Filme simples, bonito e triste. É de partir o coração cada vez que o garotinho olha para a câmera com os olhos marejados. E um tapa na cara do discurso 'self-made man' e meritocrático; a vida não é jogada entre quatro linhas e as regras não são tão claras quanto as de uma maratona: correr entre dois pontos o mais rápido que puder e ganhar o pódio. Talvez a gente precise de um pouco menos do que chegar ao primeiro lugar para ser feliz.
Esse filme tem algo de tragédia grega na receita; já no início sentimos que algo ruim vai acontecer no final, mas achei que a espera até esse clímax foi um pouco chata. Senti um clima de tensão com a escalada de loucura do protagonista e me comuniquei com ele ao sentir repugnância daquela sociedade superficial, 'suja' e violenta. Entretanto, achei que faltou ação e interação entre as personagens. Talvez seja realmente o objetivo do filme - ter uma pegada mais psicológica. Também fiquei asistindo com a ideia de como as pessoas daquela época - principalmente os veteranos do Vietnã - se sentiam perdidas. Simplesmente sair da loucura da guerra e mergulhar na outra loucura do cotidiano deve ter mexido com a cabeça de muita gente.
"Father, father We don't need to escalate You see, war is not the answer For only love can conquer hate You know we've got to find a way To bring some lovin' here today"
Uma roupagem mais melancólica pro Batman, evidenciada pela escolha do ator - Pattinson - maquiagens, trilha sonora, fotografia etc. A ambientação sombria casa muito bem com o homem morcego.
Poderia ter sido um filme melhor, caso não fosse tão longo. No final existem cenas apoteóticas, que poderiam ter fechado bem o enredo, mas vão sendo encaixadas cenas e mais cenas na sequência, tornando a experiência meio cansativa.
Bom no que se propõe e entrega aquilo que a gente já espera ao ir ao cinema para assistir Marvel: roteiro sem mistério, pra não ser levado a sério, com algum personagem mastigando o conflito para o espectador e a receita de bolo tradicional: foco nas cenas de ação e pitadas (muitas) de humor. Se desse mais profundidade o drama do filho tentando se libertar do pai autoritário, seria muito legal, porém não seria Marvel.
Esperava menos quando fui assistir, levando em consideração a péssima safra de filmes de terror que temos tido. Me incomoda quando um filme de terror precisa justificar o gênero e torce muito o enredo com coisas sem o menor sentido só parar causar algum susto ou sustentar a tensão. Achei que aqui há um só um pouco disso; não chegou a me incomodar tanto. As atuações também estão dentro do esperado para um filme do gênero, Enfim: feijão com arroz do terror - o que já é bom, visto que nem isso os diretores têm conseguido fazer.
Difícil avaliar um filme clássico e consagrado. Quando assisto a esse tipo de obra, procuro me despir de preconceitos e pensar em seu pioneirismo e relevância para a história do cinema; resumidamente: já sabendo de antemão que a obra pode ter um ou outro elemento datado, procuro compreendê-la dentro de seu contexto. No entanto, por se propor a discutir sobre sentimento, achei o filme cerebral demais. Como leigo, considero o bom cinema aquele que me traz uma catarse por meio da técnica, e este não me tocou de maneira alguma.
História linda, belas paisagens, músicas marcantes e atuação impecável do Depardieu. Como já disseram anteriormente nos comentários, achei que peca um pouco na direção e montagem, pois em alguns momentos o enredo é repetitivo. Trata-se de uma história que metaforicamente representa bem a falsa camaradagem e as dificuldades pelas quais passamos diariamente em nossos ambientes profissionais .
