Geografic, tem belas imagens mas poderia explorar muito melhor o enredo, porque o filme é muito cansativo e deixa muito a desejar em comparação ao livro, que é genial e tem um tom muito diferente, não é contemplativo mas alucinado.
Em Nome de Deus
4.1 254 Assista Agorafilmaço! Quantos crimes cometidos em nome da religião. [2]
E completando: quantos crimes em nome da religião, e em nome do Patriarcado.
Medos Privados em Lugares Públicos
3.4 123este filme está em cartaz em sp ad eternum. não sei o motivo... [2]
Mais Estranho que a Ficção
3.9 603filme pretensioso, cheio de estereótipos, e previsível. chato.
Macunaíma
3.3 274 Assista AgoraAchei muito bem feito (considerando-se a época), com uma visão política bastante aguçada, não fosse o sexismo em algumas cenas:
como em por exemplo partir do pressuposto de que uma mulher gostaria de ser estuprada - Ci, por exemplo. Não lembro se tem essa parte no livro do Mario de Andrade, mas em todo caso, me incomodou bastante.
Mas é um filme que vale pela visão política, pela adaptação do livro modernista sem desvalorizar a obra, enfim, vale a pena assistir.
Meu Tio Matou um Cara
2.9 384 Assista AgoraSó consegui assistir até o final por causa da atuação do Lázaro Ramos, da trilha sonora e do roteiro (que, aliás, seria realçado se as atuações do elenco adolescente não fossem tão sem graça e robóticas). Sem contar que apesar de o filme querer trazer à tona, indiretamente, a questão do racismo, acabou caindo em um sexismo mal disfarçado. Esperava bem mais do diretor, que já fez tantos curtas excelentes.
Meu Nome Não é Johnny
3.5 1,0K Assista AgoraA atuação do Selton Mello é ótima como sempre, e a trilha sonora é ótima também. Mas achei um filme moralista nas entrelinhas, como se quisesse dar uma lição de moral em quem é usuário de drogas.
Liquid Sky
3.7 71filme estranhíssimo, bem original, com lindas imagens e com um quê de feminista. foi uma excelente surpresa.
Lúcia e o Sexo
3.7 216o roteiro é bem feito, mas achei muito esteriótipo da mulher "sexualmente feliz" e da mulher "sexualmente frustrada". não gostei muito.
[lá vêm as pedradas]
Luna Papa
3.8 29pelo o que lembro, o filme é bem maluco mesmo :)
vou rever nesta semana