Assistir a este filme durante as manifestações no mundo todo após o assassinato de George Floyd foi significativo para mim e me trouxe algumas reflexões à cabeça. Dentre as várias passagens brilhantes da obra, destaco uma que achei emblemática: em determinado momento, é dito que Django é um homem livre, portanto não deve ser tratado como um negro. Sem entender a orientação de seu senhor, uma escrava - Bettina - imcumbida de apresentar a propriedade a Django (visitante, na ocasião) questiona: "Então, como devo tratá-lo?". E o dono da fazenda retruca: "trate-o como Jerry, aquele pobre coitado que trabalha na cidade, filho da mulher da madeireira". Na minha opinião, esse trecho escancara as diferenças sociais da nossa sociedade em dois níveis: de raça e de posição social. Não existe equidade no tratamento entre seres humanos. Jerry, apesar de ser branco, ainda é o pobre coitado que trabalha na vidraçaria e é de origem modesta; não é comparável ao dono da propriedade que Django está visitando. Django, por sua vez, independente da posição social que consiga galgar e de ser um cidadão livre, deve ser tratado como Jerry - o branco fracassado, o cidadão medíocre - trazendo à tona a indelével marca que a população negra carrega mesmo após sua suposta libertação. Uma das últimas cenas me chamou bastante atenção, também. Quando, prestes a colocar sua vingança em prática, Django toma um cavalo e monta "no pelo", abrindo mão de sela e estribo, monta não como um nobre, mas à maneira dos escravos ou indígenas. Um comportamento significativo de reafirmação das próprias origens na busca por vingança e espaço numa sociedade injusta e desigual.
Sinceramente: achei um filmaço. Suspense de primeira. Já li a obra do H.G. Wells e achei a narrativa bem fraquinha. Me lembro também de assistir a uma versão do Homem Invisível que era exibida na Globo, na Sessão da Tarde, e eu gostava muito daquele filme. Mas esta versão está sensacional. É uma releitura nos dias atuais da história original, que se passava no século XIX. No livro, o protagonista acaba tornando-se invisível por engano durante uma experiência científica. No filme atual, o modo como a invisibilidade é tratada é muito crível, já que esse tema não soa tão fantástico nos dias de hoje, com toda a tecnologia que temos ao nosso dispor. Talvez isso tenha feito o filme dialogar muito mais comigo do que a obra original, que tem um tom de fantasia.
Não gostei. Achei o roteiro previsível demais para sustentar um filme noir e o suspense baixo demais para dar o tom de uma boa película de terror. A atuação do De Niro? Ok. O personagem tem algumas aparições curtíssimas ao longo da trama; desse modo, discordo dos comentários anteriores que dizem que a atuação dele salvou o filme. Para quem se interessou, recomendo muito a leitura dos quadrinhos do John Constantine (série Hellblazer). O protagonista e a ambientação lembram muito o o personagem das HQs. Mais parecido do que o próprio Keanu Reeves no filme Constantine, inclusive. Enfim, se retirassem as cenas de violência, na minha opinião poderia ser exibido na Sessão da Tarde.
Não me convenceu. A interpretação que fiz do filme é a de uma releitura do mito de Prometeu, que foi condenado a sofrer eternamente por roubar o fogo de Zeus e dá-lo aos mortais - no filme, a rebeldia de Winslow contra Thomas para obter o controle do farol. Para quem assistiu ao A Bruxa, fica claro ao longo do enredo que as gaivotas representam uma presença maligna (assim como o bode, no outro), mas que não foi explorada. Outros elementos também parecem copiados da outra obra. Achei que a questão da loucura graças ao isolamento não teve sustentação. É uma receita muito parecida com a que foi usada em A Bruxa: isolamento, acontecimentos suspeitos e uma figura animal sugerindo o mal rondando os personagens. O preto e branco e o roteiro nonsense foram, na minha opinião, uma tentativa de maquiar a estrutura narrativa do outro filme e vendê-lo como cult, afinal, hoje em dia qualquer coisa que foge à compreensão do público é vista como coisa de gente inteligente e de boa qualidade. Duas estrelinhas: uma pela atuação do Pattinson e outra pela do Dafoe.
Um bom filme. A ideia é batida (retratar algum caso de heroísmo durante a guerra) e o roteiro também é mais do mesmo. Lembra muito O Resgaste do soldado Ryan. Gostei das atuações e da câmera.
Ótimo filme. A atmosfera de suspense e terror vai sendo construída ao longo da narrativa, que é bem amarrada. Influência clara de O bebê de Rosemary. Por mais filmes como esse e menos terror barato e recheado de jump scares
Preciso assistir novamente para digerir o filme todo, porque senti que não consegui entender diversas passagens. O que notei é que o enredo é cheio de dualidades, assim como já demonstrado no próprio título. Deus e o diabo estão sempre muito próximos da vida do sertanejo, e desviar de um caminho para o outro é muito fácil. Os personagens estão o tempo todo à procura de um Deus que torne suportável sua existência no sertão nordestino. Manoel encontra esse Deus no pregador Sebastião e depois no destemido Corisco, último sobrevivente do bando de Lampião, ao qual se junta na segunda parte da narrativa. Depois, reparei que o quê dá significado à vida desses deuses do sertão é a miséria e a injustiça que assolam o nordeste. São figuras que buscam à sua maneira bagunçar a vida das pessoas: Sebastião com seu messianismo e Corisco com seu banditismo. Em resumo, o que senti foi isto: personagens tentando achar uma razão para sobreviver ao inferno que era o sertão do nordeste nas décadas de 30 e 40.
Senti pena e torci para o Coringa diversas vezes ao longo do enredo. Nas narrativas clássicas do Batman, temos a sensação de que o Duas-Caras e o Coringa são dois personagens que decidem o futuro meio que ao acaso, mas por trás de toda a loucura que transmitem, ambos são senhores de si mesmos e das situações em que contracenam com o homem morcego - é um jogo calculado. O Coringa do Joaquin Phoenix talvez seja mais vítima (da sua doença) nesta história do que vilão propriamente dito. Brilhante!
Que filme maravilhoso! O enredo é muito bem construído e bem acabado; os personagens são explorados com profundidade; os jogos de câmera são geniais. "A rapaziada do governo não brincava. Não tem onde morar? Manda pra Cidade de Deus. Lá não tinha luz, não tinha asfalto, não tinha ônibus, mas pro governo e os ricos, não importava o nosso problema - como eu disse, a Cidade de Deus fica muito longe do cartão postal do Rio de Janeiro". Acho que o filme diz muito sobre a condição das pessoas que moram nas favelas. Quem é que gosta de morar na favela, perto da violência, sem saneamento? Quem é que gosta de ser bandido? É um caminho sem volta. A favela existe por causa da negligência de uma minoria.
O roteiro não me cativou, infelizmente. Senti que o Benigni tentou repetir a receita de A Vida é Bela, trazendo aquele seu jeito poético de mascarar uma realidade que aflige os outros personagens da trama, com a desvantagem de ter o roteiro muito mais previsível e repetitivo do que a sua obra-prima de 1999. Creio que esta é uma característica do Benigni diretor: aprofundar menos os personagens e aumentar a carga poética na trama em que eles estão colocados. O problema deste filme, na minha opinião, foi não ter compensado o superficialidade dos personagens com aquela magia contínua que estávamos esperando vinda do Roberto.
Gosto de avaliar um filme pela sua proposta. Na minha opinião, uma refilmagem tem o objetivo de dar um ar novo ao que já estava consagrado (dificilmente funciona quando o diretor vai além e tenta fazer uma releitura da história clássica ao invés de apenas uma refilmagem). O novo filme do Dumbo é modesto porque tem os pés no chão, já que é bastante fiel à história clássica. A mensagem sobre a exploração dos animais para a indústria do entretenimento é bastante tocante. Pela proposta do filme, dou 5 estrelas; penso que o objetivo foi atingido.
Neste final de semana, assisti a “Vá e veja”, um filme soviético de 1985 sobre a Segunda Guerra. Apesar de pouco divulgado, foi o melhor filme sobre o tema que já assisti. Filmes de guerra sempre colocam lado a lado gestos nobres e heroicos e a barbárie da batalha (“O resgate do soldado Ryan”, “A vida é bela”, o recente “Dunkirk” e muitos outros), como que buscando alguma redenção para a humanidade. “Vá e veja” é diferente porque não tenta passar beleza alguma, apesar de ser esteticamente lindo: a fotografia e a trilha sonora são maravilhosas, servindo uma como contraponto da outra – as cenas mais bonitas são carregadas de melancolia pelos sons de fundo. É poeticamente terrível e explora bastante o sensorial do espectador, já que muito do que é relacionado à guerra é assimilado pelas sensações e não pela razão, pois qualquer conflito armado coloca em xeque a própria racionalidade humana.
Filme interessantíssimo: bom roteiro, bons atores, bons efeitos especiais e debochado na medida certa, como o próprio personagem sugere. O desenrolar da trama é bem pensado (a história começa in medias res e a partir daí o próprio Deadpool narra seu passado até chegar na cena do presente). O lance antirrealista dele falar com o espectador e anunciar o que vai acontecer em seguida lembra muito o teatro de Bertolt Brecht; acho que diretor e roteirista traduziram muito bem a personalidade do Wade Wilson no formato em que o longa foi produzido. Muito bom!
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Filhos do Paraíso
4.4 344Filme simples, bonito e triste. É de partir o coração cada vez que o garotinho olha para a câmera com os olhos marejados. E um tapa na cara do discurso 'self-made man' e meritocrático; a vida não é jogada entre quatro linhas e as regras não são tão claras quanto as de uma maratona: correr entre dois pontos o mais rápido que puder e ganhar o pódio. Talvez a gente precise de um pouco menos do que chegar ao primeiro lugar para ser feliz.
Taxi Driver
4.2 2,6K Assista AgoraEsse filme tem algo de tragédia grega na receita; já no início sentimos que algo ruim vai acontecer no final, mas achei que a espera até esse clímax foi um pouco chata. Senti um clima de tensão com a escalada de loucura do protagonista e me comuniquei com ele ao sentir repugnância daquela sociedade superficial, 'suja' e violenta. Entretanto, achei que faltou ação e interação entre as personagens. Talvez seja realmente o objetivo do filme - ter uma pegada mais psicológica.
Também fiquei asistindo com a ideia de como as pessoas daquela época - principalmente os veteranos do Vietnã - se sentiam perdidas. Simplesmente sair da loucura da guerra e mergulhar na outra loucura do cotidiano deve ter mexido com a cabeça de muita gente.
"Father, father
We don't need to escalate
You see, war is not the answer
For only love can conquer hate
You know we've got to find a way
To bring some lovin' here today"
What's going on - Marvin Gaye (1971)
Thor: Amor e Trovão
2.9 973 Assista AgoraSó groselha.
A Marvel não sabe mais o que fazer pra vender filme.
Batman
4.0 1,9K Assista AgoraUma roupagem mais melancólica pro Batman, evidenciada pela escolha do ator - Pattinson - maquiagens, trilha sonora, fotografia etc. A ambientação sombria casa muito bem com o homem morcego.
Poderia ter sido um filme melhor, caso não fosse tão longo. No final existem cenas apoteóticas, que poderiam ter fechado bem o enredo, mas vão sendo encaixadas cenas e mais cenas na sequência, tornando a experiência meio cansativa.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraAbandonei a sala do cinema, não consegui acompanhar até o final. Muito maçante!
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
3.8 895 Assista AgoraBom no que se propõe e entrega aquilo que a gente já espera ao ir ao cinema para assistir Marvel: roteiro sem mistério, pra não ser levado a sério, com algum personagem mastigando o conflito para o espectador e a receita de bolo tradicional: foco nas cenas de ação e pitadas (muitas) de humor.
Se desse mais profundidade o drama do filho tentando se libertar do pai autoritário, seria muito legal, porém não seria Marvel.
Maligno
3.3 1,2KEsperava menos quando fui assistir, levando em consideração a péssima safra de filmes de terror que temos tido. Me incomoda quando um filme de terror precisa justificar o gênero e torce muito o enredo com coisas sem o menor sentido só parar causar algum susto ou sustentar a tensão.
Achei que aqui há um só um pouco disso; não chegou a me incomodar tanto. As atuações também estão dentro do esperado para um filme do gênero, Enfim: feijão com arroz do terror - o que já é bom, visto que nem isso os diretores têm conseguido fazer.
Morangos Silvestres
4.4 658Difícil avaliar um filme clássico e consagrado. Quando assisto a esse tipo de obra, procuro me despir de preconceitos e pensar em seu pioneirismo e relevância para a história do cinema; resumidamente: já sabendo de antemão que a obra pode ter um ou outro elemento datado, procuro compreendê-la dentro de seu contexto.
No entanto, por se propor a discutir sobre sentimento, achei o filme cerebral demais. Como leigo, considero o bom cinema aquele que me traz uma catarse por meio da técnica, e este não me tocou de maneira alguma.
Jean de Florette
4.4 51História linda, belas paisagens, músicas marcantes e atuação impecável do Depardieu. Como já disseram anteriormente nos comentários, achei que peca um pouco na direção e montagem, pois em alguns momentos o enredo é repetitivo.
Trata-se de uma história que metaforicamente representa bem a falsa camaradagem e as dificuldades pelas quais passamos diariamente em nossos ambientes profissionais .
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraAssistir a este filme durante as manifestações no mundo todo após o assassinato de George Floyd foi significativo para mim e me trouxe algumas reflexões à cabeça.
Dentre as várias passagens brilhantes da obra, destaco uma que achei emblemática: em determinado momento, é dito que Django é um homem livre, portanto não deve ser tratado como um negro. Sem entender a orientação de seu senhor, uma escrava - Bettina - imcumbida de apresentar a propriedade a Django (visitante, na ocasião) questiona: "Então, como devo tratá-lo?". E o dono da fazenda retruca: "trate-o como Jerry, aquele pobre coitado que trabalha na cidade, filho da mulher da madeireira". Na minha opinião, esse trecho escancara as diferenças sociais da nossa sociedade em dois níveis: de raça e de posição social.
Não existe equidade no tratamento entre seres humanos. Jerry, apesar de ser branco, ainda é o pobre coitado que trabalha na vidraçaria e é de origem modesta; não é comparável ao dono da propriedade que Django está visitando.
Django, por sua vez, independente da posição social que consiga galgar e de ser um cidadão livre, deve ser tratado como Jerry - o branco fracassado, o cidadão medíocre - trazendo à tona a indelével marca que a população negra carrega mesmo após sua suposta libertação.
Uma das últimas cenas me chamou bastante atenção, também. Quando, prestes a colocar sua vingança em prática, Django toma um cavalo e monta "no pelo", abrindo mão de sela e estribo, monta não como um nobre, mas à maneira dos escravos ou indígenas. Um comportamento significativo de reafirmação das próprias origens na busca por vingança e espaço numa sociedade injusta e desigual.
O Homem Invisível
3.8 2,0K Assista AgoraSinceramente: achei um filmaço. Suspense de primeira. Já li a obra do H.G. Wells e achei a narrativa bem fraquinha. Me lembro também de assistir a uma versão do Homem Invisível que era exibida na Globo, na Sessão da Tarde, e eu gostava muito daquele filme. Mas esta versão está sensacional. É uma releitura nos dias atuais da história original, que se passava no século XIX.
No livro, o protagonista acaba tornando-se invisível por engano durante uma experiência científica. No filme atual, o modo como a invisibilidade é tratada é muito crível, já que esse tema não soa tão fantástico nos dias de hoje, com toda a tecnologia que temos ao nosso dispor. Talvez isso tenha feito o filme dialogar muito mais comigo do que a obra original, que tem um tom de fantasia.
Coração Satânico
3.9 494Não gostei. Achei o roteiro previsível demais para sustentar um filme noir e o suspense baixo demais para dar o tom de uma boa película de terror. A atuação do De Niro? Ok. O personagem tem algumas aparições curtíssimas ao longo da trama; desse modo, discordo dos comentários anteriores que dizem que a atuação dele salvou o filme.
Para quem se interessou, recomendo muito a leitura dos quadrinhos do John Constantine (série Hellblazer). O protagonista e a ambientação lembram muito o o personagem das HQs. Mais parecido do que o próprio Keanu Reeves no filme Constantine, inclusive.
Enfim, se retirassem as cenas de violência, na minha opinião poderia ser exibido na Sessão da Tarde.
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraNão me convenceu. A interpretação que fiz do filme é a de uma releitura do mito de Prometeu, que foi condenado a sofrer eternamente por roubar o fogo de Zeus e dá-lo aos mortais - no filme, a rebeldia de Winslow contra Thomas para obter o controle do farol.
Para quem assistiu ao A Bruxa, fica claro ao longo do enredo que as gaivotas representam uma presença maligna (assim como o bode, no outro), mas que não foi explorada. Outros elementos também parecem copiados da outra obra.
Achei que a questão da loucura graças ao isolamento não teve sustentação. É uma receita muito parecida com a que foi usada em A Bruxa: isolamento, acontecimentos suspeitos e uma figura animal sugerindo o mal rondando os personagens. O preto e branco e o roteiro nonsense foram, na minha opinião, uma tentativa de maquiar a estrutura narrativa do outro filme e vendê-lo como cult, afinal, hoje em dia qualquer coisa que foge à compreensão do público é vista como coisa de gente inteligente e de boa qualidade.
Duas estrelinhas: uma pela atuação do Pattinson e outra pela do Dafoe.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraUm bom filme. A ideia é batida (retratar algum caso de heroísmo durante a guerra) e o roteiro também é mais do mesmo. Lembra muito O Resgaste do soldado Ryan. Gostei das atuações e da câmera.
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraÓtimo filme. A atmosfera de suspense e terror vai sendo construída ao longo da narrativa, que é bem amarrada. Influência clara de O bebê de Rosemary. Por mais filmes como esse e menos terror barato e recheado de jump scares
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 429 Assista AgoraPreciso assistir novamente para digerir o filme todo, porque senti que não consegui entender diversas passagens. O que notei é que o enredo é cheio de dualidades, assim como já demonstrado no próprio título. Deus e o diabo estão sempre muito próximos da vida do sertanejo, e desviar de um caminho para o outro é muito fácil.
Os personagens estão o tempo todo à procura de um Deus que torne suportável sua existência no sertão nordestino. Manoel encontra esse Deus no pregador Sebastião e depois no destemido Corisco, último sobrevivente do bando de Lampião, ao qual se junta na segunda parte da narrativa.
Depois, reparei que o quê dá significado à vida desses deuses do sertão é a miséria e a injustiça que assolam o nordeste. São figuras que buscam à sua maneira bagunçar a vida das pessoas: Sebastião com seu messianismo e Corisco com seu banditismo.
Em resumo, o que senti foi isto: personagens tentando achar uma razão para sobreviver ao inferno que era o sertão do nordeste nas décadas de 30 e 40.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraSenti pena e torci para o Coringa diversas vezes ao longo do enredo. Nas narrativas clássicas do Batman, temos a sensação de que o Duas-Caras e o Coringa são dois personagens que decidem o futuro meio que ao acaso, mas por trás de toda a loucura que transmitem, ambos são senhores de si mesmos e das situações em que contracenam com o homem morcego - é um jogo calculado. O Coringa do Joaquin Phoenix talvez seja mais vítima (da sua doença) nesta história do que vilão propriamente dito. Brilhante!
Cidade de Deus
4.2 1,8K Assista AgoraQue filme maravilhoso! O enredo é muito bem construído e bem acabado; os personagens são explorados com profundidade; os jogos de câmera são geniais. "A rapaziada do governo não brincava. Não tem onde morar? Manda pra Cidade de Deus. Lá não tinha luz, não tinha asfalto, não tinha ônibus, mas pro governo e os ricos, não importava o nosso problema - como eu disse, a Cidade de Deus fica muito longe do cartão postal do Rio de Janeiro". Acho que o filme diz muito sobre a condição das pessoas que moram nas favelas. Quem é que gosta de morar na favela, perto da violência, sem saneamento? Quem é que gosta de ser bandido? É um caminho sem volta. A favela existe por causa da negligência de uma minoria.
O Tigre e a Neve
4.1 140O roteiro não me cativou, infelizmente. Senti que o Benigni tentou repetir a receita de A Vida é Bela, trazendo aquele seu jeito poético de mascarar uma realidade que aflige os outros personagens da trama, com a desvantagem de ter o roteiro muito mais previsível e repetitivo do que a sua obra-prima de 1999. Creio que esta é uma característica do Benigni diretor: aprofundar menos os personagens e aumentar a carga poética na trama em que eles estão colocados. O problema deste filme, na minha opinião, foi não ter compensado o superficialidade dos personagens com aquela magia contínua que estávamos esperando vinda do Roberto.
Dumbo
3.4 611 Assista AgoraGosto de avaliar um filme pela sua proposta. Na minha opinião, uma refilmagem tem o objetivo de dar um ar novo ao que já estava consagrado (dificilmente funciona quando o diretor vai além e tenta fazer uma releitura da história clássica ao invés de apenas uma refilmagem). O novo filme do Dumbo é modesto porque tem os pés no chão, já que é bastante fiel à história clássica. A mensagem sobre a exploração dos animais para a indústria do entretenimento é bastante tocante. Pela proposta do filme, dou 5 estrelas; penso que o objetivo foi atingido.
Vá e Veja
4.5 756 Assista AgoraNeste final de semana, assisti a “Vá e veja”, um filme soviético de 1985 sobre a Segunda Guerra. Apesar de pouco divulgado, foi o melhor filme sobre o tema que já assisti. Filmes de guerra sempre colocam lado a lado gestos nobres e heroicos e a barbárie da batalha (“O resgate do soldado Ryan”, “A vida é bela”, o recente “Dunkirk” e muitos outros), como que buscando alguma redenção para a humanidade.
“Vá e veja” é diferente porque não tenta passar beleza alguma, apesar de ser esteticamente lindo: a fotografia e a trilha sonora são maravilhosas, servindo uma como contraponto da outra – as cenas mais bonitas são carregadas de melancolia pelos sons de fundo.
É poeticamente terrível e explora bastante o sensorial do espectador, já que muito do que é relacionado à guerra é assimilado pelas sensações e não pela razão, pois qualquer conflito armado coloca em xeque a própria racionalidade humana.
Deadpool
4.0 3,0K Assista AgoraFilme interessantíssimo: bom roteiro, bons atores, bons efeitos especiais e debochado na medida certa, como o próprio personagem sugere. O desenrolar da trama é bem pensado (a história começa in medias res e a partir daí o próprio Deadpool narra seu passado até chegar na cena do presente). O lance antirrealista dele falar com o espectador e anunciar o que vai acontecer em seguida lembra muito o teatro de Bertolt Brecht; acho que diretor e roteirista traduziram muito bem a personalidade do Wade Wilson no formato em que o longa foi produzido. Muito bom!